domingo, janeiro 21, 2024

Porongos Papagaia A Enfermeira E O Comandante

 

 

 

 

 

   Porongos

 

Papagaia

                 

 

 

        A Enfermeira

                 E O

          Comandante

 

      

      "Versos Em Quadras De Rimas

            Em Redondilha Maior"

                                                                                   

                                               R: 202545

 

 

    Papagaia

 

  O Poema

 

 

          “A Enfermeira

                    e o 

            Comandante”

 

 

      "Quadras De Rimas Livres

            Em Redondilha Maior"

                                                           

 

                              

                                               R:202545

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pronto

Falta Apenas:

Correções ortográficas e estéticas e nada mais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

    Papagaia
 

  

 

 

 

 

          “A Enfermeira

                    e o 

            Comandante”

    

Ode À Maria Francisca

 

 

       "Quadras De Rimas Livres

             Em Redondilha Maior"

  

 

 

 

 

                                                    

 

                                                                                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                 

 

 

 

 

        Papagaia

 

 Ode Em Poesias

 

 

                “A Enfermeira

                        e o 

                  Comandante”

 

 

 

 

 

 

 

 Textos:  Cilo Meirelles

 

 Ilustração: - Sem Ilustração

 

 

 

 

 

                                 

                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                  

 

 

 

 

       Prefácio

 

        Maria Francisca (Papagaia) é uma personagem controversa da Revolução Farroupilha, acusada por alguns historiadores, de culpada pelo "relaxamento" de Canabarro, na noite de 14 de novembro 1844, quando ocorreu a "Surpresa" em Porongos, desencadeada por Moringue (Chico Pedro).

        Há relatos que a descrevem como uma mulher infiel, que tem um caso com Canabarro, que culmina, exatamente na noite da "Tocaia", em Porongos.

        Para escritores apaixonados pelo tema,   e atentos à trama que se desenrola com as negociações de paz, a questão do massacre desencadeado pelos Imperiais permeia entre a "índole  sanguinária" de Moringue, a "traição de carater escravagista" de Canabarro, e a "sagacidade" do Barão De Caxias (depois Duque).

     Entre os historiadores mais rigorosos em busca da verdade, comprometidos em  revelar o que realmente ocorreu, a história é sempre descrita em textos técnicos e com rigor profissional.  E, a Revolução, ou Guerra Farroupilha - dependendo do autor, por exemplo, o professor  e historiador Tau Golin a descreve  como uma disputa entre as elites,

 

 

 

campeira Gaúcha - sem o apoio popular - e a e a Elite  imperial, e segundos dados históricos (em conversa pessoal), descreve fortes indícios que levam à evidências da traição de Canabarro!!!. Este, aparece conivente com o Barão De Caxias, preparando o terreno para a cilada de Moringue sobre Porongos na noite de 14 de novembro de 1844.

         Uma boa parte  dos Acadêmicos, apontam que, não há certezas, porque, por outro lado, jogam com a possibilidade de Canabarro ter sido ludibriado pelo então Barão De Caxias e suas promessa de um  tratado de paz de igual para igual: um desejo obstinado de Canabarro para Glorificar-se no final. Desejo do qual, o experimentado chacal de guerra Barão De Caxias tirou proveito. Maria Francisca, aqui, quando não é totalmente esquecida, é lembrada em pequenas passagens, e isenta de culpas.

         Alguns autores nos revelam que, Maria Francisca é uma enfermeira Farroupilha, que se incorpora às fileiras Farrapas e auxilia seu marido o médico João Duarte a dar assistência e a socorrer os feridos das batalhas, mas param por aí. 

         É difícil se colher dados mais descritivos sobre ela, porque os documentos que ficaram  nos servem estes dados em doses homeopáticas e, quase sempre repetitivos. Mas sabe-se que era uma jovem ativa, bonita e muito atraente.

          Outros nos contam que, em uma saída do médico João Duarte para buscar materiais

 

 

 

e remédios para a farmácia do Exército Farrapo, que demoraria dias de viagem, Maria Francisca acaba se envolvendo com Canabarro e começa um caso com o Comandante, que culmina na noite da tragédia.

          O que a história não relata, entre tantas coisas que deixa de nos servir sobre a personagem,  é a importância de Maria Francisca como enfermeira de guerra e assistente do médico João Duarte. Eram prestadores de primeiros socorros, e assistência médica para os feridos dos combates Farroupilha contra o Império. Entretanto, quando não ridicularizados, são apenas descritos como um médico e uma enfermeira. Não há como saber quando começaram a participar da revolução, e por quanto tempo estiveram com os Farrapos. Não Se Sabe Se Convocados, se voluntários, se contratados, ou se militantes da causa farrapa... Se estas informações existem,  não estão ao alcance dos  leitores, ou não tive a sorte de chegar até a elas.

          Há casos que escritores, por exemplo, Moacir Flores em rápida passagem, descreve uma vivandeira, ou mucama amante de Canabarro, que o a companha na guerra. Outros a descrevem como uma mulher se ocupando de prestar os serviços de uma prostituta, a qual, laça para si o Comandante. E outros, na tentativa de inocentar o Comandante, até mesmo a fantasiam, nas entre linhas, como uma Dalila Bíblica “entretendo” Canabarro para enfraquecê-lo em sua vigilância, para que, o Exército Farrapo possa ser pego de surpresa  e vencido pelos Imperiais. Aí fica subtendido

 

 

que, Canabarro é um pobre mártir qual o Sansão bíblico. Há Também quem lamente o infortúnio de Comandante em ter caído enfeitiçado de amores por ela (descrevendo como uma casualidade entre os dois), pois se assim não tivesse  acontecido, não teria afrouxado a guarda e Moringue não teria pego a tropa de surpresa e a dizimado.


             Em um artigo intitulado Estancieiras e Vivandeiras: O Outro Lado Da Mulher Na Revolução Farroupilha - Talita da Silva Gonçalves - apresenta as Vivandeiras como jovens em busca de aventuras, com o trabalho de cozinhar, costurar, medicar, comercializar produtos de subsistência e divertir os guerreiros. Geralmente eram mulheres que não tinham para onde ir e se agarravam na esperança de vitória na guerra. Muitas delas, eram mãe, irmãs, ou filhas dos guerreiros. Outras eram amantes, ou esposas e, muitas eram livres. Enfrentavam vida dura, passavam frio, fome e lutavam com bravura pela subsistência, lançando mãos no que encontrassem a disposição, até mesmo saques de guerra.

          No entanto, embora Maria Francisca viajasse em carretas, ou carroções, ou mesmo carruagem o produto que ela e seu marido ofereciam, segundo alguns relatos,  não eram viveres comuns para o dia a dia como alimentos e vestuários, eram medicamentos e procedimentos de pronto socorros. 

O que se sabe de Maria  Francisca e seu marido é muito pouco, mas entende-se que, ela como esposa do médico Farroupilha, tinha lugar privilegiado entre as mulheres da

 

 

             campanha Farrapa. O médico seu marido, às vezes aparece como Catarinense, mas na verdade era um Carioca, que possuía um papagaio de estimação, que emprestou o apelido à Maria Francisca; "Papagaia".

      Ela, Maria Francisca, uma jovem de Santo Antônio Da Patrulha, que já conhecia o Comandante Canabarro desde a sua adolescência, quando mudou-se para Taquarí. Ele então já militar de seus 30 anos, que lutara nas guerras das Cisplatinas. Segundo alguns textos,  nestes tempos, houve um eventual flerte entre os dois.

          Entre estes dados, existe um apontamento da Historiadora Elma Santana que, em um breve texto a apresenta com outras mulheres Farrapas - as qualidades de Maria Francisca e sua importância na guerra,  são indagadas, enquanto pela historiadora é lamentada a falta de dados mais descritivos sobre a vida da personagem histórica. E, denotando admiração pela personagem, além de se perguntar sobre sua vida, suas angustias, lhe descreve como uma jovem  morena, linda, atraente e muito sensual.

       Há Relatos que a descrevem como uma linda e encantadora jovem ao gosto da época. O que se pode dizer, é que, nenhum depoente da época, ou historiador - mesmo a depreciando moralmente e acusando-a de traidora – e é preciso que se diga, a traidora aqui transcende a condição de esposa, e ganha conotação de traidora da causa farroupilha - quando a descrevem, nem de longe ousam negar sua beleza.






    

      Introdução


          O Poema, que aqui se desenrola, é literatura com reflexo na história e, em personagens históricos e, além de primar pela simplicidade, insiste que, toda a palavra se inicie com Letra Maiúscula e, se reserva sempre que puder,  no direito de descrever os personagens com seus próprios nomes, condição, ou profissão que exerceram.  Descreve de inicio, a enfermeira em menina, quando conheceu o guerreiro Canabarro e, segue no ambiente de guerra nos dias que, antecede - durante - e após o "desastre" em Porongos.  Pode-se dizer que seria uma combinação de história, interpretação, projeção e ficção.

           Por falta de maiores descrições históricas sobre a personagem - orienta-se por parcos dados recolhidos de historiadores e depoentes da época e aos poucos vai bordando e  colorindo fantasias e com isto dando conotação humana: todas as suas forças e fraquezas e, mesquinharias, grandezas, covardias, heroísmos, romances traições e martírios que historia  nos confere em suas passagens de vernis, quando se trata de descrever a psicologia popular humana nestes caos ambientais. Por isso é que ambienta a personagem e todos os demais personagens que a cercam, em projeções subjetivas e a descreve com seus contemporâneos em seu

 

 

 

mais provável comportamento, como mulher bela ativa e enfermeira de  guerra que foi, e pela escolha que fez. 

 

          Reproduz os dias que se passam em Porongos, o trabalho, o cotidiano, os rituais e o drama e de uma linda e Jovem Mulher. Seus amigos, as relações entre eles. As campanhas Farroupilhas onde ela encontra-se entre a solidão (marido distante em viagem), os apelos biológicos da fêmea que ela está sujeita e é, e claro, um galanteador incansável encantado por ela. O sofrimento, a luta, a resistência moral arreigada em si mesma, exigida pela influência cultural do início de uma época Vitoriana, carregada de puritanismo e preconceitos machistas e religiosos e, as contradições com os prováveis conceitos iluministas e libertários que assolavam  à época (que certamente se não lia, ouvia, pensava, comentava  e julgava). Questões que assolavam o ocidente  no século XVIII e XIX e, que certamente, ainda que oralmente, chegavam  a ela e a seu marido, o médico João Duarte.

            Na Verdade O Poema é uma alegoria, um romance literário em torno de relações de pessoas históricas que, a história por não ter dados mais aprofundados para nos oferecer, apenas nos oferece quadros reduzidos e isolados  e não consegue nos trazer o personagem em todas as suas nuances .

          Então, temos que conhecer o ambiente através da literatura e desenvolver um enredo dentro daquilo mais provável que possa ter

 

 

acontecido  e, projetar um personagem lá no fundo do tempo e da história para que possamos vê-lo interagindo com os demais personagens históricos que os cercavam, e claro, por se tratar de interpretação sobre uma personagem da qual restaram poucos dados, podemos dar asas a imaginação e desenvolver uma personagem dentro de um  mundo que, por certo foi riquíssimo em detalhes. 

           É preciso deixar claro que, por falta de maiores dados, é preciso ter um certo conhecimento de como as pessoas viviam e como atuavam nos exércitos no começo do século XIX e,  para  as projeções tornarem-se coerentes, são rigorosamente engastadas ao desenvolvimento de uma pintura poética da  personagem e seu mundo a partir destes parcos dados históricos.  

              Aqui trata-se de romance literário em torno de relações de pessoas históricas que, a história que, por princípio tem seu foco por atacado nas questões políticas, econômicas e sociais e, os condutores protagonistas dessas questões, preterindo as questões no varejo: os figurantes e vítimas delas, quanto a subjetividade e particularidade humana, isso pela imensa dificuldade que o historiador teria. Então temos   falta de dados mais aprofundados, e apenas nos oferece quadros reduzidos e incompletos. Então temos que desenvolver um enredo dentro daquilo mais provável que possa ter acontecido, e cá do futuro refletindo alegrias, tristezas, sofrimentos, derrotas, vitórias projetar os personagens  no passado para que possamos vê-los interagindo com aquele mundo de então. 

 

 

 

 

 

 Sumário

 

 

Taquari – 1829 - Nos Campos ----------------010

 

         Porongos – 1844 

(15 Anos Depois) - Nos Campos II-----------018

 

O Comandante - Capítulo I--------------------027

 

    A Mulher - Capítulo II -------------------------032

 

A Musa E Dandara - Capítulo III -----------036

 

Nobreza  - Capitulo IV--------------------------045

 

Vivandeiras - Capítulo V-----------------------049

 

As Chinas - Capítulo VI  ----------------------058

 

As Negras - Capítulo VII-----------------------065

 

Os Chacais - Capítulo VIII--------------------072

 

Papagaia - Capítulo IX ------------------------085

 

Dona - Capítulo X-------------------------------090

 

O Enlace - Capitulo XI-------------------------096

 

A Emboscada  - Capitulo XII-----------------103

 

Boatos - Capitulo XIII -------------------------109

 

A Batalha - Capitulo XIV----------------------114

 

 

 

                                                                                                             

 

 

 

 

 

 

 

 

A Batalha II - Capitulo XV --------------------138

 

Confissões - Capítulo XVI ---------------------149

 

  Desterro - Capítulo XVII ----------------------157

 

Dandara   e  Mãe Andira

(A Paixão) - Capítulo XVIII --------------------163

 

O Regresso - Capítulo XIX  -------------------173 

 

O Banho - Capítulo XX ------------------------184

 

Dandara E Gabão - Capítulo XXI ----------192

 

A Noite Das Lobas

"Capítulo em homenagens a os índios Guaranis, e aos descentes de Charruas, Haraxanes, Tápes e Minuanos que     lutaram na guerra".

 

Capítulo XXII -----------------------------------200

 

A Ordem - Capítulo XXIII--------------------215

 

Dispersão - Capítulo XXIV -------------------219

 

   Bomani

   Em Busca Da Serra Das Encantadas

Capítulo – XXV-----------------------------------228

 

Zangas – Capítulo XXVI ----------------------250

  

    O Resgate   XXVII ----------------------------264

 

 A Estrada - Capítulo ------------------270

 

 

 

 

 

                                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                          

 

 

 

 

    Taquari 1829     

 

 

Nos Campos

 

 

1 - Numa Manhã De Outubro:

Ao  Florescer Da Natureza,

Sob Um Céu Azul Turquesa:

Brilha Um Sol Imenso E Rubro.

02 - A Primavera Acalanta,

Cheira A Mel De Manduris,

No Vale Do Taquari

A Barra Do Dia Encanta .

 

03- Toda A Luminosidade,

Um Dia Ribeiro E Manso,

Nas Encostas, Nos Remansos,

A Luz Brilhando À Vontade.

 

04- Nas Correntezas Serenas,

Peixes Transparecem N’Águas,

Cristalinas Sob As Tábuas,

Das Lavadeiras Morenas.

 

05- Nas Barrancas As Verbenas,

Figueiras, Barbas De Paus,

Revoos  De Bacuraus,

Rebentos De Açucenas.

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

06- E A Visão Linda E Precisa:

Beija-Flor Pólen Transplanta

Polinizando As Plantas

Que Balançam Com A Brisa

 

07- E Uma Menina N’Aragem

Qual  Luz Do Sol Nas Searas:

De Que Lonjuras Chegaras

De Qual Sonho, Qual Paisagem?

 

08- Qual Beleza Lhe Provera

De Onde Vieram Tais Encantos?

Que Ela Brilha Pelos Campos

Aos  Ventos Da Primavera!

 

09- O Vale Se Estende Em Flores:

Azuis, Rosas, Amarelas,

Vermelhas, Violetas, Belas...

Pintando Cenas Pra Amores.

 

10- A Passarada Em Alento

Trina O Canto Redobrando.

A Estação Inspirando

Casais, Ninhos E Rebentos.

 

11- Pintassilgos E Saíras,

Canários E Sabiás.

Os Cardeais, As Batuíras* 

Na Alvorada A Cantar:

 

12- Uma Aura De Magias

A Protege Em Seu Elã,

Em  Passeios Nas Manhãs

Pintando A Barra Dos Dias!

 

13- Densa Nos Amanheceres

É Parte Da Natureza,

Que Lhe Oferece  Belezas,

Pra Ela  Ouvir, Sentir E Ver:        

 

                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14- Grilos, Besouros, Abelhas...

Borboletas  Revoando,

Rãs E Cigarras  Cantando,

Flores Se Abrindo Às Mancheias.

 

15- Leve, Solta E Casual, 

Sua Alma E Sua Essência 

Somando-se Às Florescências  

No Serenar Matinal.

 

16- Impulsos Do Sentimento:

A Natureza É A Guisa,

Buscando Aromas Nas Brisas,

E As Caricias Dos Ventos.

  

17- Mesmo As Rosetas Verdinhas

Acolchoando Todo O Pasto

Pra Ela Dar  Cada Passo

Pisando Em Gramas Fofinhas

 

* Rosetas  Não Maduras: Sem  Espinhos.

 

18-  Raios Do Sol A Guiando,

Altiva, Que Os Pés Pequenos,

Sequer  Marcam O Sereno,

Vão Descalços Levitando.

 

19- Volta Pra Casa A Pequena,

Quando Um Oficial À Esperá-la,

Que Não Se Cansa De Olhá-la,

Seu Silêncio Chora Em Penas:

 

20- Devaneios,  Alma  Às Tontas:

É Um Herói “Das Cisplatinas,”*

Que Afeiçoou-se  Da Menina

E Ela Sequer Se Deu Conta.

 

 *Guerras  na Bacia do Prata, envolvendo Brasil, Argentina e Uruguai, no começo do século XIX.

 

                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

21- Tenta Se Fazer Notar,

Mas Passa Despercebido.

Pra Cada Dia Vencido,

Espera Outro A Sonhar.

 

22- Foi Então Que Aconteceu,

E Pode Dar-lhe Uma Flor,

E Falar Do Seu Amor,

Mas Ela Não O Entendeu. 

 

23- Volta Pra Casa A Pensar:

Por Que Uma Flor Apanhada...

Se É Tão Linda Na Ramada...

E Segue A Se Perguntar:

 

24- Como Pode Alguém Amar

Quando Em Nome Desse Amor

Decepa Logo Uma Flor

Pra Tal Amor Confessar?

 

25- Os Dias Seguem Assim

Uma Flor, Sempre Uma Flor:

Que Ela Pede: - Por Favor,

Não Colhas Flores Por Mim!

 

26- Mas Com Dó Ela As Pegava,

E As Levava Consigo,

Em Socorro Dando Abrigo,

Em Um Cântaro As Regava.

 

27- Ele Por Não Compreender,

Numa Cegueira De Amor,

Em Buquê As Arranjou, 

Mas Provou  Maior Sofrer.

 

28- Do Que Ouviu Daquela Voz,

Doçura Em Sua Inocência,

Pureza Na Adolescência,

Foi Uma Verdade Atroz:

 

 

                                                                                                                                                                                                                                              

 

 

 

 

 

 

 

 

28- Não Ceifes Flores Por Mim,

Não As Ceifes Por Ninguém,

Se É Que As Queres Bem,

Não As Sacrifiques Assim...

 

 30- Não As Laces Em Buquês,

Deixa As Flores Em Seus Ramos,

Colorindo, Perfumando,

Pelo Encanto De Viver!

 

31- Cabisbaixo, Taciturno,

Ele Põe  As Mãos Pra Trás,

Chuta Pedras Ao  Andar,

Cai Em Seu Mundo Soturno.

 

32- Ela Então Sente A Fragrância,

Flores Enfermas Sofrendo

Em Buquê As Socorrendo,

Revela-se Em Sua Infância:

 

33 - Em Casa Buscando Alentos 

Põe-nas Salvas Em Misturas:              

Mel, Limão, Água E Ternura,

Pra Viverem Por Mais Tempo:

 

34- *Uma Colher Do primeiro*

Dez Gotinhas Do Segundo

Uma Jarra Do Terceiro*

E O Quarto, O Que  Houver No Mundo.

 

35- O Militar A Esperou...,

Mas Ela Não Mais Viera.

Ao Nascer Da Primavera,

O Seu Passeio Acabou,

 

36- Passam-se  Os Dias, Os Ventos,

A Rua Ficou Mais Triste,

Mas A Donzela Persiste

A Não Voltar Dar Alentos.

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

.37- Um Dia Chega Ao Lugar.

Um Médico Aventureiro:

Jovem Do Rio De Janeiro,

Parou, Gostou, Quis Ficar.

 

38- Cedinho, Lendo O Jornal,

Corre Os Olhos Na Janela,

E Vê Na Rua A Donzela,

                   Encantadora E Casual

 

39- Que Pros Campos Regressava,

Estonteante Na Manhã.

Nos Portões Olhares Fãs

E Que Ela Sequer  Notava.  

 

40- Moçoila Altiva E Radiante:

Uma Flor Inda Em Botão,

Que Flechou O Coração

Daquele Jovem Viajante.

 

41- Não Perdeu Um Só Segundo,

Abordou A Mesmo Ali,

Falou Lhe Olhando A Sorrir:

-Que Flor Mais Linda Do Mundo!

 

42-   “-De Que Reino Tu Chegaste,

De Que Paraíso Fugiste,

Que Meu Coração Vive Triste

E Com Magia  Alegrastes!!!

 

43-  Ela Então Se Surpreendeu:

Em Seus Olhos Marejando:

Diamante Em Gotas Brilhando,

E Ele Logo A Socorreu:

 

44-  “-Pra Onde Tu Queres Ir...!!!

Me Ensina O Lugar Que Vou...!!!

Sem Pensar Ela O Levou

Logo Se Pondo A Sorrir

 

     

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

45- Se Perderam Nas Lonjuras,

Ao Encontro De Si Mesmos,

Na Paisagem Vão A Esmo,

Voando Em Sonhos, Ternuras...

 

46- Os Topes Se Desprenderam,

Paixão Repentina E Louca,

Bate O Coração Na Boca,

Os Olhares Se Entenderam.

 

47- E Passearam Pelos Campos.

Cada Flor Que Ela Mostrava,

À Mesma Ele A Comparava,

E Se Entregaram Aos Encantos.

 

48- As Amoras Perfumando,

Pousam Aves Cantadeiras,

Fragrâncias Das Cerejeiras,

Os Sabiás Redobrando.

 

49- Flertaram, Se Enamoraram,

Mais E Mais Se Conheceram,

Em Paixões Se Acasalaram.

E Unidos Permaneceram.

 

 

        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                        

 

 

                                                                                                                  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                                  

 

 

 

 

 

 

           Porongos 1844 

           (15 Anos Depois)

 

 

 

  

Nos Campos II

 

 

 

01- Raios De Aurora Em  Novembro,

Um Sol Nascente Aproado,

Semeia Raios Dourados,

E O Dia Vai Se Estendendo.

                                               

02- No Fundo Ergue-se  Um Cerro,

No Pé Do Cerro A Ravina,

E Na Ravina  Um Arroio,

De Águas Doces, Cristalinas.

 

03- É  Porongos No Horizonte,

Ante A Planura  Da Pampa,

Na Imensidão Se Levanta

Entre Relevos E Fontes. 

 

04- Uma Penumbra Pairando: 

Fumaças No Acampamento,

Fogo De Chão Ao Relento, 

O  Mate Amargo Rodando.

 

 

 

                                                                     

 

 

 

 

 

 

 

 

05- Silêncio E Pensamentos

Entre Causos E Lembranças.

A Cuia Recua, Avança,

Qual Numa Roda Do Tempo.

 

06- Palavras Trazem À Vida, 

Batalhas, Amigos Mortos,

Entre Os Dias Turvos, Tortos

Esperanças Revividas. 

 

07- Nas Mãos A  Cuia Reiuna,*

Água Em Cascata Aquecendo,

Borbulha A Erva Caúna.*

Gomo De Bambu* Sorvendo.

 

 * De Feitio Artesanal.

 Erva  nativa do Rio Grande e de gosto muito amargo, usada em épocas de  escassez da erva mate..

 Nos Tempos Antigos os nativos sorviam o mate se utilizando de canudos de bambus, ou taquaras. 

 

08- Lança Escorada Na Tenda,

 No Bichará* Enrolada,

 As Garroneiras*  Calçadas,

 Esfoladas Das Contendas.

 

Poncho de lã batida, forte e grosso, que servia de coberta, vestuário contra o frio e escudo enrolado a um dos braços enquanto com o outro, o guerreiro manejava a lança.

* Botas Artesanal  De Garrão De  Potros.

 

09- A Cavalhada Arrebol,*

 Pastando A Grama Molhada,

 Do Orvalho  Gotejada 

 Primeiros Raios De Sol.

 

*A hora em que o Sol esta surgindo.

 

 

 

 

 

                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

10- Cantatas  De  Seriemas,

 As Tarrãns, Os Quero-Queros,

 Chimango Rondando Perto,

 Ao Longe Um Bando De Emas.

 

11- Sobre Os Campos Verdejantes,

As Cigarras,  As Libélulas.

É O Pampa Em Aquarelas,

Tunas, Pedras Salpicantes. 

 

 12- E Uma Dama  Na Paisagem, 

Porte Anunciando Nobreza,

Deusa Trigueira Em Belezas,

Na Alvorada Qual  Miragem.

 

13- Deslumbrando O Arraial

Na Luz Da Barra Do Dia.

No Horizonte A Fantasia

Em Frente O Arco Do Sol.

 

14- Qual Quem Vem De Outro Tempo,

De Outro Mundo Distante,

Desabrochada, Estonteante,

Na Primavera Em Rebentos. 

 

15- Aquela Magia De Eventos

 Em Sublime Alegoria, 

Se Repete Dia A Dia,

Toda Vez De Acampamento.

 

16- No Ar Há Campos De Forças

Em Seu Passeio Matinal,

Entre Ela E O Mundo Real,

Que Impede O Cerco Da Corça:

 

17- Planando Livre Em Passeios,

É A Loucura Em Um Sonho.

Cisma De Um Mundo Estranho,

Solto Em Seus Próprios Freios.

 

 

                                                                             

 

 

 

 

 

 

 

 

18-  A Brisa Lhe Faz  Carícias

Ondulando Seus Cabelos.

Seu Perfume Em Apelos

Cruza As Manhãs Em Delícias.

   

19- Buscando Auroras Nas Brumas,

Pisando Os Campos Grisalhos,

Os Seus Pezinhos No Orvalho,

Afagam Gramas Quais Plumas.

20- A Silhueta Em Belas Curvas;

De Perfil, Ou De Frontal

Faz  Sedução  No Arraial

Extasiando  As Vistas Turvas

 

21- Em Seu Peito Dois Relevos,

Ressaltam-se Empinados,

Lindos Num Xale Encantado,

Morena Entornando Enlevos. 

22- É De Dar Água Na Boca:

Cerejas  Estão Maduras,

As Pitangas São Pinturas,

Ondas Em Fragrâncias Loucas. 

 

23- Olhar Grandioso Que Vê

Com Desprendido Denodo,

Um Mundo Igual Para Todos:

Meiguices De Seu Querer. 

 

24- Pulsares  Nos Corações,

Chispas De Luz Nos Olhares.

No Silêncio Os Cantares,

Das Mais Contidas Paixões.

 

25-  Faz Pausa O Acampamento:

Todos Os Olhos Pra Ela.

Brilhando A Imagem Dela,  .

Regressa  Aos Seus Aposentos.

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

26-  Daqueles Olhos Guerreiros

Deixa Os Corações Em  Chamas

Segue O Caminho Das Gramas

Entre Os Arbustos Campeiros

 

27-  A Tecedeira  Em Fios Plenos,

Na Trilha Em Que Ela Passeia,

Teceu-lhe  Uma Linda Teia,

Salpicada  De Sereno.

 

28- Regressa  E Cruza A Cortina

E Some Em Sua Casamata.

Dobra O Surucuá Na Mata,

Trila No Arbusto A Cravina.

 

29-  Dependências Preparadas

Com Distinção  E Beleza, 

Fazendo Par À Princesa,

Que Nela Tem Sua Morada.

 

30- Formigas Correm Na Senda,

Cigarras Põe-se A  Cantá-la,

Um Grilo Vem  Cortejá-la.

Nas Dobraduras Da Tenda.

 

31- Quando Noite, Os Pirilampos

Revoam  Dando-lhe  Festas,

Um Urutau Num Lamento

Encanta lhe  Na Floresta.

 

32- Chuvas De Estrelas Cadentes,

Contrastando Com O Luar,

Que Entre Halos Reluzentes,

Se Refletem Em Seu Olhar).

 

33- E Agora, Manhã Dourada,

Céu Azul Dia Brilhante,

Vem Dos Campos Verdejantes,

E Em Seu Passeio Fez Cruzada.

 

                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

 

34- Com A Cena Um Alto Oficial  

Embriagou-se Apaixonado.

Na Manhã  Levanta  O Sol

Contemplando O Arrebatado.

 

35- Ironias Do Destino,

Que Ressurgiu Do Passado:

Cego Amor Obstinado

Recaído Em Desatinos.

  

36- Cabisbaixo Nestas Horas,

As Duas Mãos Para Trás,

Chuta Moitas Ao Andar,*

Perdido Em Si Campo A Fora.

 

37- Levanta Um Ar  ‘Enuviante’, 

Vem Do Grande Regimento, 

Que Acampou Por Breve Tempo.

São Guerreiros Andejantes.

 

38- Entre Aqueles Que Ali Estão, 

Há Regozijos E Queixas 

Raivas, Esperanças, Deixas.

Do Comandante Em Razão:

 

39- Que Já Não Diz, Já Não Pensa, 

Já Não Ouve Conselheiros, 

Segue Alheio A Seus Guerreiros,

E Os  Relatórios Dispensa. 

 

40- Com A Paz Vive Sonhando,

À Espera Que Ela Virá.

Muitos Creem A Sonhar,

Outros Não Acreditando:

 

41- Se Previnem Como Podem,

Se Arranjando Atrás Das Lanças:

Bichará* Contrabalança,

Mesmo Sem Comando E Ordens.

 

 

 

                                                                            

 

 

 

 

 

 

 

42- Avisos De Batedores:

No  Encalço Um Tigre Espreitando,

E O Comandante Sonhando

Em Versos Divagadores.

 

43- Promove O Relaxamento:

Vira Um Arauto Da Paz,

No Adverso Contumaz,

Do Mais Sombrio Contra Tempo. 

 

44- Vem Avisos, Vem Relatos,

Por Menores Detalhados,

Os Riscos Interpretados,

Deixando Bem Claro Os Fatos.

 

45- Não Há Como Haver Queixas,

Não Há Lugar Pra Desculpas,

Sobram Arrogâncias, Deixas,

Entre Suspeitas E Culpas. 

 

46- São Valores, Sentimentos,

E Penhores À Honrar:

Questões  Ecoam  No Tempo,

Questões  Haverão De Ecoar...!!!

 

 

 

 Fim Do Episódio

 

 

 

 

 

 

             

 

 

 

 

 

                               

                           

     

 

 

 

 

 

 

       Porongos

 

         

        Papagaia

 

     O Poema




 

 

 

 

 

 

                                                                                                  

 

 

 

 

 

 

 

O Comandante

 

 

Capítulo I

 

1-    Vai E Vem No Acampamento,

Gente Chegando E Saindo,

Oficiais Se Evadindo,

Batedores Regressando.

 

2- Trazem Noticias Precisas

Do Inimigo  No Fronte,

À Uma Linha De Horizonte,

Em Temerária Divisa.

 

 03- Sobram Avisos De Agentes,

Prevenindo O Comandante,

Que Então Se Faz De Importante

Com Postura Indiferente.

 

04- Os Imperiais Se Acercando

Audaciosos Em Arroubos,

E O Maioral Dá De Ombros:

Pouco Estava Se Importando.

  

05- Exibiando Temperança:

Rente E  Seguro Consigo,

Que Não Haveria Perigo,

Que Na Paz Tinha Confiança.

 

06- E Por Isso As Incertezas:

Entre Bizarro E Retido,

Mostrava-se Convencido,

Em Toda Sua Natureza.

 

 

                                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

 

07-  Olhos Brancos Pros Sinais,

Ouvidos Moucos Pra Avisos,

Sonhando Com O  Paraíso,

Quer Cruzar Os Seus Umbrais.

 

08- Estufando O Peito  Grita,

Interpretando Um Gigante,

Com  Ares De Arrogante,

Aponta, Decreta E Dita.

 

09- Ergue A Espada N’Amplidão,

Solta O Aquiles Contido,

Dizendo-se  Ser Temido,

Pelos  Imperiais Do Barão:

 

10- O Grande Inimigo À Vista,

Que Veio A Mando Do Império:

Semeador De Cemitérios,

Com Glórias  De “O Pacifista”.

  

11- Declara Ardências, Desejos,

Exibindo  Independência.

Diz-se Em Plena Consciência:

Prudente, Atento E Sobejo.

 

12- No Exercício Da Conquista:

É O Patrão Do Pedaço,

Que Quem Sente Mesmo O Abraço,

É O Inimigo Quando  O Avista;

 

13- Quando Denotam  Seu Halo,

Batem Dentes, Tremem Ossos,

Obrigados A Enfrentá-lo:

Ajoelham, Rezam Pai Nossos.

 

14- Por Paixão, Ou Bom Ator,

Foi Se Portando Doente,

Qual Quem Febril E Demente, 

Embriagado De Amor.

 

                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

15- A Soldadesca Incauta

O Guardavam  Na Visão,

Qual Chefe Dos Argonautas,

Compondo O Próprio Jasão.

 

16- Mas Pra Outros Em Desdém:

É Um Zorrilho Na Restinga,

Dizendo:- "O Lobo Não Vem,

Se Sentir Minha Catinga"!

 

17- Traduzindo Sua  Sentença:

Citando Que Os Imperiais:

“Aqui Não Chegam Jamais

Se Sentirem Minha Presença”!

 

18- Alguns Que O Conhecem Bem,

Não Se Iludem Com A Vista:

Sabem Que Há Um Querer Bem

Do Mulherengo Em Conquista. 

 

19- Rodeios De Aduladores

Ouvindo Seus Pensamentos,

Os Evasivos Qual Vento,

Os Concordinos Penhores:

                                           

20- E Os Implantados  "Amigos":

Enxeridos E Espiões,

Pra  Discórdias, Anotações:

Relatórios Pro Inimigo.·.

 

21- Explorando O  Regimento,
Sobre Controle A Listar,

Trazem Os Imperiais A Par

Do Que Se Passa Ali Dentro.

 

22- Estes Se Levantam Cedo,

Estendem-Lhe A Mão “Amiga”.

Conspiram Fazem Intrigas,

Descobrem Os Seus Segredos.

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

23- Ouvem Seus Sentimentos,

Elogiam Sua Ciência,

A Sua Santa Inocência:

Falam Em Desarmamentos!

 

24- Servem-se  Do Seu Café,

Sorvem Do Seu Chimarrão,

Partilham Da Sua Fé,

Se Alimentam Do Seu Pão. 

 

25- Profetas Dos Desenganos,

Em Pensamentos Secretos,

Folheiam Os Seus Projetos,

Desbaratam Os Seus Planos,

 

26- Há Perguntas E Opiniões,

Se Os Espiões O Usaram,

Ou Se Usou Os Espiões,*

Pra Chegar Onde Chegaram.

 

 

 

 * Em 1842 o Barão de Caxias, além de trazer 12 mil homens para a guerra dos Farrapos e logística para conquistar o  povo que já estava na miséria, foi incumbido de infiltrar espiões e semeadores de discórdias entre os farroupilhas. Sua Primeiras missões, foram; fortalecer a guarda de Rio Grande, guarnecer as fronteiras e impedir os Farrapos de alcançar, tanto por terra, quanto por mar, o Uruguai e a Argentina.

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                                  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                      

                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

A Mulher

 

 

 

Capítulo II 

 

 

01- Entre Arrojos E Bravuras,

Há Mulheres Circulando,

Vários Trabalhos Prestando,

Jovens Buscando Aventuras.

 

02- Entre Elas Uma Desbanca:

Morena De  Pelos Longos,

Pose Angulada Nos Ombros,

E Onduladas Nas Ancas.

 

03-  Sentada, Ela Só Beleza,

Magias  Quando  Levanta,

Teiniaguá De Salamanca,*

Em Seu Porte De Princesa:

  

Lenda Gaúcha sobre uma Encantadora Princesa  Moura de Salamanca, Espanha, que  fugiu para o sul da América e se refugiou em uma caverna no Cerro Do Jarau em Quaraí – RS.

 

04-É A Dama Das Paisagens

Dos Passeios Matinais,

Dos Sonhos Em Espirais,

Que Regressou Das  Miragens.

 

 

 

                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

05- Agora... Está  A Trabalho,

As Mãos Talhadas Pra Lida:

Pra Sintomas E Feridas

Conhece Todos Os Atalhos

 

06- Rainha Em  Contradição,

Em  Destinos  E Legados:

Lutando Contra Um Reinado

Faz Do Socorro A Razão.

 

07- Aroma Que Se Prolonga

Semeando Campos De Aral

Andar  De Corça Real,

Leveza Nas Pernas Longas.

 

08- Ela Tem Missão Pontual,

E Tem As Mãos Requintadas,

Mimos  De Fada Abençoada,

Nos Bolsos Do Avental.

 

09- Pois É Ela A Mãe De  Todos,

Mãos De Asas De Borboletas,

Bálsamos Em Sua Maleta,

Sempre Em Pronto Socorro.

 

10- Não Há Homem  Que Não Pare

 Pra Ver Os Seus Movimentos,

Que Não Caia Em Sentimentos

Buscando Trocas De Olhares.

  

11- Do Raso Ao Soberano,

 Tratando De Igual Pra Igual

 Sua Essência  De Floral,

 Prende Mansos E Tiranos.

 

12- Simples Naturalidade,

 Nada Que Seja Intenção,

 Faz Parte De Sua Razão

 Ser Feliz Muito À Vontade.

 

                                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

13- Deitar Feminilidade,

Cada Lugar E Momento,

Trabalha Em Atendimentos,

Soberana Em Liberdade.

 

14- Sedução Pela Inocência,

Por Não Saber O Valor,

Da Atmosfera De Amor,

Que Semeia Em Sua Essência...???

 

15- Ou Da Vaidade Faz Ermo:

Esquecendo Que É Estonteante

Porque Pra Ela O Importante

É Medicar Todos Os Enfermos...???  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 A Musa

E Dandara


 

Capítulo III 

 

01-...E O Comandante Imperando,

Com Seus Repentes "Sagazes",

Ordenando Os Capatazes,

Vai Mandando E Desmandando.

 

02- Pras  Fêmeas Uma Visão,

Qual Chuva De  Maus  Conselhos;

Lhes Punha A Tremer Os Joelhos

Um Macho Alfa Leão.

 

03- Mas Pra Bela Enfermeira,

De Trigueira Formosura,

Não Passa De Um Ser Exótico

Querendo Bancar Mão Dura.

 

4- De Menina O Conhecia:

Aristocrata Mimado,

Que Um Dia Miou Por Ela,

Mais Que Gatinho Apartado.

 

05- E O Comandante Exortado:

“Os Impériais Cumprirão,

E Os Negros Libertarão,

Pra Consumar O Tratado”.

 

                                                                                                                     

                                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

06- O Barão Lhe Impõe Um Prazo

 Pra Paz Ganhar Evidências, 

 Passa À Corte A Competência:

 Se Libertos, Ou Se Escravos.

 

07- Enviam  Um Emissário,*

Com Planos  A Viagem Faz,

Lavras Pra Trazer A Paz*

Em Documentos Necessários.

 

Da Fontoura é incumbido com a missão de negociar a liberdade dos lanceiros na capital do

Império – Rio De Janeiro.

 

-A liberdade dos Lanceiros Negros que está fora da alçada Do Barão Caxias.

 

08- As Armas Desmuniciadas*

Ordens Pra Infantes Farrapos,

Pra Que A Paz Se Torne Fato,

Qual Do Barão Reclamada...!!! 

 

  * Acadêmicos recentes alegam que, o ataque foi tão violento que não deu tempo para nada, e os infantes ficaram totalmente expostos aos Imperiais. Então vieram s lanceiros pra socorrê-los. Pois eram armas rudimentares que precisavam de várias etapas para ser carregadas:

A)      Despejar a pólvora no cano.

B)      Socar uma bucha de trapos usando uma vareta.

C)      Soltar o projétil dentro do cano

D)      Socar o projétil, também  com uma bucha de trapos.

E)      Instalar a espoleta, fazer pontaria  e só depois atirar.

 

09- A Esperança Vem A Ser,

Pros Lanceiros Um Concílio:

Rancho Com Mulher E Filhos,

Chão Pra Plantar E Colher.

 

10- Uma Vista Luminosa,

Um Sonho Livre E Preciso,

Vislumbre Do Paraiso,

Pra Alma Guerreira Honrosa,

 

                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

11- Qual Miragem De Um Tesouro,

Enquanto Cruzam  As Noites:

Visões De Troncos E Açoites

Prenúncios De Maus Agouros:

 

12-  Presságios, Pressentimentos,

As Mariposas Sombrias,

As Corujas Em Lamentos,

Bacuraus Em Agonias.

 

13- Sentimentos, Pesadelos.

Perigos Rondam  Defronte,

Há Sombras No Horizonte

De Arrepiar Da Pele Ao Pelo.

 

14- E O Comandante Encantado,

Entre Relvas, Sombras, Fontes,

Meditando Apaixonado,

Pela Enfermeira Do Fronte.

 

15- Grudava Onde Ela Estava,

Se Saia, A Perseguia,

Fez Dela, Sua Estrela Guia,

Em Sonhos A Procurava.

 

16-  E Rechaçando Os  Avisos,

 E Alertas De Seus Soldados:

Que Os Imperiais Se Acercavam,

Qual Quem Tem Golpe Marcado.

 

17-  Se Exibindo Em Segurança,

Não Quis Ouvir Os Indícios,

Nem Antever O Armistício,

No Barão Pondo Esperanças.

 

 18 – O Pensamento Em Sua Musa,

Miragem De Arrebatado...!

Se Diz Guerreiro Dobrado.;

Discursos,  Frases  Difusas:

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

19- Grita: - Que O Zorro Não Venha:

 Fareja Cachorro Brabo,

 Conhece O Mato Em Que Lenha,

 Está Só Mordendo O Rabo...! 

 

20 - E Estufa O Peito Se Apruma,

Quer A Musa De Seus Sonhos:

Que Dos Arroubos Bisonhos,

Longe Plana Qual As Plumas:

 

21 - Andeja Compenetrada

Pensando  Em Lutas,  Feridos,

Dando Vazão Aos Sentidos,

Não Percebe A Pataquada.

 

22- Junto,  A Menina Dandara,

Um Luar Em Negro Véu,

Qual Arco-íris No Céu,

Em Uma Noite Estrelada.

 

23- Que A Musa Sorrindo A Leva,

Vai Lhe Falando Dos Campos,

Que Em Novembro É Um Encanto,

Está Madura A Primavera.

 

24- Tulipa Negra Em Botão,

Seu Riso Tudo Ilumina,

Doçura De Uma Menina,

Inocência Na Emoção.

 

25- Negras Íris Reluzentes,

Brancas Escleras Brilhantes,

Pérola Negra Estonteante,

Contra A Brancura Dos Dentes.

 

26- Elas Seguem Pelos Campos,
Se Distraindo, Passeando,
Ouvem Os Pássaros Cantando

Que Pra Vê-las Pousam Em Bandos:

 

 

                                                                                                                     

 

 

 

 

 

 

 

27-  Príncipes,  Melros, Cardeais

Trinca-Ferros, Tecelões

Caminheiros E Sanhaços

Arapaçus  E Azulões:

 

28- Uma Sonata Pra Elas

Que As Fadas Da Natureza

Oferecem Às Princesas

Em Graça A Visita Delas.

 

29- Em Seus Cabelos Besouros

 Dourados Fazendo Lumes.

 Afagam Flores Com  O Rosto.

 As Tocam , Sentem O Perfume,

 

30- Ibiscos E Samambaias,

Salvias,  Tálias E Pavônias...

Petúnias, Palmas, Bromélias

Íris, Antúrios, Begônias...!!

 

31- Tudo É Fascinação,

Que Em Suas Mentes Se Elenca,

Entre Lírios E Avencas,

Sopram Dentes-De-Leão

 

32- A Trilha É Qual Um Novelo,

Não Há Luz Que Não Revele

O Sol Que Toca Na Pele,

A Brisa Que Afaga Os Pelos.

 

33- Que O Campo Está Um Encanto:

Pétalas Se Abrem Aos Olhos,

Rebentam Lírios Aos Molhos,

O Céu Azul É Um Manto.

 

34- Entre Essências E Belezas:

Das Águas Vêm As Iaras,

Pra Ver A Musa E Dandara

Escutar A Natureza.

  

                                             

                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

35-  Dos Campos A Mãe Do Ouro

Chega-se Toda Encantada:

Pra Ver A Musa E Dandara

Falando Com  Seus Tesouros.

 

36- E A Musa Segue Sonhando

Encantada Com A Vida,

Mas Lembra Às Malhas Da Lida,

A Guerra  A  Está Esperando...

                                                                                                                                                                                                                          

37- Não Dá  Asas À Tristeza,

Nem Se Abate Pras Lembranças

Então Cultiva A Esperança

Recolhe-se Em Sua Nobreza.

 

38- Na Palma De Sua Mão,

Uma Borboleta Atraída,

Pousa E Trocam Olhares, 

Encantadas Com A Vida. 

 

39- Dandara A Afaga, E Ela,

 Mantèm-se Ali Bem Quietinha,

Adorando A Ternurinha,

Depois Voa Mais Que Bela.

 

40- A Menina, Pés Descalços

Faz Lembrar A Sua Infância.

Riem-se, Comentam A Relva,

Pássaros E Florescências.

 

41-  As Trancinhas, A Bandana,

Que A Própria Musa Lhe Fez,

Pra Realçar A Altivez,

Da Princesinha Africana.

 

42- Que Aparecia Em Sua Tenda,

Quando Menos A Esperava,

E Junto  A  Acompanhava,

Muito Curiosa, Em Sua Senda.

  

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

43- Roubada  De Muito Além

De Uma Fazenda Inimiga,

Elas Fizeram-se Amigas,

Com Prendas Pra Querer Bem.

 

44- Lado A Lado,  O Mundo À  Frente,

Dandara É A Protegida,

Coisa Mais Linda Da Vida,

A Menina Adolescente.

 

45- As Duas  Vão  Deslizando

No Campo De  Arbustos Baixos,

Madeixas Em Tranças, Cachos....

E Os Olhos Brilham, Sonhando.

 

46- Capins Bandeiras Pendoados,

Gramas De Pontas, Lancetas...

E Os Maracujás Do Campo

Com Suas Flores Violetas.

 

47-  Em  Reverencia A Seus Pés,

Lindos, E Que Os Deuses Sabem.

De Volta Pro Acampamento,

As Gramas Altas Se Abrem.*

 

48-  E As Folhagens Se Dão Conta,

Que As Duas Estão Passando,

E Vão As Acariciando,

Com Verdes Macias Pontas,

 

49- Os Pássaros Já Sem Medo,

Em Seus Ombros Vêm Pousando,

Seus Cantares Redobrando,

Depois Voam Pro Arvoredo.

 

50- Chegando Ao Acampamento,

A Musa Então Se Transforma,

É A Enfermeira Na Forma,

Pra Todo E Qualquer Momento.

 

 

                                                                                 

 

 

 

 

 

 

 

 

51- Arde A Pequena Fogueira

Na Barraca Bem À Frente,

Na Espera Tem Água Quente,

Borbulhando  Na Chaleira.

 

52- Ervas Colhida A Dedo:

Quem Tem Bom Gosto Requer,

Pra Toda Cura Que Vier,

Confortos E Outros Segredos.

 

53- Adentra E Prepara Chás

Pra Linda Dandara E Ela,

As Duas Fadas Mais Belas,

Naquele  Mundo A Vagar.

 

54- A Primeira, Uma Menina:

Uma Flor Abotoando.

A Segunda Aflorando

O Apogeu De Sua Sina:

 

55- De Mulher Encantadora,

Que Não Sabe Por Que Encanta,

De Sol E Lua Se Emanta,

Linda E De Alma Acolhedora.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nobreza 



Capitulo IV

  

01-  Falar Sério Com Os Homens;

Não Tinha A Mulher Direito:

A Enfermeira Transcendia:

Lograva Atento Respeito.

 

02- Por Sentirem-se Agredidos,

E Por Acha-la Insolente;

Houve Então Os Ressentidos,

Entre Eles Os Resistentes.

 

03- Por Machismo E Preconceito:

Com  Abusos  Pra  Ofender,

Mas Só Até Quando A Deusa,

Chegasse  Pra  Socorrer.

 

04- Desabafos De Despeitos:

Hipócritas  Rejeitados:

Desejosos De  Atenção

Não Podiam Ser Notados.

 

05- A Não Ser Quando Feridos

Cortes, Balas, Estilhaços...

De Suas Mãos Tinham Carinhos,

E O Amparo De Seus Braços:

 

 

                                                                                

 

 

 

 

 

 

 

 

06- A Chamavam De Socorro:

Com Espanto E Respeito,

E Com Urgência Adoravam

As Magias De Seus Feitos.

 

07-  O Nome Dela: Maria

A Flor Daquele Deserto,

Vista De Longe Ou De Perto,

O Ser Mais Lindo Que Havia. 

 

08- E Então Maria Francisca:

Elevando A  Intimidade:

Contenção E Liberdade,

Qual  Passo Em  Danças Mouriscas.

 

09- E Havia Fêmeas E Manhas,

Entre O Exército Farrapo,

Chinas De Índios Guapos,

Lado A Lado Na Campanha.

 

10- Morenas Mouras De Espanha,

Mestiças E Portuguesas,

A Feminina Beleza,

Motivando As Façanhas.

 

11- As Belas Índias Charruas,

As Lindas Negras Nagôs*,

Todas De Belezas Cruas,

E Francisca Não Destoou.

 

*Etnia Afro com origem na Nigéria oriundos da nação Ioruba.

 

12- Sabia Sentir-se Igual,

E Qual Nobreza De Berço,*

Prontamente Era Servida,

E A Cortejavam De Cerco.

 

13- Sobrancelhas,  Cílios Longos,

Olhos Sampakus  Brilhantes;

Grandes, Lindos, Sublimados, 

Íris  Negras Ofuscantes.

                                                                                

 

 

 

 

 

 

 

14- Olhar De Mulher Guerreira,

Leveza De Águia Pampiana,

Luz  Deslumbrante Em Belezas,

Pra Encantar  Reis E Cueranas*.

 

* -De Cuera, ou Quera, Índio destemido, sem paradeiro, geralmente com o ofício itinerante de domador nas fazendas.

 

15- Quando Em Menina Passeando,

O Comandante A Conheceu,

Nunca Mais A Esqueceu,

De Amores Viveu Sonhando.

 

16- José Martin*, O Seu Nome,

Desde Sua Adolescência:

Foi Guerreiro Em Sua Essência,

Guerreando Se Parou Homem.

 

*Davi José Martin: Adotou o nome Canabarro

De uma família aristocrática portuguesa. Aos 15 Anos De Idade  Foi Servir Nas Guerras Da Cisplatina, no lugar de seu irmão mais velho, porque este era fundamental no manejo do gado na fazenda de seu pai em Taquari.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                 

 

 

 

 

 

 

 

Vivandeiras


Capitulo V

 

01-  Na Longa Trilha Da Guerra,

Nos Passos Lentos Do Tempo,

Chuva Fria, Veloz Vento,

E Toda A Sorte Que Encerra.

 

02- Aquele  Acampado Exército,
Vem De  Longe* A Vaguejar,
E Atrás Dele Mil Mulheres,*
Pra Tudo Que Se Pensar.


* -
Longe, de lonjura no tempo.
*-Licença Poética, exaltando os seres femininos,

que seguiram Os Farrapos ao longo de dez anos na guerra.

 

03- Mulheres Em Aventuras,
Com Esperanças Na Vitória,
Que Trocaram Suas Agruras,
Para Então Sonhar Com A Glória.

 

04- Naquele Mundo Errante,

Que Tudo Valia Ouro,
Roupas, Armas, Munições:
Uma Agulha Era Um Tesouro.

 

                 

                   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

05- Os Mortos Quando Inimigos,
Nada Mais Lhes Pertenciam,
Armamentos, Ferramentas,
Mesmo As Roupas Que Vestiam.

 

06- E Os Sentimentos Vertiam:

Novatas: Temores, Nojos

Moldadas: Trabalho Rijo:

Pioneiras: Se Divertiam:

 

07- Mantas, Lenços Suspensórios, 

 Presilhas E Cinturões,

Calças, Camisas, Bonés
Calçados E Até Os Cuecões

 

08- Tecidos Pra Acampamentos,

Palas  E Cobertores, 

Tudo Que Era Utilitário,
Multiplicado Em Valores.

 

09-  Os Metais Pras Oficinas:

Materiais  Pra Procissão:

Ganchos, Tripés  Pra Fogão,

E Óleos Pras Lamparinas. 

 

10- Cambonas, Cuias Pro Mate,

Pra Cozinha, Os Condimentos,

Cereais Pra Encher As Tulhas,

Charque E Outros Alimentos,


11- Tirantes, Fivelas, Linhas,
Capas Pra Se Agasalhar,
As Celas  Pra Montarias,
E Rédeas Pra Enfrenar. 

 

12-  Cavalos Com  Os Arreios,
Lanças, Laços, Boleadeiras,
Carreta  Com  Carga E  Bois,
Cangas, Cambões, Tiradeiras.

  

 

                 

 

 

 

 

 

 

 

 

13- Elas Se Associavam A Homens,

Nos Espólios Mais Pesados,

Se Ali Não Era Preciso,

Vendiam Em Outro Mercado.

 

14-  Mantimentos Do Inimigo,

Ataques, Saques De Assaltos,

Desde O Mar Ao Rio Uruguai,

E Da Campanha Ao Planalto.

 

15-  Pro Sustento Da Logística,

Todo O Espólio Ali Se Encerra,
Na Lei Da Sobrevivência,

Pra Quem Se Encontra  Na Guerra.

 

16- Madeiras, Serra, Ponteiros,

Martelos, Bradais, Punções,

Arcos, Puas E Formões,

Para As Mãos Do Carpinteiro.

 

17-  Couro Cru, Couro Sovado

Bom Cutelo Aparador

A Mordaça* E O Macete

Pro Guasqueiro Trançador 

 

18- Linhas, Tentos, Couro Inteiro

O Sovelo, O Marcador,  ,  ,

Pé De Ferro, Vazador

Pro Atelier Do Sapateiro

  

19- Carvão  Pra Forja,  Bigorna,

Troques,  Grosa,  Aparador, 

Ferros, Marro*, Tenaz, Cravos,  

Pro Ofício Do Ferrador.

  

20- E Os Asseios Dos Guerreiros,

Pentes, Tesouras, Toalhas,

E O Bom Manejo Da Navalha,

Na Cadeira Do Barbeiro.

 

 

                

 

 

 

 

 

 

 

 

21- No Passo Dos Bois Cangueiros ,

Os Lenheiros Vão  Chegando,

E As Cargas Descarregando,

Pra Alimentar Os Braseiros.

 

22- Agueiros Com Burros Mansos,

Pipas D’Águas Respingando,

Vão Com  Baldes Transpassando,

Pros Barris Sobre Descansos.

 

23- Pouca Coisa Ali Faltava,

Naquele Mundo Volante,

Preciso Em Qualquer Instante,

No Feitio De Quem Guerreava.

 

24-  Na Pampa Em Curvas E Retas,

Uma Cidade Em Movimento,

Levantes E Acampamentos,

Tudo Andejando Em Carretas

 

25- No Feitio Improvisado,

Quando A Hora Era Chegada,

Prestando A Tropa Acampada,

Os Trabalhos Precisados.

 

26- Quando A Chuva Acossava,

Com O Minuano Uivando,

Numa Revessa Abrigando,

Sob Choças Trabalhavam.

 

27- É O Mundo Das Vivandeiras,

Com Seus Homens E Ajudantes,

Naquela Vida Itinerante:

Nômade Nação Guerreira.

 

28- Moringas, Tachos,  Barris,

Pra Armazenar Alimentos,

Folhas De Adagas, Facões,

Pra Luta A Qualquer Momento.

 

 

               

 

 

 

 

 

 

 

 

29- Dedais Para As Costureiras

Teares Pras Tecelãs,

Rocas Paras As  Fiandeiras,

Fios De Algodão E De Lã.

 

30- Tudo Que Os Rivais Deixavam, 
Quando Acossados Na Luta:
Colheitas Para As Mulheres,
E Alvos Para  Disputas.

  

31- No Embate  Não Têm Escolha,

Nem Há Leis Pra Se Valer,

Em Confronto Com  O Inimigo,

Ou É Viver, Ou Viver.

 

32- Francisca Requisitada, 

Entre Todas Vivandeiras,

Sublimava A Divisão,

Daquelas Damas Guerreiras.

 

33- Não Guerreiras No Embate,

Mas Em Sustentação A Ele,

Com Trabalhos, Mantimentos,

E Todo Tipo De Afazeres.

 

34- Cozinhas E Padarias,

Tudo No Feitio Volante,

Lavadeiras,  Costureiras,

Os Ateliês, As Estantes.

 

35- E Os Longos Dias De Agruras,

De Frio, De Fome, De Sede,

De  Andaços, Chagas E Febres,

Serpenteando Nas Planuras.

 

36- Pois Nem Tudo É A Bonança,

Há Também Os Sofrimentos,

Alternâncias De Momentos,

Ao Tempo Que A Guerra Avança.

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

37- A Pé, Cavalos, Carretas,

Acordam Aqui E Dormem Lá,

Se Esquivando Do Inimigo,

Por Todo Lado A Cercar.

 

38- Mães, Irmãs, Esposas, Filhas:

Da Tropa,  Muitos Guerreiros,

Se Não Uma, Tinha A Outra,

Contornando O Tempo Inteiro.

  

39- Muitas Delas Continentes,

Mesmo À Ordem Contumaz,

Prum  Relaxamento Estranho,

Porque Chegaria A Paz. 

 

40- Amigas De Convivências,
Mulheres Divinos Seres ,
Mantendo Todos Seguros,
Com Os Seus Dotes E Saberes,

41- Moças Solteiras E Livres,
Atrizes  Do Bem Querer,
Pra Quem Lhes Desse Presentes,
Ou Segurança Pra Viver.

 

42- Entre Intrigas E Ciúmes,

Falas, Brigas, Gritos, Sustos,

Damas De Amor Por Graça,

De Baixo E De Médio Custo.

 

43- E Outras Privilegiadas.

Protegidas De Oficiais,

Entre Todas,  As Mais Caras,

Pros Amores Eventuais.

 

44- E As Meninas Recatadas,

Protegidas Pelas  Mães,

Crescendo Em Meio Aos Combates,

Por Micas De Abrigo E Pães.

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

45-  E Os Meninos Que Cresceram,

Presenciando Escaramuças,

Que Entre Lutas Aprenderam,

A Sina Que A Guerra Aguça.

 

46- Parteiras E Mães De Leite,

Curandeiras E Mães De Santo,

A Mãe Preta Benzedeira,

Pra Mau Olhado E Quebranto.

 

47- Cozinheiras, Costureiras

Rumo À Aurora Redentora,

Vidas Desafiadoras,

Mulheres Aventureiras.

 

48- Negras, Brancas,  Se Ajudavam

Das Chinas Tinham Favores

Por Conhecerem Valores

Nas Paisagens Que As Cercavam

 

49- Se Misturavam Pras Festas,

Guerreiros E Vivandeiras,

Comemorando Vitórias,

Ou Então Folgas Guerreiras.

 

50- E Havia  Divertimentos,

Pois Que Ninguém É De Ferro,

Nas Várzeas As Carreiradas:

Era Só Soltar O Berro.

 

51- Jogo Da Lança Em Distâncias,

Em Arremessos Montados,

Alvos Móveis, Ou Parados,

Em Treinos  Pra Toda Instância.

 

52- Jogo Do Talho Pra Adagas,

Bichará No Braço Exposto,

Pealos  Nas Mãos Dos Potros,

Com As  Boleadeiras Alçadas.

   

                 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

53- O Doze Braças Volteia,

Rodando No Céu Da Pampa,

Na Armada Laçando As  Guampas,

E Defendendo As Orelhas.

 

54- Jogo Do Osso E De Argola,

Ferradura E Carteado,

E  A Proteção Sentinela,

Pra Cantoria E Bailados.

  

55- E O Missionário Farrapo

Com Suas Missas Crioulas:

Verdades, Sermões E Fábulas

E Rogos Pro Povo Guapo.

 

56- Se Acantonavam Em Sombras,

De Figueiras Ou Revessas,

E As Noites Eram De Festas,

Com Namoros Na Penumbra.

 

57- Então Os Tempos Mudaram,

Milhares De Imperiais,

A República  Invadiram,

Em Proporções Desiguais.

 

58- Coisa De Dez Imperiais,

Pra Cada  Um Republicano,*

Foi Preciso  Alerta Máximo,

                   No Oriente Americano.*

 

 59- E Sobre Eles, O Barão,

Com Seu Engodo Sagaz ,

Insinuando Ao Comandante,

Trégua, Gloria, História E Paz.

 

                 *Os Farroupilhas do Comandante Zé Martin contavam apenas com 1.200  soldados! 

 

*Por estes tempos O Barão  tinha chegado no Rio Grande

Do Sul com um exército de cerca de 12.000 homens.  

 

                                  

                                               

 

 

 

 

 

 

 

 * Em  tempos anteriores às Guerras Cisplatinas , o  Rio Grande  e o Uruguai, Santa Catarina e o Paraná faziam parte da Banda Oriental Da América Do Sul com jurisdição  em Assunção - hoje Paraguai - Capital do Vice Reino Do Prata.. Durante a Guerra Farroupilha, o Rio Grande era chamado de Banda Oriental. Ainda hoje alguns Poetas Gaúchos se referem A Os Pagos do Sul como:“Pagos Da Banda Oriental”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                  

 

 

 

 

 

 

 

As Chinas

 

 

 

Capitulo VI

  

01- Nos Ciclos Das Estações,

Fases Da Lua E Dos Ventos,

Do Sol, De Estrelas, Do Tempo,

Chuvas De Inverno E Verões.

 

02- Pele Morena Que Sua,

O Rosto Brilhando Encantos,

Na Invernia Em Seus Mantos,

E No Calor  Quase Nuas.

 

03- Com Seus Bravos Companheiros,

As Chinas Com Mãos De Arte,

Recriando Toda A Sorte,

Pra Tal Mundo Aventureiro.

 

04- Com Domadores -Lanceiros,

Índios Campeiros, Pampeanos,

Laçadores E Vaqueanos,

E Os Guaranis Missioneiros.

 

05- Quando Acampada A Tropa,

Nos Verões , Banhos Nas Fontes,

 E Ao Pé Do Fogo, No Inverno,

Aconchegos, Rodas Quentes.

 

 

 

 

                      

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Eram As Chinas Da Terra,

Naquela Vida Aragana,

Almas Tápes,  Guaranís,

Charruas E Minuanas.

 

07- Nativas, Lindas, Trigueiras, 

 Filhas Da Lua Sonhando

Nos Verões Em Brincadeiras

Passam Os Dias Se Banhando.

 

08-  Livres Em Seus Pensamentos,

Atitudes, E Falar,

E Para Acasalamentos,

Com Quem Mais Lhes Agradar:

 

09- Só Pela Graça De Amar,

Para Atender Seus Desejos,

Pela Vontade De Abraçar,

Trocar Carinhos E Beijos.

 

10- A Cultura É Que Era Assim,

Não Havia Mal-Olhado,

Nem Preconceitos Chinfrins,

Nem  Preceitos Reprovados.

 

11- A Não Ser Do Outro Lado,

A Homarada Branquela,

Com Suas Amantes Compradas,

Comparando-as  Com Elas.

 

12- A Natureza Regia

Aqueles Corações Livres,

Em Tudo Que Elas Faziam,

Em  Prazeres Com Seus Pares:  

 

13- Esposas E Companheiras,

Amantes Libertadoras,  

Vagavam  Em Campos E Matas,

Em Incursões Coletoras:

 

                                                      

                   

 

 

 

                      

 

 

 

 

14- Buscam  Lenhas Pras Fogueiras,

Cipós, Fibras E Taquaras:

Balaios, Patuás,  Peneiras,

Cestas  Em Tranças E Amarras.

 

 15- Grande Folhas De Palmeiras,

Santa Fés Pra Coberturas,

Pra Fazer  E Cobrir Tendas,

Nas Chuvas,  Ou ” Mormaçura”.*

 

*Mormaçura: Mormaço, Calor - Licença Poética.

 

16- Potes De Argila Cozida.

Da Natureza Fiel:

Colher Doçuras Nos Campos:

Dourados Favos De Mel.

 

17- Tubunas E Lixiguanas,

Mandurís E Camoatins,

Mandassaias E Irapuás,

Jataís, Vorás, Mirins.

 

18- As Cestas A Tira Colo,

Peneiras A Meia Espalda,

Os Balaios Na Cintura,

Se Vão Quais Aves Alçadas.

 

19- Safras De Frutas Nativas:

Goiabas E Araçás,

Cerejas  E Guabijús,

Bacuparis, Ananás.

 

20- Amoras, Uvas Do Mato,

Pitangas,  Maracujás,

Grumixamas,   Guabirobas,

Lindos Cachos De Butiás

 

 

 

 

                             

                     

 

 

 

 

 

 

 

 

21- O Doce Pinho Do Campo,

A Farta Pinha Da Serra,  

Banana Do Mato, Inhame, 

E Os Ubajaís  Da Terra.*

  

*Fruto Nativo Do Rio Grande Do Sul, Conhecido Como Pêssego do Mato , ou Pêssego Da Terra, e que os Indigenas o chama de Ubajaí.

 

22- Uvaias E  Jerivás, 

Quaresmas   E Tarumãs,

Em Balaios E Peneiras

Chegando Ao Sol Das Manhãs.

 

23- Presente A Seus Guardiões,

Que As Esperavam  Em Dia,

Com Pacas, Tatús, Cutias,

Jacutingas, Perdigões:

 

24- Machos Escolhidos À Mão

Que As Fêmeas Sejam  Poupadas

Pra Dar Vazão Às  Caçadas

Quando Vier Nova Estação

 

25-Entre Eles, Grandes Guerreiros,

Imbuídos  Na Labuta,

De Sustentação À Luta;

Domadores E Campeiros:

 

26- Tiarajú, A Luz Do Dia

Ubiratâ,  O Bom Madeiro

Ubirajara; O Lanceiro,

Kaukê, O Das Pradarias     

 

27- Kauê,  O Homem Bondoso

Kodá, O Bom Companheiro

Korê-Ôkô, O Arqueiro

E O Xamã, O Poderoso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

28-  Francisca E Dandara Vinham,

E Com Sorte Nestas Horas:

Pra Provar O Mel Dos Campos,

Pintar Os Lábios De Amoras.

 

29- Com Anhay, A  Flor De Seibo,

Aracê, Luz Das Manhãs,

Yara,  A Mãe Das Águas,

E Mayara,  A Mãe Das Mães.

 

30- A Mãe Do Dia,  Aracy

Ayrumã,  A Estrela D’Alva

Tarôva, A Voz Que Acalma

E A Luz Da Lua,  Jacy

 

31- Conviver Com Aquela Gente,

De Olhar Bravo, Fala Mansa,

Guerreiros Com Suas Lanças,

Prontos  Pra Lutar À Frente.

 

32- Maior Troca De Presentes

 Do Que Essas Durante O Dia,

Só As Trocas De Ternuras,

Nas Noite Longas E Frias.

 

33- Quando Em Aconchegos Juntos,

Orbitando As Fogueiras,

Os Casais Se Enlaçavam, 

De Amores,  Noites Inteiras.

 

34- E Acordavam Preguicentos.

Quando A Aurora Os Chamava,

Pra Um Chimarrão Espumento,

Que Ao Pé Do Fogo Sevavam!

  

35- Então Depois De Alguns Dias,

Levantavam Acampamento,

E Se Punham Em Andamento,

Encruzando As Pradarias.

                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

36- A Cavalo, Nas Garupas,

Mormaços, Geadarias,

A Pé,  Nos Ventos,  Nas  Chuvas

Coxilhas E Pradarias. 

 

37- Retaguarda Em Proteção.

As Chinas Seguem  As Negras:

As Negras Seguem As Brancas:

Transpassam-se Em Transição

 

38-  Por Uma Antiga Razão

As Chinas, Que Mais Sentiam,

Quando Das Negras Ouviam,

Os Males Da Escravidão.

 

39- As Brancas Seguem As  Carretas,

Que Seguem  A Tropa Em Penhores

A Tropa Segue A Vanguarda,

E A Vanguarda, Os Batedores: 

 

40- Sonhos Paixões E Amores,

Marcha O Porta Estandarte

Soldados Tocam Com  Arte:

Sons De Clarins E Tambores.

 

41- Se Levantam  De Um Lugar,

Em Outro Lugar Acampam,

Arrastando-se  Na  Pampa,

Qual  Muralha A Serpentear.

 

42-É A República Mundana

O Piratini Derradeiro

Resistência De Guerreiros

Contra A Coroa Tirana:

 

 

 

 

 

 

                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                     

 

 

 

 

 

 

 

As Negras 

 

 

Capítulo VII

 

 01- Toda Vez De Uma Cruzada,

Contra  Estancieiros  Contrários:

Escravocratas Do Império,

Senzalas Eram  Arrombadas.

 

02-  E Libertados Os Escravos

Que, Pra A Campanha Seguirem:

Negros E Negras Livres,

De Troncos,  Grilhões E Cravos.

 

03- Luz De Alegria Estampada

Nos Olhos Dos Libertados.

No Rosto O Sorriso Grado,

E Mãos À Obra Empreitada.

 

04- Os Homens Viram Lanceiros,

E Outras  Funções  Dominam,

Mulheres Que Tudo Atinam,

Mantendo Em Pé Seus Guerreiros.

 

05-  Há Uma Tarefa  Marcada,

Isto Em* Cada Seguimento,

Segundo O Conhecimento,

E Os Dotes Das Convocadas.

 

Cada seguimento tinha seus próprios agentes para resolver  problemas de sobrevivência

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Às Negras  Hábeis   Com As Mãos,

Pra Costurar,  Remendar,

E Toda A Roupa Lavar

Quando Achavam Um Ribeirão

 

07-   Ou Pra Assar e Cozinhar

Raizes, Legumes, Grãos

Gancho Armado, Fogo Ao Chão 

Carne No Espeto A Dourar

 

08- Conhecedoras Que Eram,

Pra Colher Os Cultivares,

Uvas, Laranjas, Maçãs,

Vergamotas  Nos Pomares.*

 

* Serviam-se do que tivesse ao alcance: os pomares quando de amigos, eram licenciados de graça, quando de inimigos, eram invadidos e saqueados.

 

09- Batatas E Mandiocas,

Alecrins, Manjericões,

Repolhos E Couves-Flores,

Milhos Verdes E Melões.

 

10- Salsas,  Cebolas E Alhos,

Abóboras E Mogangos,

Temperos Pro  Mocotó,

Cheiro Verde Pro Mondongo.

 

11- Não Era Uma Tropa Presa,

A Defender E Atacar,

Havia  Alguns Momentos,

Pra Cultura Popular.

 

12- Os Batuques, Os Bailados,

O Vai E Vem Nos Quadris,

Em Rituais Ritmados,

De Gente Alegre E Feliz.

 

 

 

              

 

 

 

 

 

 

 

 

13- Rodando A Dança A Marcar,

Meneios  De  Um Lado E Outro,

Corpos Alegres Dispostos,

A Não Querer Mais Parar.

 

14- Em Balançados Girando,

Mulatas E Negras Lindas,

Com Ancestrais Em Cabinda,

Nas Danças Livres, Vagando.

 

15- Fazem Passeios,  Gingando,

Sangue De Angola Nas Veias,

Feitas Em Ébano: Sereias,

Olhos Fechados Sonhando.

 

16- Molejos  E Requebrados,

E Outras Gingas Redondas,

As Ancas São Quais As Ondas;

Balança O Corpo Encantado.

 

17- Cantos Em Pontos* E Lendas,

Desde A Mãe Preta Antiga,

E Aquelas Mãnhas Adendas,

Tão Picantes Quanto Urtigas. 

 

18- Pra Correr Baba* No Peito

De Oficiais  Desavisados,

Que Ao Som Do Tambor Marcado,

Arrisque-se  A Provar O Efeito.

 

19-  Nunca Foi  Encenação ,

São As Danças  Culturais,

Os Milenares  Rituais,

De Alegria, De Religião.

 

 20- Longe De Provocação,

É A Natureza Da Raça:

Peles Negras, Dentes Brancos,

Volúpias, Magias, Graças.

 

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 

21-  As Ancas Dizendo Não,

Encenam Um Vai  E Vem.

É Pura Alucinação:

Dengo Sensual E Desdém.

 

22-  Visitante Alucinado,

No Mundo Se Vê Pequeno,

E Enxerga  Só O Veneno,

No Que É Puro E Sublimado.

 

23- É Tudo Para O Bailado,

Do Ritual Que É Proposto,

Se, De Alguém Encanta O Gosto,

Que Se Quede Apaixonado. 

 

24- Francisca De Quando Em Quando,

Com Negras, Mulatas, Brancas;

Rodavam  Saias E Ancas

Diziam  No Pé Girando.

 

25- Quando Religiosidade,

Pediam Licença Ao Meio;

Tomando Passes, Conselhos,

Previsões Das Entidades.

 

26- No Terreiro, Mãe Odila

Comandava O Bambá,

Com Lindas Mães De Orixás:

Malaika, Laila E Jamila.

 

27- Chiamaka, Amara, Abdú

Lembravam Ondas Do Mar.

Brilhando A Luz Do Luar,

Dandara, Áyo E Bintu.

 

28- E A Cantoria Serena

No Embalo Dos Tambores,

Nassor, Darem E Makore

Com Jana,  Núbia E Ayana.

 

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 

29- São Seus Nomes Africanos,

Que Livres Vão Retomando,

Em Rituais Libertando:

O Proibido E O Profano.

 

30- Alguns Brancos Que Ouvindo,

Se Deixavam Então Levar,

Pelo Batuque A Chamar,

Pelo Balanço Insistindo.

 

31- Sem Se Perceber Olhando,

O Molejo, A Batucada,

Sentiam A Alma Elevada,

Se Encontravam Balançando.

 

32- O Coronel Gavião,

Cabinda, Milonga E Pombo,

Em Transe Ao Rufar Dos Bombos,

A Ogum Fazem Oração

 

33- Trabalho Pros Batedores,

Comprovarem  Segurança.

Sentinelas Guardam A Dança,

E Acampados  A  Redores.

 

34- Cantigas, Danças Congueiras,

Mandingas  Moçambicanas,

Tambores,  Roda Africana,

Na Lua Cheia Campeira.

 

35- E As Fogueiras Ao Luar,

Num Bamba Bambá  Nagô,

Vem Que O Orixá Baixou,

Vai Que Baixou O Orixá. 

 

36- Cantam Línguas Ancestrais,

Que Vêm Na Voz A Mãe África:

No Embalo E No Compasso,

Suas Figuras Quiméricas.

  

 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       

 

 

 

 

 

 

 

 

37- Songo, Sama, Bolo, Bali,

Cabinda, Ginga  Mandê,

Cuanhama, Cuanza, Nagô,

Ganguela, Bantu, Mauê.

 

38- Olorum Yemanjá,

Yansã, Oxumaré,

Oxalá, Xangô, Oxóssi,    

Nanã, Obaluaiê.

 

39- E Nas Rodas Meio Ao Campo,

Desde A Brisa Ao Minuano,

Entre Cristo E Olorum,

Luz De Orixás Africanos.

 

40- Os Brancos Vêm Pro Terreiro

Ganham  Benças De Orixás

E Proteção Pra Lutar

Naquele Mudo Guerreiro

 

41- Mas Esse Tempo Acabou,

Agora São Só Cuidados,

Alcateias De Imperiais,

Rodam  Quais Chacais Varados.

  

42- Cercam  O Rebanho  Pulsante

De Um Estado Independente:

Procissão De Resistentes

De Uma República Errante

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                       

 

 

 

 

 

 

 

 

Os Caçadores

 

Capítulo VIII

 

 

 

01- E Saiam Nas Manhãs,

Índios, Negros E Mulatos

Campeiros Galgando Os Pastos,

Alguns Com Sorte Pagã,

 

02- Ou Guiados Por Tupã,

Ou Oxóssi  O Deus Da Caça,

Qual Em Cruzada  Cristã

Varando Campos E Matas

 

03- Vão Em Busca Do Sustento,

Crianças*, Mulheres,  Homens,

Que Muitas Vezes Com Fome,

Esperam No Acampamento.

 

*- Há Relatos Afirmando Que Crianças

Participaram Da Revolução Farroupilha.

 

04- E Aquele Sentimento,

De Uma Crise Costumeira,

Que Assola A Vila Inteira,

Se Deslocando No Tempo.

 

05- Sem Paradeiro Sem Nada,

Apenas Por Alguns Dias,

Assentam A Freguesia,

Levantam Abrindo Estradas.

 

06- Cortando Vales E Montes,

Relevos, Várzeas, Canhadas,

Na Quase Desesperada,

Busca Por  Um Horizonte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

07- E Os Caçadores Se Embrenham,

Contra A Imensidão Da Pampa,

Que Se Vislumbra  E Levanta,

E Nas Caçadas Se Empenham.

 

08- Gado Selvagem Pro Abate,

Guampas Na Armada Do Laço,

Que Roda Ao Ar Em Compasso,

Nas Guampas Cai Em Combate.

   

09- Seguro O Bicho Na Cincha,

Cabresteando Prum Palanque,

Que Sangrado Num Instante,

A Carneadeira Destrincha.

 

10- Novilho Xucro E Veloz,

Que Dá Fuga Faz Trincheiras,

Mas Rodam As Bolhedeiras,

Num Embate Duro E Feroz.

 

11- Uma Haste Bem Trançada

Dando Sustento À Três Guias,

Com Três Bolas Ajustadas

Em Lembrança As Três Marias.

 

12- Na Noite Alçada Cruzando,

Ou Em Dia Ensolarado.

O Apetrecho Arremessado

Revoa  No Céu Girando.

 

13- Na Impulsão Da Correria,

 Do Bicho Vendendo Os Cacos,

 Na Junção Dos Quatro Cascos,

 É Que Cai A Armadilha.

 

14- E Logo O Novilho Roda,

Maneado Nas Quatro Patas,

Cavalo Que Vem Às Catas,

Esbarra Em Toda Galopa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

15-  E O Cavaleiro Em Proeza

Se Boleia E Cai Em Pé

Do Novilho Ao Sopé

Em Manejos Com Destreza

 

16- Sempre Com Ajudas De Um Quincha,

Botando O Laço Nas Guampas,

Quando O Novilho Levanta,

É Cabresteado  No Cincha.

 

17- E Os Lanceiros Com Suas Lanças

Em Tiros De Pontaria,

Em Servos Nas Pradarias.

Até Onde  O Braço Alcança.

 

18- E Mesmo O Gado Selvagem

Escolhidos Por Mais Xucros,

Que Fogem No Menor Susto,

Ao Farfalhar Das Folhagens,

 

19- Que Com A Aragem Ligeira,

Quando Repentina Sopra,

Espanta À Toda Galopa,

A Novilhada  Matreira.

 

20- Mesmo Aí A Indiada Sobra

Com Perícia E Galhardia

Caçando Às Luzis Do Dia

Exibem Braços, Manobras

 

21- E Uma Lança Arremessada

Cortando O Vento E O Céu,

A Seta Cai Qual Mundéu,

Trás Vitórias À Caçada

 

22- Com Lanças Arcos E Flechas,

Os Guaranis Missioneiros,

Os Munianos Pampeiros,

Com Charruas Se Desfecham.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

23- É No Retesar Do Arco

Que A Flecha  Faz Pontaria,

Trás Pacas, Tatús, Cutias,

Das Matas, Campos E Charcos.

 

24- Veados E Caititus,

Capivaras E Ariranhas,*

Com As Tarrãs Da Campanha,

Jacutingas E Nambús

 

* - Hoje Extinta No Rio Grande Do Sul.

 

25- Junto Com Outras Encilhas,

As Ratoeiras, Os Mundéus

E Urupucas Ao Léu,

Todo Tipo De Armadilhas.

 

26- E Os Infantes Com Espingardas

De Carregar Pela Boca,

Pólvora Na Cana Oca

Com  Cuidados Derramada.

 

27- Então A Bucha Ajustada

Bem Socada Com A Vareta,

Depois Com Estanho Ajustada

E Por Último A Espoleta.

 

28-  Mas Isto Só Quando A Fome

Já Não Se Mede O Tamanho,

Porque A  Pólvora  E O Estanho

São Pra Guerrear Contra Homens.

 

29-  E O Esbulho  Do Gado Alheio

Nas fazendas Inimigas,

Alimentando As Intrigas

Pros  Imperiais E Seu Meio. 

 

30-  Pros Tropeiros À Empreitada:

Reunir Gado Expropriado

E Mantê-los Pastoreados

Por Perto Da Tropa Armada.      

 

 

 

 

 

 

 

 

31- A Caminho, Ou Acampados,

Qual Uma Despensa Viva,

A Se Manter Sempre  Ativa,

Pros Momentos Precisados.

 

32- Nunca Foi Um Fato Novo,

Eram Coletas Continentes,

Que Às Vezes Eram Urgente,

Pra Alimentar Aquele Povo.

 

33= São As Agruras Da Guerra,

No Extremado  Da  Pobreza

Desatando Tais Proezas,

Que O Destino Desencerra.

 

34- Há Como Não Ser Assim...???

É No Calor Das Contendas,

Que A Luta Pretere A Senda,

E Trás Violência  Sem Fim:

 

35- Ou Fazem O Ato Insano

De Assaltos, Expropriações,

Ou Morrem De Inanições

Num Confronto Desumano.

 

36- Por Estar Emparedado

Entre A Guerra E A Miséria,

É Que Há A Decisão Séria

De Tropear Gado Roubado...

 

37- O Exército Abastecido:

Água Pura E Alimentos:

Conforto Aos Sentimentos,

E Que Venha O Inimigo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os Chacais

 

 

 

Capitulo IX 

 

01-  Entre Bagé E Porongos,

Nos Relevos  Do Quebracho,

Batedores Do Barão

Tentando Quebrar O Cacho:

 

02- Tiroteiam À Vanguarda,

Daquele Mundo Viajante,

São Homens Do Comandante,

Protegendo Toda Guarda.

 

03- A Imensidão É Uma Estrada,

E Na Pampa A Céu Aberto:

O Lindo E Verde Deserto

Com Oásis E Aguadas:

 

04- Beleza A Perder De Vista:

Os Campos E O Céu No Fronte,

Se Unem No Horizonte,

Qual Paraiso Em Conquista.

 

05- Numa Escaramuça Ardil,

O Piquete Do Barão,

Se Perdeu Na Vastidão,

Depois Do Ato Servil,

 

 

                    

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Que Feito Só Pra Enganar,

Apontando O Lado Oeste.

Enquanto Do Lado Leste,

Se Aprontavam Pra Atacar.

 

07- São Os Chacais Do Barão,

Vão Avançando Armados,

Ocultos, Dissimulados,

Furtivos Na  Escuridão.

 

08- Se Deslocavam  À  Noite,

Sanguinários, Vis, Espertos,

A Cada Dia Mais Perto,

Algozes, Frios, Sem Afoites.

 

09- Entre As Negociações De Paz,

O Barão Expôs As Formas,

Que Do Império Eram Normas:

Pra Ninguém Depor As Armas.

 

10- E Por Dionísio,  O Mensageiro,

O Barão Mandou Um Relato,

Que As Armas: Só Pra Aparatos,

Qual Um Ato Passageiro.

 

11- Pra Não Ter Que Desarmar-se,

Não Pediu Desarmamento,

E Foi Jogando Com Esta Arte:

Teatro Ao Sabor Do Tempo:

 

12- Da Coroa Era Proposta,

Que Depois Da Paz Lavrada

E As Tropas Já  Desguardadas,

Armas Seriam Depostas.

 

13- E Isto Para Os Dois Lados

Envolvidos Na Contenda:

Eram Os Cavacos Da Senda,

Dos Ideais Confrontados.

 

 

                    

 

 

 

 

 

 

 

 

14- A Condição Foi Revista,

À República Enviada:

Examinada, Discutida:

Puseram Crença  Na Alçada.

 

15- Praqueles Rebeldes Ermos,

Sem Um Local Oficial,

Servia Até Matagal,

Pra Sondar Ordens E Termos.

 

16-  Entre Os Longínquos Rincões,

Das Zangas Republicanas,

Um Mensageiro À Paisana,

Carregava As Decisões:

 

17- É Dionísio, E Segue A Fio:

No Inverno Firme Na Cincha,

Nos Verões Suando A Víncha,

Cruzando Campos E Rios.

 

18- Um País Sobre Carretas,

Sobre Lombo De Cavalos,

Dos Pés Aos Fios De Cabelos,

Que Se Nega A Ser Vassalo.

 

19- Já No Final Do Seu Tempo,

A Luz Daquela República:

Qual Alegoria Bíblica

Nos Locais De Acampamento, 

 

20- Nas Trilhas Da Caravana,

Em Seus Limites Simbólicos,

Além De Seu Alcance Bélico,

Eram Campinas Pampeanas.

 

21- Raros Nichos Gaudérios,

E O Resto Daquele Mundo,

Medindo De Frente A Fundo,

Voltou Domínio Do Império.

 

 

                    

 

 

 

 

 

 

 

 

22-  Não Havia Mais Riquezas,

O Cerco Dos Imperiais,

Trouxe Limites Sem Iguais,

E Multiplicou A Pobreza.

 

23- E Em Miséria A Transformou,

Entre As Intrigas Mundanas,

Fez Culpa Republicana,

E O Povo Acreditou.

 

24-  Não Havia Mais Lugar,

Praqueles Republicanos,

Vão Pelo Fronte Vagando,

Em Resistência Sem Par.

 

25- Muitos Longe, Já Anistiados,

E Os Demais Ali Sonhando,

Vão Desvelados Peleando:

Valentes, Obstinados.

 

26- Chega O Barão Continente,

Com Milhares De Imperiais

Presenteando A Toda Gente:

Ninguém Os Queria Mais:

 

27-  Apareceram  Os  Defeitos:

Eram Vistos Com  Maus Olhos:

-“Salteadores E Ladrões!”

Então Viraram Entulhos: 

 

 28. -“Onde Passam, Cobram Impostos”.

“-Gente Sem Sul E Sem Norte!”.

“-Não Fazem Nada Pro Povo!”

-Só Semeiam Guerra E Mortes!”

 

29-  “-Chegam Vestindo Seus Trapos”.

“-São Saqueadores Errantes”.

“-Vivem  Quais Pedras Rolantes,

 -Cruzando Brejos E Matos!”

 

 

                     

 

 

 

 

 

 

 

 

30- Era Um Mundo Agonizante,

Um Sonho Se  Desfazendo,

A República Morrendo,

Em Pé, Peleando E Valente.

 

31- Que A Verdade Se Denode

Qualquer Animal Caçado,

Ao Se Ver Encurralado,

Se Defende Como Pode.

 

32- Os Ideais Povoam  Mentes,

Formam Conceitos De Vida,

E A Razão Monta Guaridas,

Em Defesas Resistentes.

 

33- Uma Nação Itinerante,

Entre Relevos, Planuras,

Cruzando A Pampa Em Agruras,

Batalhas A Todo Instante.

 

34- Com A Mensagem Pertinaz,

De Armas Só Pra Aparatos,

Criou-se Um Novo Fato

Com Esperanças De Paz:

 

35- Então Brilham Os Braseiros:

Carnes Dourando No Espeto,

Os Laçadores Campeiros,

Assando Pro Oficialato.

 

36- A Pampa Aberta Pro Mundo,

Tinha Saído Do Abandono,

Muitos Queriam Ser Donos:

Muito Mais O “Império Imundo”

 

37- E Nela Tinha Sustentos:

Ainda Havia Gado Alçado,

Servos Pra Serem  Caçados,

E Então Virar Alimento:

 

 

                   

 

 

 

 

 

 

 

 

38- Pra Oficiais: Filé E Coxão.

Costelas Pra Soldadesca.

Aos Rasos, Peito, Paletas:

Cada Classe Seu Quinhão.

 

39- Desde Os Garrões À Buchadas,

Desde O Pescoço À Cabeça,

Pois Sempre Há Quem Mereça

Segundo A Classe Habitada.

 

40-  Não Sentiam A Diferença:

Quem Recebe O Prato À Mão

Não Deve Dar Um “Senão”

Pra Quem É Dono Da Despensa.

 

41- Causo Vai E Causo Vem,

O Fumo Em Rolo Cortado,

Na Palma Da Mão Sovado,

Lembranças De Um Querer Bem.

 

42- E Um Amargo Bem Cevado,

Com Esmero E Com Ciência,

O Que Vale É A Experiência,

Num Mate Novo, Ou Virado.

 

43- Para A Peonada Guerreira,

Que Se Achega Nas Cantinas,

Pra Uma Pinga Clandestina,

Daquela Boa E Costumeira.

 

44- Chasqueiros E Carpinteiros,

Com Ferreiros Nos Reparos,

Aperos, Madeiras, Carros,

Em Conserto Pros Guerreiros.

 

45- Cruza  O Sol  O Meio Dia,

Uns Mateiam, Conversando,

Outros Um Pixuá* Enrolando,

Está Calma A Pradaria: 

  

 

                    

 

 

 

 

 

 

 

 

46- Rompe O Murmúrio Acampado:

No Repente De Um Momento,

Num Tropel, Pala Ao Vento,

Na Testa, Chapéu Quebrado:

 

47- Monta Um Cavalo Voando

Esbarrando  Adelante,

É Um Mensageiro Urgente,

Vem Destinado Ao Comando.

 

48- Nos Pés Botas Garroneiras

Chiripá*, Em Pé No Estribo,

Pra Avistar Melhor A Tribo:

Confiante À Tropa Guerreira.

 

49- E Avisa Que Os Imperiais,

Bem Perto Já Marcam Chão

Eram Os Homens Do Barão,

Que Por Certo Espionavam.

 

50- É Um Peão De Dona Manuela:

Ordenou-lhe: Vá E Não Tarda!!!

São Imperiais Da Vanguarda,

Faz Pressa, E Muita Cautela...!!!

 

51- Republicana No Trato:

Por Acaso Ali Lindeira,

Preocupou-se A Estancieira,

E Mandou Logo O Relato.

 

52- O General Souza Neto,

Faz Perguntas Insistentes,

Compreende Que O Homem É Reto,

Mostra Fatos Procedentes.

 

53- E Convida-o A  Segui-lo

E O Leva Ao Comandante,

Que O Recebe Arrogante

Sem Dar Crédito Ao Ouvi-lo.

   

 

                   

 

 

 

 

 

 

 

 

54- Joaquim Pedro, O Coronel,

Ao General Faz Costados:

Não Se Dão Por Derrotados,

Insistem Em  Buscar Quartel.

 

55- Vão Ao Ministro Da Guerra:

De Oliveira, O Rio-Grandense;

Pra Falar Com O Comandante

E Enfrentar Os Seus  Repentes.

 

56- Que Está Com Acompanhantes:

Com Vaz Viana, O Fazendário,

E Da Fontoura, O Emissário:

Que Então Ouvem Os Reclamantes. 

 

57- Olho No Olho / Frente A Frente,

É O Encontro Pro Conselho:

Acontecimento Espelho

Da República Andejante:

 

58- Souza Neto E Joaquim Pedro,

Propuseram-se  Às Trincheiras:

Querem O Nosso Degredo!

A Denúncia É Verdadeira!

 

59- Da Fontoura, O Emissário

Resmunga: Nem Sim, Nem Não

Vaz Viana,  O Fazendário

Por Sua Vez Sem Opinião.

 

60- O Coronel Joaquim Pedro,

Diz: - É Trama  Dos Sicários!!!

E Confirma  Souza Neto:

- Já Nos Fazem Vizindários!!!

 

61- Da Fontoura Diz: -  Besteira!!!

De Oliveira Declarando:

-Há Um Fato  Comprovando,

Vou Provar Que É Baboseira!!!

    

 

                 

 

 

 

 

 

 

 

 

62 Vistoria Passageira?

Diz Vaz Viana  Especulando.

De Oliveira Reafirmando:

Pro Poente É Que Há Trincheiras!

 

63- Não Chegariam Do Leste,

Pois Já Tinham Até Fugido,

De Nossa Vanguarda A Oeste:

Não Há Nada A Ser Temido!!!

 

64- Por Certo Aquele Senhor

Enganou-se Ao Avistá-los.

Eram Ladrões De Cavalos,

Mas Veio Dar-se Em Penhor!

 

65- O Comandante Interfere:

“Foi Um Caso Eventual”!!

E Num Veredito Pontual

Seu Pensamento Defere:

 

66- Já Estão Pedindo Trégua,

A Paz Virá Num Momento,

Já Falam Em Desarmamento,

Estão Só Cruzando Léguas!

 

67- Depois, Por Que  Um Ataque,

Em Tratativas De Paz!

Seria O Barão Capaz

De Então  Nos Cevar Para O Abate...!!!

 

68-  E O Coronel  Joaquim Pedro:

 -Mãe Do Céu! Este É O Sinal!!!!

- Sevar Pro Abate...!!! Meu Deus...!!! 

(Complementa  O General)

 

69- E Reforçam A Opinião:

Joaquim Pedro E Sousa Neto!

Mas Diz: - Não...!  O Comandante:

Discordando Por Decreto!

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 

70- Sousa Neto, Bem Mais Jovem,

Limita-se A Escutá-lo.

Joaquim Pedro, Bem Mais Velho,

Então Ousa  Enfrentá-lo:

 

71- E O Encara Frente A Frente:

E Diz: - Pode Ser O Fim,

Não Acredites Por Mim,

O Faças Por Nossa Gente!

 

72- É Muringue;* O Cão Raivoso:

Vem Pra Nos Atocaiar,

Furtivo Qual Um Jaguar,

Com Seu Espirito Tinhoso.

 

*Francisco Pedro De Abreu, Um Dos Principais Comandados Do Barão. General Sorrateiro Que,Tinha

Por Costume Fugir Da Luta Franca, E Emboscar O Inimigo À Noite, De Preferencia Na Madrugada. Se Aproximava Com Sua Tropa Pelo Lado Leste, E  Mandou Sua Vanguarda Deixar-se Surpreender Pelo Oeste e Fugir para O Lado Do Sol Poente, Como Se A Oeste Dali Estivesse.

 

73- Sousa Neto,  De Alçada

Então Diz: É Um Canalha!

Faz Rondas, Prepara As M alhas,

E À  Noite Faz  Emboscadas!*

 

*Atropa De Sousa  Neto Já Tinha Sido Emboscada A Noite Por Muringa. Foi Um Derrota pesada para o general que escapou por um triz.

 

74- Numa Noite Me Emboscou,

Muitos Homens Eu Perdi,

Da Derrota Que Sofri,

Não Sei Como Aqui Estou!

 

75- O Comandante Rosnando,

Se Pronuncia, Rugindo:

Falam De Um Rato Fugindo, 

Qual Fosse Um Monstro Atacando!

 

                   

 

 

 

 

 

 

 

 

76- E À  Sombra De Uma Batinga,

Solta “A Frase” Em Desdém:

“-O Muringue Aqui Não Vem,

Se Sentir  Minha Catinga”!

 

77- E Expressa Ordens A Todos:

- Sem Alardes! Sem Boatos!

A Leste Não Há  Imperiais!

Este É O Verdadeiro Fato!

 

78- Brada  Em Vociferações,

Palavras Aos Quatro Ventos,

Semeia Seus Pensamentos,

Mas Tolhe As Reflexões...

 

79- Sousa Neto E Joaquim Pedro,

Cientes A Escutá-lo,

Por Questão De Hierarquia,

Limitam-se A Abandoná-lo.

 

80- E Mudam Seus Acampados:

Posicionam A Divisão,

Numa Melhor Posição:

Prontos Pro “Inesperado”.

 

81- O Diabo Virá Do Leste,

Buscam Abrigo Certeiro

Bem Às Costas Dos  Lanceiros,

Mudando-se  Pro Extremo  Oeste*

 

*-Embora Sabendo dos relatórios de avistamento de imperiais a Oeste, Joaquim Pedro e Sousa Neto, com o relatório do emissário de Dona Manuela, decifraram a Manobra dos Imperiais.

 

82- E Os Lanceiros Por Sua Vez

Guardam Todos Os Farroupilhas:

Na Extrema Frente Os  Infantes:

Juntos Formam Proa E Quilha.

 

                                                    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

83- Mas Ambas As Guarnições,

Nem Sonhando Imaginavam,

Dos Relatos Pros Chefões.

Sobre  Os Riscos Que Pairavam:


84- Foi Por Medo Que Calaram???

Apreciaram  Os  Prenúncios???

Por Que Então O  Silêncio???

Por Que Então Não Avisaram???*

 

*Esta é a pergunta que fica, se boa parte dos oficiais sabiam, não só o relatório do emissário de Dona Manuela, mas também de relatórios - embora  contraditórios - feitos por batedores Farrapos.

 

*- Como as armas eram rudimentares, com várias etapas para dispará-las; Municiar com  pólvora – Depois estanho – A seguir espoleta – levantar, apontar, atirar... bastou o Comandante  Zé Martin ordená-los à guardar a munição, para deixar a infantaria totalmente inutilizada, já que sua  missão de vanguarda, era a primeira saraivada de tiros, para depois os lanceiros atacarem  e ao mesmo tempo que , rechaçando inimigo, os protegendo e dando-lhes  tempo para municiar as armas novamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papagaia

 


Capitulo X 



01-  Na Entrada De Sua Tenda

Foi Morar  Um Papagaio,

Protegido Com Carinho,

Sem Sequer Ficar No Orvalho.

 

02-  Que Um Dia Lhe Presentearam:

Lindo Filhote De Pássaro;

Vermelho, Verde, Amarelo,

Qual Da República O Lábaro

 

03-  E Sempre Quando Podia,

Carregava-o Em Suas Mãos,

No Seu Ombro, No Seu Colo,

Do Lado Do Coração.

 

04- Amava Às Veras O Pássaro,

E Com Ele Se Entendia,

Tomavam Sol, Conversavam 

Durante As Folgas Do Dia.

 

05- E Quando Chegava A Noite,

Por Amor E Garantia,

Então Pros Seus Aposentos,

O Pássaro  Recolhia.

 

 

                      

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Essa Era A Sua Marca,

De Chegada  Na Campanha:

Ficou O Nome Do Pássaro,

Pra Quem  Ela Era Estranha.

07- E Se Tornou Popular,

Ganhou Versão Feminina,

Pra Que Melhor Expressasse,

Os Bons Dotes Da Menina.

 

08- Nome De Que Ela Gostou:

Fazia Sentir-se Bem:

A Francisca Papagaia,

Entre Outras Marcas Também.

 

09- E Aos Poucos Tornou-se Chica,

Uma Abreviação Amável,

Pra Desprendida  Francisca,

Brava  E Amiga Adorável.

 

10- Mas Havia Os Inimigos,

Que Lhe Tinham Resistência,

Ávidos Por Sua  Atenção,

Não Tocavam Sua Consciência.

 

11- Ávidos Por Sua Consciência,

Não Tocavam  A Sua Atenção,

Uns Foram Se Indignando,

Outros Em  Renunciação.

 

12- Entre Apartes E Ternuras,

Seu Nome Tornou-se Dúbio:

Odiavam-na Em Mansas Chuvas,

Tinham-lhe  Amor Em Dilúvios.

 

13- A Estes Que Então A Amavam,

Em Resposta Os Abrigava,

E Aqueles Que A Odiavam,

Sequer De Perto Os Notava.

 

 

                 

 

 

 

 

 

 

 

14- Mas Jamais Foi Por Desdém:

Não Causavam Atenção

Por Não Terem  Expressão,

Pra Quem  Ama E Se Quer Bem.


15-  Ela Se Tinha Confiante:

Brilhando Em Vistas Erguidas,

Arrojada,  Destemida

Riso Grado E Transparente,

.

16-  Seus Idólatras Aos Molhos,

Desejavam-na,  Com Zelos:

Enlaçar-se Em Seus Cabelos,

Refletir-se Em Seus Olhos,

 

17- Misturarem-se A Seu Corpo,

Com Sua Alma, Com Suas Tralhas,

Roubá-la, Levá-la Embora,

Deixar Pra Trás As Batalhas...

 

18- Seu Sorriso De Tão Lindo,

Atraía Homens À  Frente,

Sonhando Beijar Seus Lábios,

E Mesmo Beijar Seus Dentes.

 

19- Mas Só Sonhavam, Mais Nada;

Com Graça Impunha Limites,

Aos Que A Seguiam De Cerco,

Trocando Ideias,  Palpites:

 

20- Então Lhes Dava  Tarefas,

E Os Mantinha  Ocupados,

Que De Pronto Eram Cumpridas,

Dando-lhe  Conta E Recado.

 

21- Outros Que  Eram Flagrados,

No Arroio,  Entre Os Arbustos,

Tentando Lhe Ver No Banho,

Eram Perdoados Sem Custos.

 

 

                    

 

 

 

 

 

 

 

 

22-  Esse Sem Custo,  Era Alto,

Pois Perdiam Sua Confiança,

Houve Quem Tentou Suicídio,

Qual Derradeira Esperança:

 

23- O Qual  Pra Se Reaproximar

Da Bela  Incomparável:

Que Então Dava-lhes  O  Perdão,

Pois Nem Tudo É Imperdoável.

 

24- Sempre  De Braços Pro Abraço,

Mãos Abertas, Longos Dedos,

Bálsamo Pra Todos Males,

Sonhos, Paixões E Segredos.

 

25- E Os Insossos  Inimigos,

Que Entre Si, Longe Da Raia

Resmungavam:  ” Papagaia!

Sem Ecoar Qualquer Sentido.

 

26- Pros Formados Era: A Chica...!!!

Francisca Para Os Formandos,

E Mesmo Dona Francisca,

Pra Quem  Estava Chegando.

 

27- E Pros Mais Velhos  Do Fronte:

Versos, Poemas, Resenhas

Chiquita, A Bela, Era A Senha:

Inspiração E Altiva Fonte.

 

28- Pro Comandante, era: - A Dona

Pra Ela..., Ele, O Senhor

E  Esse Quando  A  Chamava,

Falava: -"Dona!!!" - Com Ardor...!

 

 

 

 

 

 

 

                     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dona

Capitulo XI


01- Na Cidade, Aquela Dona,

Sobressaía Entre As Grandes.

Aquela Dona,  Na Campanha

Era Corsa Puro Sangue.

 

02- Vivandeiras, Tarefeiras,

Dia E Noite A Transcorrer.

Cozinheiras, Costureiras, 

E A Dona Pra Socorrer.

 

03- Falava Com Influência,

Se Tinha Livre Pra Falar.

Não Omitia Razões,

Revelando O Seu Pensar.

 

04- Por Isto A Resistência

De Bufões Desavisados.

Os Relatos  De Olheiros

Mesquinhos E Enciumados.

 

05- Francisca Era Isto Mesmo,

De Natureza Espontânea,

Cuidava, Salvava Vidas,

Uma Mulher De Alma Idônea.

.

 

 

 

                   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Era A Francisca Presente,

Enfermeira, Mãos Talhadas:

Moral E Dignidade,

E A Ninguém Devia Nada.

 

07- E Um Quarentão Inda Enxuto,

Elegante Com As Mulheres,

Desfolhando Bem Me Queres,

Embora  Habituado Ao Bruto:

 

08-   Belo Altivo E Destorcido:

Bem Antes Do Olhar Soslaio,

Na Guerra Com Os Paraguaios,

Quando O Exibem Envelhecido*:

*- Por Volta De 1860 O Artista E Pintor

Bernardo Grasiele, , Retrata-o Já Envelhecido, Em Pintura A Óleo. Seu Único Retrato.

 

09-  O Comandante Em Flertes,

Por Ela Perdeu O Norte,

Dama Assim Naquele Tempo,

Só As Princesas Das Cortes.

 

10- E Das Cortes Europeias,

Lisboa, Madri, Viena...

Qual Realeza Divina,

Levitando A Pluma E Pena.

 

11- Do Regimento, O Médico, 

Em Viagem Estava Ausente.

Era O Esposo De Francisca,

Que A Deixara No Fronte.

 

12- Fora Em Busca De Remédios,

Que Compraria Distante,

A Longas Léguas A Leste:

Muitas Linhas De Horizontes.

 

13- Versado Em Farmacêutica,

Controle Em Todas As Etapas,

Materiais, Procedimentos, 

Pra Enfermaria Farrapa.

 

 

 

 

 

 

 

 

14- Habilidoso Em Misturas,

Sabedor Dos Elementos,

Pra Todo E Qualquer Alento:

Lesões, Traumas E Cesuras.

 

15- Mestre Em Manipulação,

De Qualquer Medicamento,

E Quando Aflito O Momento,

Também Um Bom Cirurgião.

 

16- Ele Mesmo O Condutor,

Estudioso E  Aprontado,

Pro Oficio Preparado,

Curioso, Desbravador*.

 

17- E Os Demais Naqueles Dias:

Europeus De Ensinamentos,

Ocupando Os Grandes Centros,

Nas Mãos Da Aristocracia.

 

18- E O Que Restava Pro  Povo...???

Curandeiros, Benzedores...

Das Plantas Conhecedores:

Pouco, Ou Nada De Novo...!!!

 

19- Ou, Quem Escolado A Ler,

Com Poder Para Comprar,

Livros Para Aprender,

E A Medicina Aplicar.

 

20- É Duarte Em Sua Carruagem:

Quatro Cavalos Crioulos,

Bons De Patas, Bons De Rédeas,

Os Cascos Cavando O Solo.

                     

21- Um Lubuno, Um Colorado,

Um Bragado E Um Azulego,

Todos De Lombos Listados,

Com Seus Reluzentes Pelos.

 

 

 

                   

 

 

 

 

 

 

 

22- Começo De Mês Saíra,

Numa Aurora Despontando,

Tinha Retorno Estimado,

Pra Meados De Novembro.

 

23- E Francisca Por Sua Vez,

Não Media Seus Esforços,

Desde Os Socorros Mais Simples,

A Evitar Que Houvesse Mortos.

 

24- Entre As Mulheres Da Guerra,

No Feitio Das Tarefeiras,

Alma E Sangue De  Guerreira,

Regando O Orgulho Da Terra.

 

25- Se Preciso Tenda À Tenda,

Confortando Aquela Gente,

Não Visava Diferenças,

De Oficiais A Ajudantes.

26- Negros, Índios  E  Mulatos:

Forasteiros E Gaudérios,

Todos Tratados  Iguais,

Sem Haver Nenhum Mistério.

 

27- Gente De Todas As Cores,

Credos, Gêneros, Linhagens

Em Suas Mãos De  Passagem ,

Curando Males, Ou Dores.

 

28- Mesmo A Tropa A Serpentear

Simbolizando O Rio Grande

Pelas Campinas Verdejantes

Vai Francisca  A Confortar

 

29- Mas A Vida Ocorre Em Ciclos,

São As Leis Da Natureza,

Sem Sequer Mandar Avisos,

Invadem As Fortalezas.

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

30- E A Primavera Chegou

E A Roseira Floresceu,

Sem O Jardineiro Em Casa,

Pra Regar O Que É Seu.

 

31- Manduris Sentem O Néctar,

Desejam Polinizar.

Iratim Senti Primeiro:

Anseios Pro Mel Roubar.

 

32- Mulher Em Período Fértil,

Mais Mulher Inda Se Sente.

E O Ciclo Se Completou...

E A Fêmea Se Fez Presente...

 

33- E Se Francisca Era Rara,

Neste Quesito Mais Era.

Floresceu Qual Uma Roseira,

Deslumbrando A Primavera.

 

34- E As Sensações Lhe Vieram

Todas Multifacetadas.

Pondo-a  Desamparada,

Onde Os Sentidos Imperam. 

 

35- Carroceis Em Suas Lembranças:

Carruagens A Regressar...!!!

Luzis Em Todo Lugar

Em Martírios E Esperanças;

 

36 - Sentiu-se Um Jardim Em Flores,

Sem Ninguém Para “Aprecia-las”.

Videiras  Em Negras Pérolas, 

Sem Ninguém Para “Colhê-las”.

37- Pradarias De Açucenas,

Sem Ninguém Pra “Percorre-las”.

Mar Aberto Em Mansas Águas,

Sem Ninguém Pra “Navega-las”. 

 

 

                                                                       

 

 

 

 

 

 

 

37- Campos De Romãs  Maduras

Sem Ninguém Para “Prová-las” .

Uma Casa Abandonada,

Sem Ninguém Para “Provê-la”.

 

38- Joia Em Brilhantes Ornada

Sem Ninguém Para “Obtê-la”.  

Terras Férteis Demarcadas,

Sem Ninguém Para “Ará-las”.

 

39- Campos De Aveias Granadas,

Sem Ninguém Pra “Debulhá-las”.

Pétalas Soltas Aos Ventos,

Sem Ninguém Para “Detê-las”.

 

40- Qual  Ninfa Desamparada,

Sem Ninguém Pra “Protegê-la”..

Qual Criança Abandonada,

Sem Ninguém Para “Abraçá-la”.

 

41- A Tal Ponto Alucinante

Que Custa-lhe  A Consciência:

Condição Da Existência,

Das Mulheres De Alma Quente:

 

42- A Mente Perde Os Sentidos,

O Mundo Passa A Rodar,

Qual Alguém A Delirar

Na Chuva Fria Ao Desabrigo.

 

43-  E O Caçador Sente O Cheiro,

E Vê A Caça Indefesa,

As Cartas Estão Na Mesa,

É Só Saber Jogar Primeiro.

 

44- Lembra Bem Que Foi Afoito,

E A Perdeu No Passado,

Mas Hoje Mais Preparado,

Terá Que Ser De Outro Jeito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Enlace 

 

 

Capitulo XII

 
01- ...E Mudou O Comandante:

Sempre Pronto A Ajudá-la ,

Acercando-se  Elegante,

Encantado  A  Elogiá-la.

 

02- Tomou A Frente De Todos,

Fez-se O Mais Próximo Dela,

Galante  De Amáveis Modos,

Com Prazer A Elogiá-la

 

 03-  Passam  A Ser Vistos Juntos,

Cruzando Os Mesmos Atalhos:

Lado A Lado Ao Trabalho,

Atendendo Aos Acampados.

 

04- Mesmo No Meio Da Noite,

Em Auxílio A Algum Paciente:

Cortesão E Sorridente,

Em Tempo Algum Sob “Afoites”.*

 

*Terceira Pessoa Do Singular Do Presente Do Subjuntivo:

Em Afoites sugerido por alguém, ou por ele mesmo.

05- Acima Do Bem E Do Mal,

Do Amante E Do Aventureiro:

Cortejos  De Um  Cavalheiro,

Entre  Todos,  É O  Fatal.

               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Mas Francisca Se Deu Conta,

Dos Riscos Que Ela Corria,

O Chefe Em Testosterona,

Grudado Dia Após Dia.

 

07- Sensível Qual Uma Flor,

A Qual No Frio Busca Abrigo,

Já Não Sabe O Que É Perigo:

Tudo  Está A Seu Favor.

 

08- Doçura Em Sinceridade:

No Trabalho Esquece  O Anseio:

Vê No Mundo O  Seu Espelho,

Na Guerra,  A Necessidade.

 

09- Lembrou-se Dele Outrora,

De Seu Modo Teatral,

Mas Só Que O Teatro Agora,

Encena Um Drama Real.

 

10- Invadiu Seus Pensamentos,

Tal Que As Rédeas Foi Perdendo,

Encontrou-se  Em Devaneios:

Em Fantasias Planando.

 

11- Em Seus Sentidos Distintos,

As Palavras Dele Ecoam,.

A Visão Dele A  Encanta,

E Entre Os  Seus Sonhos Revoam.

 

12- Resistir A Quem Repulsa,

É Moleza Pra Quem Quer:

A Quem Nos Atrai E Pulsa,

Que Resista Quem Puder...

 

13- Mesmo A Moral  Elevada,

Bem Contida Em Curtas  Rédeas,

Francisca, Embora Centrada,

Desabrochou Numa Fêmea.

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 

14- As Razões Adormeceram:

Os Sentidos Dominaram,

Resiste, Mas Perde  Forças,

E Os Desejos Se Apossaram.

 

15- Sua Moral De Amazona,

Contra Os Anseios De Fêmea,

O Cheiro E A Vós Que Ressona,

Rogando  Por Almas Gêmeas.

 

16- Naquele  Dia À Noitinha,

O Comandante A Chamou,

A Consciência A Proibiu,

Mas  O Sentido A Levou.

 

17-  Para Ela, Em Sentimentos:

A Contradição  Sem Fim:

Razão Dizendo Que, Não!

Corpo Gritando Que, Sim!

 

18- Quando A Resistência Cansa,

Livra Os Sentidos Pro Ser,

O Mundo Se Desmorona,

E Há Pouco Ou Nada A Fazer.

 

19- Os Instintos Despertados:

Os Impulsos Se Libertam,

As Lonjuras Se Acercam,

E Muros São Derrubados.

 

20- Foi Sabendo Do Destino,

O Que Iria Acontecer,

Os Sonhos Em Mar Revolto,

Que A Essência Quer Viver.

 

21- A Alma Já Não Se Nega:

O Ser Desejando Ser .

O Anfitrião A Recebe,

Extasiando-se Em Lhe  Ver:

 

 

                   

 

 

 

 

 

 

 

 

22- Quando Ela Adentra A Tenda:

Ofusca A Luz Interior:

O Comandante Estremece

Embriagado De Amor.

 

23- Uma Flor Na Estação Fértil,

Deixou-se  Levar Ao Vento,

A Favor Das Correntezas,

No Mar Revolto Do Tempo. 

24-  E Logo Tudo Acontece:

O Cálice Tenso Sustenta,

E Então A Gema Arrebenta

E As Pétalas Transparecem

 

25-  Seu Corpo Ardendo Em Apelos,

Em Busca De Um Agasalho:

Nos Olhos Brilham Orvalhos,

Cheira A Flor Em Pele E Pelos.

 

26- Os Dois Ardem Em Desejos,

Ambos Sabem O Que Fazer:,

Não Há Nada O Que Dizer:

Abraços, Sussurros, Beijos... 

 

27- Os Corpos Em Puro Instinto,

As Roupas  Soltas, O Olhar,

No Anseio Da Busca Livre,

De Se Pertencer  E Amar.

   

28-  E Francisca Em Seus Delírios;

As Suas Emoções Presentes,

São Quais Águas Represadas,

Que Se Rompem  Em Torrentes.

 

29- Submerge O Comandante ,

O Guerreiro Em Seu Orgulho,

Qual Um Peixe Fora D'água,

Ganha Às Águas Num Mergulho.

 

 

 

                 

 

 

 

 

 

 

 

30- E Então Se Perdem Sedentos,

Um Pelo Corpo Do Outro,

Ela, Uma Corça Real,

E Ele, Um Selvagem Potro.

 

31- Um Degustando O Outro,

Nada Importava Ao Redor,

Que  Então Fossem Descobertos...

Este, Dos Riscos, O Menor...!

 

32-  Que Os Imperiais Matem Todos...!

Venham E Matem A Ele Mesmo...!

Desde Que Depois Do Amor,

Que Faz Com Francisca A Esmo...!

 

33- O Comandante Se Esquece,

Quem Ele É No Momento,

Já Não Sabe Onde Está, 

 Perdeu A Noção Do Tempo.

 

34- Fazendo Amor Com Francisca,

Esparramando-se  No Catre,

Como Quem Num Veraneio,

Não Num Campo De Combate...!

 

35-  Jogando Com A Própria Sorte,

Em Francisca  Busca Abrigo,

Qual Quem Escolhe O Pecado,

Que Multipliquem  Castigos...!

 

36- Afogando-se  A  Horas Mortas,

Lambuzando-se  De Amores,

Na  Aurora; Já  Sonolentos,

Encharcados  De  Suores.


37- Francisca Agora Aquietada,

Em Sentimentos Velados,

E O Comandante Em Sussurros,

Faz Juras Apaixonado.

 

 

           

 

 

 

 

 

 

 

 

38- Qual Um Garanhão Carente,

Caído De  Encantos Puros,

Em Devaneios Faz  Planos,

Quer Francisca Em Seu Futuro.

 

39- Sem Perguntar À Francisca,

Se Em Contrapartida  O  Quer,

Confundiu-se Com O Feitiço,

De Tal Beleza Em Mulher.

 

40- A Qual Adentrou Sua Tenda

Cheirando A Rosas, Gardênias...

Uma Deusa  Em  Oferenda

Em Puro Instinto  De Fêmea. 

 

41-  Um Filho, Daquela, Noite

Seria Por Ele  Amado.

E O Amor Lhe Dispensado

Qual A Príncipes Nas Cortes

 

42- O Comandante Se Acorda:

Voa Livre Um Lindo Vale

Sobe Ao Céu – Vê – Não Foi Sonho:

A Deusa Deixou Seu Xale,

 

43- E Seus Sinais Em Perfumes,

Essências Vivas Na Tenda,

Que Perduram O Extasiando,

Quando Ela  Já Está  Na  Senda:

 

44- Emblema De Quem É Dona,

E Segue O Próprio Nariz:

Que Em Liberdade É Feliz,

E Não, Cercada Em Redomas...!

 

45- Já Fez O Banho No Arroio,

Já Está Em Pleno Trabalho,

Conhece Trilhas E Atalhos,

Joeirando Do Trigo O Joio...

 

                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                  

 

 

 

 

 

 

A Emboscada

 

 

 Capitulo XIII

 

 

01- Noite Do Dia Seguinte,

Tudo Acontece De Novo,

O Comandante Encantado,

Segue-a Naquele Povo.

 

02- Não Tem Olhos Pra Outra Coisa,

E Já Não Pensa Em Mais Nada,

Que Não Seja  Em Sua Dona,

Na Sua Tenda Aguardada.

 

03- O Dia Não Passa Nunca,

Tem Nojo Dos Comandados,

Querem Ordens E Conselhos,

Mas São Todos Dispensados.

 

04- A Tarde Cai Lentamente,

Um Sol Vermelho Doente,

Deita A Face No Horizonte,

As Sombras Caem Nos Montes... ... .. 

 

05- Finalmente A Tarde Vai:

As Estrelas Despontando,

Mas Tem Ciúme Até Dos Astros,

Que No Céu Estão Brilhando...

 

 

 

 

 

              

 

 

 

 

 

 

 

06- Francisca, Senda De Amores,

Bom Conselho, Cataplasmas,

Curando Angustias E Dores,

Medos, Mitos E Fantasmas...


07- São Centenas De Pessoas, 

Em Barracas E Ao Relento,

E Sempre Surgem Queixumes,

Buscas De Alívios E Alentos. 

 
08- Seu Amor Não Tem Tamanho,

Sua Presença É Preventiva,

É Pastora Sempre Ativa,

Percorrendo O Seu Rebanho.

 

09- Só Depois..., Termina O Dia,

Em Seu Trabalho Constante:

De Procederes, Contatos...

Vai Pra Um  Banho Relaxante...

 

10- Então Volta Pra Sua Tenda,

 Em Busca De Vestes Limpas,

 Água De Cheiro,  Apetrechos,

 Que A  Deixarão Mais Que Linda...

 

11- E Então As Leva Com Sigo

As Prepara Pra Trocar

Em Um Banho Busca Abrigo:

Mansas Águas A Rolar.

 

12-  E Das Fontes Cristalinas,

Do Arroio Ao Pé Do Cerro,

Correm Águas Por Seu Corpo,

Desde Os Fios De Seus Cabelos...!!!

 

13- Oh...! Vertentes Cristalinas,

Junto Ao Cerro De Porongos,

Águas  Correm  Por Seu Corpo, 

Desde Os Cabelos E Os Ombros...!!!

 

 

              

 

 

 

 

 

 

 

 

14- À Tardinha Vão Pro Arroio,

Mulheres Em Aquarelas,

Enquanto Rolam As Águas,

Se Acercam, Protegem Ela:

 

15- Tem Perfume De Paris,

Vindo Através Do Uruguay,

Uma Flor Cheirando A Flores,

Que Ninguém Esquece Mais...!!!

 

16- Um Frasco Às Ocasiões  Prestes...,

Balançando O Coração:

Tempos Que Montevidéu,

Vinha Ao Alcance Das Mãos...!!!*

 

*Quando ocorreu a batalha de Porongos, os Farroupilhas estavam impedidos,  já há um bom tempo,  pelas Tropas Imperiais de acessar o Uruguai,, tanto por terra, quanto por aguas.

 

17- Nas Trilhas Entre As Barracas,

Então Chega O Crepúsculo,

Francisca Levita Em Ondas,

Sem Reservas E Obstáculos.

 

18-  E Os Dois Se Encontram Na Noite,

Há Sussurros No Escuro,

Seguem Juntos Lado A Lado,

Quais Adolescentes Puros.

 

19 - Seguem Cumprindo Um Ritual,

Cortejos De Amor Fecundo,

E Se Embrenham Na Barraca,

Então Se Escondem Do Mundo:


20 -  Outra Noite Apaixonados,

Outra Rodada De Enlaces,

Os Corpos Nus Em Transpasses,

A Caírem Extasiados...!!!

 

 

 

 

                   

 

 

 

 

 

 

 

21- Francisca, Olhos Serrados,

Agora Amante Sem Medos,

O Comandante: Ombros Largos,

Peito E Braços Pro Aconchego.

 

22- E Ela.., Um Leito De Amores,

Um Paraíso De Sonhos ,

Em Prazeres Estonteantes,

Alma Perfumada À Flores.

 

23- Caiu No Fundo* Do Abismo:

Decidira Em Seu Dilema:

Ser Sincera Com O Marido,

Mas Fiel Com Sigo Mesma...

 

24- Na Madrugada De Amores,

Numa Tenda De Campanha,

Francisca Em Sinceridade,

E O Comandante E Suas Manhas:

 

25- Vendo Auroras E Manhãs,

Delirando  Nesta Hora:

E Prova Lábios De Amoras,

Sorve Seios De Maçãs.

 

26- Se Perdendo O Garanhão:

Cruza A Noite Sem Pudores,

Preso Na Teia De Amores,

Da Dona De Sua Paixão.

 

27- Enrola-se Em Seus Cabelos,

Mata Sua Sede Na Fonte,

Prazeres Alucinantes,

Abraços, Carinhos, Zelos...

 

28-  Entrega-se Inteiro À Morena,

Do Jeito Mais Esperado,

Com Apreços Deleitados:

Bálsamos Pra Suas Penas.

 

 

                   

 

 

 

 

 

 

 

 

29- Até Caírem Extasiados,

Na Madrugada Sonhando,

O Mundo Em Cores Girando,

Os Corpos Nus Transpassados.

 

30- Pra Um Estrondo De Clarins*,

Lhe Provocar Em Valores,

Por Em Pé  De Sobre Salto,

Entre Apreensão E Temores...!!!

 

31- Pego Com As Calças Na Mão

Rodando, Cabeça Às Tontas

Não Sabe Como Se Apronta

Na Busca Da Prontidão:

 

32- A Lançar Mãos Do Que Alcança,

Vestir O Que Está Ao Lado,

Seminu, Mais Que Apressado,

Em Conduta Sem Balança...???

 

33- Sair Qual Quem Vai À Luta,

Entre  Tendas, Vieses Estreitos,

Deixando Tudo Pra Trás,

Mesmo Francisca Em Seu Leito...???

 

34- Saltar No Primeiro Lombo,

Que Fosse Cavalo, Ou Mula,

De Em Pelos, Clinas Nas Mãos,

A Galopar De Ceroulas...???

 

35-  Entregar Tudo Ao Império,

E Se Atirar Ao Relento,

A Levantar Quero-Queros,

Campo Fora A Contra Vento...???

 

36-  Levando Tudo Por Diante,

Mato Baixo,  Trilho  Estreito

O Japecamgal  Nos Peitos,

Numa Fuga  Alucinante...???

 

  

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

37- Seria Este O Tal Evento:

Assustado Em Disparada,

Corrida Desenfreada,

Sem Rumo E Noção Do Tempo...???

 

* A história nos fala de   um violento e ardiloso ataque em  silencio  na madrugada do dia 14 de novembro 1844, que pegou Os Infantes e Lanceiros dormindo, os quais, em trégua acreditando no encaminhamento final para o Tratado De Paz. Depois então, houve estouro Humano; tinir de adagas e lanças, e uma tempestade de balas...

Quanto Ao Comandante Farrapo, nos relatos de Moringue,  o subcomandante imperial ele aparece fugindo vestido só em ceroula, montando um cavalo em pelos (Sem Arreios e Encilhas), cruzando o acampamento e se perdendo nos campos a todo  galope. Como o relato que se  tem é do inimigo, é muito provável que, o  fato, tenha sido distorcido..

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

Boatos

 

 

 Capitulo XIV

 

01-  Anos Depois Da Contenda:

Lembranças,  Dilemas Sérios,

Indagações  E Mistérios,

Sobre As Noites Em Sua Tenda.

 

 02- As Lendas Que Ecoaram:

Imperiais Com Suas Versões,

Farrapos Com  Suas Visões,

E As Imagens  Se Formaram..

 

03- Os Que Não Acreditavam,

Conversavam Indagando:

Teria Sido O Ocorrido,

Como Estavam Comentando...???

 

 04- Aqueles A Lhes Valer,

Recitavam  Seu Dilema:

“Foram Anos As Suas Penas,

Atrás De Seu Bem Querer”*

 

05- “O Reencontro Na Guerra,

Depois De Todo O Passado,

Sofrer Qual Um Condenado,

E No Final Tudo Por Terra!”

 

                                                    

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

06-  Mas Quem O Enxergava Mal

Gritava Em Palavras Plenas:

Foi  Bom Perder A Morena,

Por Mentir Que Era  Bagual.

 

07Pra Largar Mão De Ser Tolo:

Deixou De Ouvir Os Amigos,

Pra Por Crenças No Inimigo,

Em Negociatas E Rolos...!

 

08- Descrevem-no Os Farrapos:

Montando Um Cavalo Branco,

Peito Aberto,  Gesto Franco,

Peleando Folheiro E Guapo.

 

09-  Os Imperiais O Retratam:

Qual Vulto No Lusco Fusco,

No Feitio Soldado Raso,

A Toda Boca Num Burro.

 

10 Uns Insistem A Descreve-lo:

-  Um Bravo Experimentado...!!!

- Isto É Bravo Que Apresentem...???

Outros Tem Se  Perguntado...

 

11- “-Quando Se Conquista Alguém,

 Pra Eternidade, Ou Momentos,

 É Um Sonho Real De Encantos,

 Que Honras De Amor Contém...!!!”  

 

12- “Guerreiro Deixar A Amada...?

Apartá-la De Seus Braços...?

Se Apagar Na Escuridão...?

Correr Do Estanho E Do Aço...???”

 

13-  E Os Encantados, Em  Zelos:

-“Sempre Foi Homem Buenacho,

Não É De Dobrar O Cacho,

E Nem É De Romper O Elo”.

 

                                                                                       

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

14-   “Jamais Quebrou Uma Esquina,.

Nunca Deu Ponto Sem Nó,

Separa A Chuva Do Pó,

Não Se Perde Na Neblina.

 

15-   Não Corre... Sem Vê Do Que,

Mesmo Vendo, Calça O Pé,

Faz Desdém Ao Mal Me Quer

E Dá As Mãos Ao Bem  Querer.

 

16 – Mas Diz O Avacalhador:

Ele Nunca Deu Pro Couro:

Francisca Por Desaforo

Fugiu No Meio Do Amor:

 

17A Perseguindo Na Sena,

 Guapos Se Impôem A Pará-lo

Aos Custos Pra Controlá-lo,

Metem  Ele Em Sua Tenda!!!

 

 18-   Nunca Deu Sorte Com Elas...

Nadou Por Anos A fio,

Pra Se Afogar Em Um Rio,

Com  Água À Meia Canela.

 

19- É Metido A Pegar Todas

Mas Não Contenta Ninguém

Deixa A Farra  Sempre Aquém

Delas Festejarem  As Bodas.

 

20- Desmedidos Trovadores

Cantam-no Em Suas Paixões:

É Dono Dos  Corações

Em Rodeios De Amores!

 

21- Com Topes De Fitas, Laça!

Mulheres Fazem  Sinuelos:

Vem Com Flores Nos Cabelos

Pra Lhe Dar Amor De  Graça!

 

                                                                                                                                   

                                                

 

 

 

 

 

 

 

 

22-  Faz Versos Pra Mãe Do Ouro,

Duetos Com Boi Tatá,

Serestas Pra  Tainaguá,

Mata O Bicho E Mostra O Coro.

 

23-  E As Perguntas Mais Profundas:

-Onde Se Encontra A Razão

De Tão Duvidosa Ação?

Onde A Verdade Se Funda?

 

24- Porque A Pompa Iracunda

Pleiteando Descontração?

Quem Orienta Sua Intuição:

Alma Límpida, Ou Imunda?

 

25- E O Sínico Mediador:

Eu Diria Embaçada:

Nem Paz, E Nem Mão Armada,

Nem Fiel, Nem Traidor

 

26- Foi Visto Todo  Frajola,

Na Tropa De Da Silveira.

E Ao Mesmo Tempo Em Carreras,

Pelado  Campina A fora!

 

27- De Pronto  Um Rebelde, Diz: 

 Foi Teatro Pra Enganar,

Pra Que Não Viessem Notar,

Mudando O Foco Dos Fatos:

 

28-  Na Verdade Um Traidor:

 Deixou Os Infantes Na Mão,

 Os Fez Bucha De Canhão:

Sem Pólvora No Atirador.

 

29- E Impediu Da Silveira

De Lhes Valer Em Arregro:

E Jogou Os Lanceiros Negros

Bem No Meio Da Fogueira

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       

 

                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

30- E Os Companheiros Antigos

De Caserna E De Batalhas:

Jamais Seria Um  Canalha!

Não Trairia Os Amigos!

 

31- Foi Botar A Mão No Fogo

Em Nome Do  Inimigo!

Desabou No Próprio Umbigo,

De Um Salto Acima Do Ego!

 

32-  Surge Os  Investigadores

Tentando Achar Fundamentos:

Qual Motivo, Ou Sentimento?

Houve  Ideais, Ou Valores?

 

33- Teria  Traído A Sério...???

Se Acovardou O Garanhão...???

Foi  Traído Pelo Império...???

Infâmias Pra Humilhação...???”

 

34- Defensor Do Escravagismo...???

Urdiu  Contra A Abolição...???*

A Favor Do Imperialismo...???

Foi Um Pária Vendilhão...???

 

35- Foi Mesmo Republicano...???

O Que Procurou Na Guerra...???

Libertar O Povo, A Terra...???  

Quem Foi Mesmo O “Querumano*”...???

 

 

 *- Segundo o Escritor Tupinambá Nascimento: Na votação para a Resolução de 1842 liderada por José Mariano De Mattos, Amaral Ferrador e Teixeira Nunes (Coronel Gavião), parágrafo constitucional que previa a abolição da escravatura na República Rio-Grandence, houve compra de votos a peso de ouro mandado as pressas pelo império, por isso não passou.

 

*- Impetuoso, personalista, Sobejo, Centralizador e a mesmo tempo duvidoso.

 

 

                                                                                                                                                      

 

 

 

 

 

A Batalha

 

 

Capitulo XV

 

Poema I

 

01-   Quem De Longe Ali Chegasse,

Enquanto Se Aproximando,

Iria Logo Apontando,

As Divisões Em Transpasses:

 

02-  No Centro A Tropa De Elite,

Com Oficiais, E Os Mais Chegados,

Puxa Sacos, Paus-Mandados,

Os Espiões E Seus Palpites,

 

03-  Mais No Alto A Descoberto,

Os Homens Da Artilharia,

Pra Apoio À Cavalaria,

Nas Lutas A Campo Aberto.

 

04- A Oeste Os Índios Pampianos,

A Direita Os Peões Campeiros.

Ao Leste Os Lanceiros Negros,

 À Esquerda Os Guapos Mundanos.

  

05- Bem Às Costas Dos Lanceiros ,

Com  Guerreiros Uruguaios:

Negros De Outros Atalhos,

É Souza Neto, O Matreiro*.

.                               

    

                               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

06-  E Pra Barrar Os Incidentes,

Com As Tropas  Do Barão:

Os Infantes Bem A Frente,

Vão De Bucha De Canhão:

 

07-  Negros Índios E Mulatos,

Com Os Brancos Maltrapilhos,

Vida Dura, Rude Trato,

Em Luta Buscando Auxílios.

 

08- Sem Uma Escolha  A Calhar:

A Mal Comer E Mal Dormir,

Na Guerra  Só Podem Entrar,

Sem Jamais Poder Sair.

 

09- Estas Eram Diferenças,

De Oficiais Pra Esses Soldados.

Os Primeiros Mudam Lado,

E Jamais Levam Sentenças.

 

10- Pros Segundos Não Há Jeito,

Se Desertarem Da Guerra,

Reservam-Lhes O Direito,

De Sete Palmos De Terra.

 

11- Estes Iam Bem A Frente:

À Vanguarda Da Vanguarda.

Direitos: Morrerem Antes,

Pra Dar Tempo Á Toda Guarda.

 

12- Com Espingardas Primitivas

De Municiar Por Etapas:

Se Acertar O Diabo Escapa

Se Errar Perdem  A Vida

 

13- Sempre A Pé, Diante A Estar,

E A Retaguarda A Cavalos,

Pra De Longe Avistá-los;

Não Deixá-los Desertar.

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

14- Depois Do Primeiro Tiro

De Cada Arma Empunhada,

Surgem Os Lanceiros Na Alçada

Fazendo Frente Ao Perigo.

 

15- Isso Porque A Demora

Pra Cumprir Todas As Etapas,

Precisa De Uma Penhora,

Qual Pegar Boi Pelas Aspas:

 

16- Vazar Pólvora No Cano,

Socar Bucha Com A Vareta,

Socar De Novo O  Estanho,

Depois Por A Espoleta.

 

17- Então Neste Meio Tempo,

Os Lanceiros Quais Tornados,

Põe Imperiais Atordoados,

E Os Rechaçam Em Tormentos.

 

18- Eram Lutas Frente A Frente,

Trançadas A Campo Aberto,

No Perigo, Ao Descoberto:

Impávidos, Continentes...

 

19- Cem Por Cento Dos Combates

Que Os Infantes Empregavam,

Junto Os Lanceiros Peleavam,

Garantindo Lhes O Embate.

 

20-E A Retaguarda Na Espreita,

Pra Que Se Preciso O Apoio,

Mas Houve Casos E Feitas,

Que Folgavam Em Pleno Aboio.

 

21- É Caldeira, Entre Os Lanceiros,

Guerreiro Cheio De Glorias,

Que Põe- Se  A Contar A História,

Mateando Em Volta Ao Braseiro:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poema II

 

1- Numa Quieta E Morna Noite ,

Toda Aberta E Estrelada,

A Lua Nova Virada,

Todos Dormindo À Vontade.

 

2- E O Brilho À Fraternidade,

Ao Compasso De Espera,

 Anunciando A Nova Era,

Bálsamo Pra Insanidade,

 

3- Só Uma Questão De Tempo,

E Teria Fim A Guerra,

Campos Mares Rios E Cerras,

Pra Voar Solto Qual Vento.

 

4- A Liberdade A Chegar,

A Despontar Encilhada,

Só Montar E Cavalgar,

E Escolher Rumos E Estradas.

 

5- Dar Asas Ao Pensamento,

O Sonho De Um Bem Querer,

Rancho E Terra Pra Viver,

E A Criação A Contento.

 

6- Mulher E Filhos Por Perto,

Amigos Livres Também,

Caminhos Pra Ir Além,

Os Campos E Céus Abertos.   

  

07- A Merecida Recompensa,

Por Anos De Empenho E Luta,

Que Venha Qualquer Labuta,

Na Livre Escolha Pra Senda.

 

 

 

                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

08- Campos Lavouras Charqueadas,

Qualquer Trabalho Braçal,

O Esforço Não Fará  Mal,

Pra Sonhos De Asas Alçadas*.

 

 

*Tupinamba Nascimento nos diz  em seu Livro – O Negro E A Revolução Farroupilha - que, o que aconteceu foi o seguinte: Os lanceiros e os Infantes acreditaram nas negociações de paz e na trégua: a retirada das munições ( as armas desmuniciadas), era o sinal: o fim da guerra, e passaram a sonhar com a liberdade prometida em recompensa há anos de lutas empregados no fronte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Poema III

 

01-  Sonhos Que A Noite Leva,

Angustias Que A Vida Trás,

Uma Esperança De Paz,

Pruma Emboscada De Guerra.

 

02- As Certezas Destroçadas,

A Traição Da Insanidade,

Repentina Tempestade

Assolando A Madrugada.

 

03- Se Acordar De Um Sonho Lindo,

E Cair Num Pesadelo,

Lanças,  Espadas,  Flagelos:

Portas Do Inferno Se Abrindo.

 

04- E Sobre Tudo O Castigo

De Se Ver Numa Emboscada,

Sem Ter Valência De Nada,

Em Meio A Mil Inimigos.

 

05-  “Se Correr O Bicho Pega,

Se Ficar O Bicho Come”.

Quem Tem, A Honra Dos Homens,.

Em Pé Se Sustenta Às Cegas.

 

06- A Própria Morte Em Cruzeiro,

Em Visita Repentina,

Feito Sombras Assassinas,

Pra Despertar Os Guerreiros.

 

07- Negros Em Pontas De Choupas,

Sem Trincheiras, Acampados,

Sinistros Clarins  Rasgados,

Atirando À Queima-Roupa.

 

 

                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

 

08- Não Há Tempo Pra Pensar.

Quem É Talhado Pra Guerra,

Num Salto Tem -se A Pelear,

Vê O Terror Que Ali Se Encerra.

 

09- Correm Em Socorro Aos Infantes,

Os Lanceiros Pelo Atalho,

Mas O Ataque É Qual Um Raio,

Em Violência Fulminante.

 

10-  Os Confrontos Esperados,

Olho A Olho, Braço A Braço,

Na Empunhadura Do Aço,

São Pros Guerreiros Honrados.

 

11- Mas Assim: Infame Ardil,

Fruto De Um Covarde Engenho:

Pela Paz Fingir Empenho,

Armando Emboscada Vil:

 

12- Um Cenário Pra Ilusão,

Relaxamento Insolente,

Facilitando O Incidente:

Forte  Cheiro De Traição.

 

13- Entre O Vendaval Presente,

Muitos Não Intendem Nada,

Mas Se Alertam Os Mais Cientes:

Sentem A Carta Marcada:

 

14- Nas Contas De Um Calendário,

Conluio Medido À Régua,

Acenando Com A Trégua,

Quais Ribaltas Pro Cenário

                               

15- De Um Satânico Rosário

Num Lirismo Comovente

Pausas, Falas Convincentes

Pra Um Teatro Sanguinário!

  

                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

16- Costuras De Espiões,

Uma Falsa Boa Nova,

Pra Nos Preparar A Cova,

E Extinguir Nossas Razões.

 

17-  Promessas, Negociações:

Não Haveria Combates:

Pra Então Nos Cevar Pro Abate,

E Nos Cortar Os Tendões!

 

18- Os Imperiais Em Estrondos,

Um Corte Rachando O Sono,

O Bichará* Revoando,

O Encontro Com O Abandono!

 

19- A Busca Do Próprio Corpo,

Em Socorro De Si Mesmo /

E A Busca De Si Mesmo,

Em Socorro Ao Próprio Corpo*

 

20- Na Peleia Quase Às Cegas

Quais  Náufragos Sem Porto;

Ver Que O Tratado Está Morto

Na Violência Da Refrega,

 

 

21- E  Se Ergueram Os Lanceiros,

Que Preparados Pra A Paz,

Saltaram Em Tempo Primaz,

Em Socorro Aos Companheiros:

 

22- As Espingardas Sem Cargas,

Apenas Lanças,  Facões,

E O Luxo De Alguma Adaga,

Pra Buscar As Soluções.

  

23- Que Os Infantes Vão No Braço,

Sem Cartuchos É O  Remédio,

Contra O Sanguinário Assédio,

Desferido A Fogo E Aço.

 

                                                                                           

 

 

 

                                        

 

 

 

 

24- Homens Da Linha De Frente,

 Primeiros Atocaiados.

 Todos Foram  Massacrados,

Muitos Ainda Dormentes.

 

25- Retaguarda Farroupilha:

Todos Sumiram No Ataque

Os Lanceiros Sentem O Baque

Em Socorro A Infantaria.

 

27-  Um A Um Tombando Ao Chão

Em Resistência Sem Igual

Contra O Império Do Mal:

Da Tortura E A Escravidão.

 

28- Batalha Em Desigualdade,

Covardes, Na Madrugada,

Assassinos De Emboscada,

Vão Semeando Atrocidades.

 

29- Crueldades Aos Requintes

Centenas Surgem Atacando

Os Que  Foram  Se Acordando:

Era Um Pra Cada Vinte

 

30- Imperiais Surgem De Enxame  

Na Emboscada Maleva,

Quais Mortos Vivos Das Trevas,

Sobre Lanceiros E Infantes.

 

31-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                               

 

 

 

 

 

 

Poema IV

 

01 - O Coronel Gavião,*

Irmão De Igual Para Igual,

Consciente Em Sua Razão,

Desde Os Campos Do Seival.

 

Comandante Dos Lanceiros, O Coronel Teixeira Nunes, Carinhosamente Chamado De Gavião. Comia, Bebia, Mateava, E  Acampava Junto Aos Negros , Foi Fiel, Amado E Respeitado Pelos Lanceiros.

 

02- Abolicionista Ferrenho,*

Guerrilheiro Americano,

Quis Unir Todas As Raças,

Num Sonho Republicano,

 

Fazia Parte da ala abolicionistas que, desejava e lutava por  uma República com todos livres.

 

03- Por Ser Leal A Os Lanceiros,

Desde O Começo  Ao Fim,

Foi Alvejado Primeiro,

Mas Se Boleou Pro Capim.

 

04- Rolou Pra Trás Dum Cupim.

Com A Lança Firme No Tombo;

Rasgando, Lombos, Mondongos,

Buchadas, Goelas, Fucins”.*

 

Afro: Todos O Sistema Digestório Do Baixo Ventre.

 *Fucins; Licença Poética de Fucinhos

 

 05- E Grita: Avancem Lanceiros,

Que O Contratempo É Gigante,

Peleando Pelos Infantes,

Peleamos Por Companheiros!!! 

 

 

 

                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Gavião: É A Própria Lança,

O Bichará No Contra Braço,*

Aparando Pontas De Aço,

Tem Pena De Quem Alcança.

 

. *Braço oposto ao que maneja a lança.

 

 07- Quando Alça A Lança No Espaço,

Em Um Alvo Em Claro Ataque,

Ao Ver O Tremor Do Baque,

Julgando O Estrago Do Aço:

 

08- Deseja Abandonar Tudo:

Em Sentimentos Profundos

Quer Ir Embora Do Mundo,

Mas Pensa Peleando Mudo:

 

09- “Não Há Outra Solução,

É O Corpo A Corpo Mortal,

Contra O Abuso Imperial:

Torturas E Escravidão...”.

 

10- Se Dar Conta Do Engodo

E Da Longa Trama Armada:

O Uso Da Paz Sonhada,

Pra Então Revelar O Lodo,

 

11- Depois De Um Jardim Eterno,

De, Em Luzis Vestir Um Véu:

É Como Sonhar Com O  Céu,

E Se Acordar No Inferno.

 

12- E Então Se  Encontrar Nas  Trevas,

A Tropeçar Pro Abismo,

Qual Uma Peça Do Cinismo,

Ver-se  Pro Abate Na Ceva:

 

13- A Canalhice Em Juízo

Faz Gana Que Vem E Explode:

E A Lança Rasga O Que Pode

E Mata Porque É Preciso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14- O Coração Se Assusta,

Acusa E Condena O Feito,

Mas A Razão A Despeito,

Berra Que A Violência É Justa.

 

15- Fecham-se Olhos, Ouvidos,

Na Tentativa Extremada,

De Não Querer Sentir Nada,

Mas Nunca Dormem Os Sentidos.

 

16- E Mesmo Em Sonhos Atentos,

Nos Cobram Os Nossos Feitos:

Quem Tem Alma E Sentimentos,

Apertos Arrocham O Peito.

 

17- É O Julgamento Da Mente:

Quando Se Mata Em Batalhas,

Mesmo Sabendo Canalhas,

A Consciência Cobra E Sente.

 

     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Poema V 

 

01- É Feio Matar Pessoas, 

Mas É Matar, Ou Morrer,

Do mpério Muitos Tombaram,

E Disseram Ninguém  Perder,

 

02- Contam  Só Os Mortos Negros,

Em Seus Lúgubres Exames,

Não Dizem Quem São Os Brancos,

Que Cheiravam A Sebo E Sangue,

  

03- Não São Laivos Só Farrapos,

É Sangue E Sebo Imperial,

Catinga De Carniceiros,

Cheira A Urubu E Chacal.

 

04- Se Ergue O Negro Bomani,

Um Corisco No Trabalho,

Deixou Um Ataque Passar,

Numa Manobra De Atalho.

 

05- Gavião Viu  De Soslaio,

Vindo Alguém Por Trás Qual Bruxo,

Numa Relampejar De Lança,

De Pronto Varou-lhe O Buxo.*

 

* Afro: Estômago

 

06- Vem Outro Porco Em Repentes,

Querendo Versos E Estrofes,

Atacou, Passou Ao Lado

Gavião Rasgou lhes Os Bofes.*

 

Do Espanhol: Os Pulmões: De Bufar .

 

 

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

07- Cerne De Lei, Braça E Meia,

No Extremo Ponta De Aço,

O Corpo Fora  Alça A Lança,

Que Tranca Num Espinhaço,

 

08- Numa Refrega Apreçada,

À Luz Da Boieira Tardia,

De Uma Lança Arremessada,

Vê Os Cornos* Que Ela Atingia.

.

09- Kabinda, Salvou-lhe A Vida,

E Emparelhou-se Ao Costado,

De Sobra Lanceou Um Outro,

Varando De Lada a Lado.

 

10- Pra Muitos Ainda Deu Tempo,

De Enrolar O Poncho Ao Braço,

Bichará De Lã Batida,

Que Apara Corte E Pontaço.

 

11- Mas Pra Quem Perdeu O  Compasso,

Sem Trincheiras Na Emboscada,

Pelearam Com As Mãos, Mais Nada,

Contra Lanças E Balaços:

 

12- Sombras Horríveis Na Noite,

Espadas Rasgando Em Cortes,

Balas Chovendo Em Açoites .

São Mensageiras Da Morte,

 

13- Avança  O Negro Kabinda,

De Um Varou As Costelas,*

D’outros,   Cruzadas  De Adaga,

Cortam Orelhas, Beiços, Goelas.

 

14- Os Imperiais Vem De Enxame,

Fuzil E Espada À Vontade,

Em Nome De Um Mundo Infame,

Dizimando  A  Liberdade. 

 

                                                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

Poema VI 

 

01- São Quais Hienas Covardes,

Não Haveria Acordos,

Atiram Em Dominados:

Já Rengos, Manetas, Tortos,

 

02- Vão Nos Moendo Aos Poucos,

Qual Trigo Em Pedra De Mó,

A Razão Não É A Vitória,

É O Extermínio Sem Dó.

 

03- A Escuridão  Perde Alçada,

Pra Proteger Seus Ardis,

O Fogo Faz Lusco Fusco,

 Mostra O Alvo Dos Fuzis.

 

04- Então Bomani E Gavião,

Atraídos Pro Nascente,

Pruma Corja De  Imperiais,

Lhes Atacar Do Poente.

 

05- Pombo Grita, Eles Se Viram,

A Boieira Faz Favores,

A Tempo Deles Notarem,

Outros “Atocaiadores.”

 

06- Gavião Guarda O Nascente,

Kabinda Junto A Bomani,

Percebem A Cilada A Tempo,

 Braços E Lanças Se Expandem:

 

07- Rumor De Novilhos Xucros,

Fazendo Escarcéu No Brete,

É Lança Que Puxa E Mete,

Zunindo Contra O Empuxo.

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

08-  Urros, Bufos E Gemidos,

Entre Os Berros Desusados,

Quais Porcos E Bois Sangrados,

Morrem Guinchando E Mugindo.

 

09- Relampejares De Adagas,

Lanças Em Cortes Cruzados,

Não Dão Sequer Pra Partida,

São Seis Corpos Empilhados.

 

10- Ombro A Ombro Braço A Braço,

Lutam Um Guardando Outro,

O Dorso Guardando O Dorso,

O Bichará Barrando O Aço.

 

11- Os Assassinos Atacam,

 Quais Mortos Vivos Penados,

Fazem Alvo Pelas Costas,

Matam Vencidos, Dobrados.

 

12- Um Grupo Atacam Furtivo,

Mas Erram E Fogem A Os Tombos,

Deu Pena:  Deixam Escapar,

Com Alvo De  Todo Lombo.

 

13- Pombo E Milonga Se Riem,

Mas Não Dá Tempo Pra  Nada,

Gavião Chama Em Tenência,

Chegam  Quais Vacas Alçadas.

 

14- O Ataque Qual Ventania,

Na Vil E Macabra Dança,

Valentões: Golpeia Em Cima,

Kabinda Lhes Abre As Panças.

 

15- Quase Não Deu Pra Olhar,

Mas De Um Eu Lembro A Visão:

Um Relâmpago De Adaga,

E O Tripório* Todo Ao Chão. 

 

Conjunto De Todos Os Intestinos.

                                                                                                                                                                                               

 

 

 

 

 

 

 

 

Poema VII

  

01- Resistir Daria Em Nada

Vinham A Torto E A Direito,

Armados Até Os Dentes,

Matando De Qualquer Jeito.

 

02- Farrapos Brancos Sumiram,

 Ao Terror Da Força Bruta,

Contra Um Dilúvio De Vis:

Sobram  Negros Pra  Labuta,

 

03- Muitos Infantes Sem  Armas,

À Morte Gritaram, Não!

E Destroçaram Imperiais,

Tomando As Armas De Suas Mãos.

 

04-  Em Uma Derradeira Lei,

De Um Justo Golpe Fatal,

 Tomavam Armas No Braço,

Num Corpo A Corpo Mortal.

 

05-Tomavam Espadas E Lanças,

No Vespeiro De Imperiais,

E Resistiam Com  Tais Armas,

Das Mãos Dos Próprios Chacais.

 

06-  Mas O Fuzil Do Inimigo

Tem A Bala No Atirador*

Depois De Gastar A Bala,

Não Há Bala Para Repor.

 

07- O Cartuchame Rival,

Está Em Sua Cintura,

Mas Curvar-se Pra Pega-lo,

É Cavar A Sepultura.

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

08- Atacam Quais Gafanhotos,

Em Nuvem De  Aluvião,

Só Ha Tempo Pra Lutar,

Não Há Consulta A Razão. 

 

09- Ceifam Vidas As Dezenas,

As Matam Sem Compaixão,

Visam Mais Do Que A Vitória,

É Morte, Ou Escravidão.

 

10- Entre A Covarde Refrega,

Foi Vital Se Por A Salvo:

As Costas São Sempre Alvos,

Pra Assassinos Chumbregas .

 

11-  Um De Costas Pro Outro,

Num Lampejo De Consciência,

Foi Assim A Resistência,

Mas Fomos Tombando Aos Poucos,

 

12- Pois Era Uma Insana Luta,

A  Desigual Das Desiguais,

Contra  Covardes, Hediondos,

Vis A Não Poder Mais.

 

13- Cada  Lanceiro Peleando,

Com Dez  Imperiais Sem Dó,

Ver Companheiros Caindo,

Qual Pedras De Um Dominó:

 

14- Aquilo Foi Dor, Paixão...!

Num Lampejo De Experiência,

Gavião*  Chama Em Consciência,

Os Lanceiros À Razão,

 

15- Mas Se Emperram Mais E Mais,

Lanceiros À Duras Penas

Contra Enxames De Yenas

Brandindo Golpes Mortais

 

 

                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 16- Com O Bom Senso Aos Dominios:

Gavião Compreende A Razão:

O Projeto... É O Extermínio,

E As Sobras Pra Escravidão.

 

17-  Reconhecendo A Derrota,

Conscientes Da Situação,

Palavras Voam Das Bocas,

Se Agacham Bem Rente Ao Chão

 

18- Gritam, Chamam Pelos Nomes,

Pra Abandonarem A Luta,

É A Mais Desigual E Bruta,

São Carniceiros Com Fome.

  

19- Mas Morrer É Bom Conselho,

E Muitos Preferem A Morte,

Que Escapar Daquela Sorte,

Sem Poder Se Olhar No Espelho.

 

20- Outros Usando A Razão:

Não Tem Porque Resistir,

Percebem Que O Não Fugir,

É A Completa Extinção:

 

21- Da Vida E Da Liberdade,

Dos Anseios, Todo Os Sonhos:

Trocar Mundo Sem Tamanho,

Pela Morte E A Iniquidade.

 

22- Rastejam, Fogem Do Inferno,

 Dezenas De Companheiros,

 Vão A Pé, Ou A Cavalos,

Se Embrenhando No Pampeiro.

 

23-  No Lusco Fusco Da Aurora,

Se Perdem Na Imensidão,

Em Pensamento Irmanados,

Lanceiros E Gavião.

 

 

                                                                                             

 

 

 

 

 

 

 

 

24- Negros Corações Latentes,

Rumor Do Império Atacando

Galopam Com Os Resistentes

Em Suas Mentes Lutando:

 

25- Que Se Fincaram Lá  Atrás,

Numa Luta Sem Igual:

Grandiosidade Moral,

De Quem Livre Morre Em Paz!

 

26- Valentes Obstinados,

Nos Dão Proteção E Aporte,

Lançando Luz E Legados,

Calçam O Pé Até A Morte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poema VIII 

  

01- Impávido O Cerro Tomba,

Porongos Em Silêncio Berra,

Atocaiado Na Sombra,

E Destroçado Por Terra.

 

02-  Entre A Turva Madrugada,

Pra Quem Viu Toda A Chacina,

Foi Mesmo Que Ver Fantasmas,

Feito Sombras Assassinas.

 

03- Ao Longe Se Ouve Os Disparos,

Em Silêncios E Refrães,

Nos Causando Desamparos,

Ao Lembrar  Execuções.

 

04- Sem Clemência E Sem Razão,

Morte A Os Que Se Aniquilavam ,

Porque Já Não Se Prestavam,

 Ao Retorno À Escravidão.

  

05-  À Liberdade, À Paixão,

Morte Linda, Em Pé Peleando

Morrem  Sequer Sussurrando:

Em Honra À Livre Razão.

 

06- Entre Os Vis Imperialistas:

 Muitas Yenas Mortas,

Mas Os Escritos Imperiais

Pros Seus Mortos Dão As Costas.

 

07- Nossas Lanças Levam Laivos:

A Realeza  Fedentina,

Quem Não Fede A Sebo Ranço,

Fede A Boca De Latrina.

 

                                                                     

                    

 

 

 

 

 

 

 

 

08- Tripas, Bofes E Mondongos,

Lombos, Panças, Goelas, Caras,

 Imperialistas Talhados,

Qual Manta De Charque Em Vara.

 

09-  Dificil O Golpe Certeiro,

Parecia Um Terremoto

Em Nuvens De Gafanhoto

Não Davam Tempo Aos Lanceiros

 

10- Mas Se Feridos Mortais

Era Até Um Desaforo

Morriam Aos Guinchos Quais Porcos

Na Tábua Do Abatedouro

 

11- Mataram Muitos Lanceiros,

Mas  Tramando Seus Embustes:

Negam Que Tiveram Mortos,

Mas Mentiram Os Abutres.

 

Tiveram Mortos Que Eu Vi,

E Os Vivos Com A Marca Imunda,

Talhos E Retalhos Nas Fuças...,

E Rasgos De Lanças Nas Bundas.

 

12- Covarde É Assim Mesmo,

Precisa Viver Marcado,

Pras Vezes Que Ir No Espelho,

Lembrar Que É Um Cú Cagado.

 

13- Lanceiros Também Tem Marcas

No Rosto, No Peito, No Braço,

Herdada De Igual Para Igual,

Na Empunhadura Do Aço.

 

14- Muitos  Guerreiro Ficaram,

Pelearam Até Desarmados,

Coragem: Morrer Peleando,

Medo: Viver Desonrado.

 

 

                                                                                                                  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

15- Foi Assim Com Muitos Negros,

Lutaram Apenas Com As Mãos,

Contra Lanças E Espadas,

E Balas De Mosquetão.

 

16- E Não Fugiram Da Raia,

E Não Pediram Guarida,

Calçaram O Pé Na Batalha,

Honrando Com A Morte A Vida.*

 

17- Teria Sido Prudente,

Se Ouvissem A Gavião,

Mas Querer Morrer Peleando,

É Pros Grandes Tal Questão.

 

18- Corram Enquanto Há Tempo!

Não Quiseram  Ouvir Nada,

Mostrando-Nos Clara Intento:

Proteção A Retirada.

 

19- Ouviam, Não Respondiam.

Lutavam De Alma Muda,

Na Comovente Intenção,

De Nos Dar Vasão Pra Fuga.

 

20- E Mesmo Com O  Alto Risco,

De Caírem Na Prisão,

Pruma Eterna Escravidão,

Ou Nunca Mais Serem Vistos.

 

21-  Mas Houve Um Grito Afinal:

Salvem-se Enquanto É Tempo,

Que A Guerra É Um Vendaval,

A  Qual Não Perdoa Os Lentos.

 

22- Se A Árvore For Derrubada.

Então Recolham As Sementes,

E Plantem Numa Vertente,

Que Dê Frondosas Ramadas...

                                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

23- E Muitos Que Ali Peleavam:

Partiram Pras Pradarias.

Fogo Estanho E Ferrarias,

Contra Os Negros Que Ficaram.

 

24- Em Honra Se Empenhando,

Em Salva Guarda A Razão:

Escolher Morrer Peleando,

Pra Dar Retiro Á Irmãos.

 

25- É A Liberdade Mantida

No Moral Lanceiro Negro

Que Não Se Prende Em Apegos

Mesmo Sendo A Própria Vida!

 

26-  Tempestade Em Sentimentos;

Na Consciência  Da História

O Revés Da Luta  Inglória

Centrando Aquele Momento:

 

27- Não Tinha Como Ir Buscá-los:

Seria Pro Império O Guizo :

A República Em Juízo,

De Bandeja Presenteá-los.

 

28-  Nossa Alma Geme E Voa,

Dor Infinda  Nos Revolve,

E Se A Razão Nos Absolve,

O Coração  Não Nos Perdoa.

                                                                  

29- Nos Voltamos Em  Martírios!

Gavião Fez Nos Conter:

-É Como Se Oferecer

Em Sacrifício Pro Império!!!

 

30-  Regressando Pra Morrer,

Seria (A Decepção).

Sim... Pra Todo Aquele Irmão,

Que Ficou A Nos Valer....!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

31- Proteção Pra  Desertar:

Condição Pra Sanidade:

Cabedal Pra Liberdade,

Pela  Qual Viemos Lutar

 

32- O Que  Importa É Que Lutamos:

O Juízo  Que Nos Norteia,

Cada Senzala Incendeia,

Ao Saber Que Continuamos.

 

33- Saber Que Os Lanceiros Vivem

Faz Ribombar Corações,

Desenrolando As Razões,

Pra Quem Pulsa E Quer Ser Livre

 

34- Por Mais Que Clame A Emoção,

Não Deem Vazão Aos Sentidos:

Gemeis, Chorais Comovidos,

Mas Ouçam A Voz Da Razão:

 

35- É A Lei De Toda  Nação:

Quando O Inimigo É Mortal:

Ou A Razão Vence  O  Mal,

Ou É Total  A Extinção.

 

36- Mas Remorsos N’Alma Ardem:

Por Mais Razões Que Vestimos,

Ainda A Consciência  Ouvimos,

Nos Apontando  Covardes.

 

37- A Altivez Se Desmedra:

Todos Tristes Cabisbaixos,

Qual Trigal Que Quebra O Cacho

Na  Tempestade De Pedra.

 

38- Quais Estátuas Nos Plantamos,

Refletindo A Amplidão,

Choramos Na Imensidão,

Como Nunca Então Choramos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os Resistentes

 

 “O Rescaldo”

 

 

Capitulo XVI

 

 

Poema I


01- Francisca Não Foge A Luta,

E  Veste-se Com Cuidados,

Não Há Nada O Que Fazer,

Sua Missão Vem No Rescaldo.

 

02- E Se Da Conta Da Ironia:

A Guerra É Violência Ao Ermo,

Uma Fábrica De Enfermos,

De Mortes E De Agonias...


03- É Tempestade De Balas,

Tinir De Adagas E Lanças,

Tiros,  Berros, Desesperos,

E O Predador Não Se Cansa... ... ...

 

04- Ficaram Negros Peleando,

Qual Náufragos Entre As Ondas

Coragem,  Questão De Honra,

Morrer Sem Fugir À Luta.

 

                     

 

                                                              

 

 

 

 

 

 

 

 

05-  De Sobre Salto Peleando,

Quais Animais Atacados,

Por Tubarões  Esfomeados,

Que Atacam Já Devorando.

 

06- Calada Perversidade:

As Respirações Ouvindo:

Mataram Gente Dormindo,

Sonhando Com A Liberdade

 

07-  São Carniceiros Indômitos,

Não Há Quem  Ataca Igual,

Com O Requinte De Tal  Mal,

O Diabo Teria Vômitos.

 

08-  Uns Acordaram Morrendo,

Outros Morreram Dormindo,

Armados Que Levantaram,

A Desarmados Se Unindo.

 

09-  Lanceiros Contra  Imperiais,

Vão Lhes Rasgando Matambres,

Mas Eles Vem Quais Enxames,

Cai Um, Vem Dez Vezes Mais.

 

10Não Há Consulta A Razão,

Sequer Há Tempo Pra Sustos,

Relâmpagos, Lusco-Fusco,

É Clarões Na Escuridão.

 

11- Guerreiro Vale Guerreiro, 

Os Olhos Buscando Espaço,

Pra Golpear No Contra Aço,

Parceiro Guarda Parceiro.

  

12- Pra Morrerem Lindamente,

Em Um Combate Mortal,

Em Resistência Contra O Mal,

Que É A Morte Dos Valentes.

  

 

                                                                             

 

 

 

 

 

 

 

 

13- E O Mal Se Conhece O Rastro,

De Onde Vem Seus Emissários,

Que Oprimem, Torturam, Matam:

Com Mãos De Ferro Do Império.

 

14-  “Qual O Rumo, Qual A Sorte?

Quem Nos Fez Alvo Marcado?

Pra  Encontrarem  Nosso Norte,

E Nos Abater Qual O Gado?”:

 

18- Se Pergunta Então Cambami*.

E Dassor * Grita Em Combate:

-  “Nos Marcaram E Apartaram

Qual Uma Tropa Pro Abate???”

 

19-  Não Se Contentam Em Matar

Qual Orda A Mando Real:

Sangram, Coreiam, Retalham

Qual Charque Em Manta Pro Sal!”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                            

 

 

 

 

 

 

Poema II

 

01- As Surpresas  São Da Guerra,

A Emboscada Também,

A Intriga A Espionagem,

Traição Comprada A Vintém. 

 

02- Porém Servir-se Por Anos,

De Uma Tropa Inigualável,

E Entregá-la Desarmada,

Pro Abate, É Inominável.

 

03- Não Existe Provas Feitas;

Indagam Sobre Espiões,

Chefes De Altos Escalões,

Mas Um Desponta Às Suspeitas.

 

04- Nas Tendas De Assistência,

Há Tensa Preocupação,

Nos Corações, Nas  Consciências;

Com Angustiante Apreensão.

 

05- Então Sessa A Escaramuça,

Gemidos, Urros De  Dores,

Ranger De Dentes, Tremores,

Francisca Parte À Labuta...!

 

06- Os Lanceiros Continentes:

Cercados E Aprisionados,

Guerreiros Morrem Calados,

Refletindo O Sol Nascente.

 

07-  Francisca Vê Piões Cruéis,

Sobre Tombados, Feridos.

Perversos Quais Cascavéis

Executando Vencidos.

 

                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

08- No Campo Um Lençol De Mortos,

Centenas De  Aprisionados,

Que Irão Regressar Pro Tronco,

Em Grilhões Acorrentados.

 

09-  Então  Avança Pra Lá,

Mas, De Abutres Surgem Garras,

Que Lhe Põe  No Peito  Espadas:

Pra Que Francisca Não Vá:

 

10- Em Socorro Aos Desvalidos,

Que Tombaram  Emboscados,

E Mesmo Assim São Sangrados,

Sendo Mortos Sem Sentidos.

 

11-  São Abutres Carniceiros,

Que Estão Cercando  Porongos,

Enquanto Matam  Herdeiros:

Do Sul Ao Norte Do Congo.*

 

*Embora  Em Número Menor, Havia  Escravos

 descendentes do Congo, e principalmente de regiões ao norte e ao sul.

 

12- Mas Se Cansam Da Matança:

Feridos Resistem Em Vida ,

E As Mulheres Comovidas,

Põe  O Juízo Na Balança.

 

13- Então Renascem Palavras, 

De Antigas Nações Tribais,

Num Mundo Humano Em Escombros,

Dor Em Línguas Ancestrais: .

  

14- EKoka,  Gege, Kicongo,

Yombe, Yaka, Yauma, Umbundo,

Matamba,  Chócue   Ovambo,

Ndombe, Nyemba, Kimbundo.

 

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

15- Deuses Foram Alvorados,

Chamados Da Natureza,

Do Reino De Aiê A Orum, 

Em  Orixás E Riquezas. 

 

16- Obá! – Edé! – Oduduá!

Aganju! – Exu! – Oxum!

Oxanguiã! -  Orunmilá!

Oraniã! – Otim! – Ogum

 

17-  Os Mortos Do Mundo Aiê,

Todos Guerreiros De Ogum,

Foram Com Olurumarê,

Livres Pros Campos De  Orum.*

 

19- Os Lanceiros E Gavião*,

Sobrevivos Da Emboscada,

Seguiram Em Campanha Armada,

Defendendo O Velho Chão...!!!

 

*Campos Para Onde Vão Os Guerreiros Mortos Em Luta merecedores de glória..  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

Poema III

 

01- Francisca  Se Angustia,

Sapiência Para Aliviar  Dores,

Mãos Talhadas Pra Curar,

Sem Poder Prestar  Favores... ... ...

 

02- Depois Então,  Liberada,

Para Os Brancos Socorrer,

Índios,  Mulatos, E Negros...

Nesta Ordem  Pra Atender... ... ...

  

03- Seguida De Ajudantes.

Muitas Choram Com Emoção.

Mulheres Prestando Ajuda.

De Prontas E Aflitas Mãos... ... ...


04- E Os Imperiais Permanecem,  

Qual Nuvem De Gafanhotos,

Que Pousam  Em Plantações,

As Deixando Só Nos Tocos...

 

05- E Vão Escolhendo Gente

E Os Fazendo Prisioneiros

Irão Pro Rio De Janeiro

A Ferros: Grilhões, Correntes.

 

 

 

 

 

 

 

                                                                             

 

 

 

 

 

 

 

 

Poema IV

 

01- Surge De Regresso O Médico,

Contornando O Pé Do Morro,

É O Esposo De Francisca

Trazendo O Pronto Socorro... ... ...

 

02- Matéria Base, Elementos:

Princípios Primos Em Vítros,

Petrechos, Medicamentos,

,Por Ele E Ela Prescritos.

 

03- Partira E Deixara Há Dias,

O Exército Ordenado,

Chega E O Que Vê À Frente,

É Qual  Rastro De Um Tornado.

 

04- Dias Longos, Intensivos,

Trabalhos, Noites Em Claros,

Correrias E Martírios,

E Perdas De Amigos Caros... !!!

 

05- Longe De Tudo E De Todos

Nenhum Recurso Por Perto

A Pampa Livre É Um Deserto

É O  Médico Ao Velho Modo

 

06- A Enfermaria Ao Ar Livre, 

Céu Aberto De Novembro,

Gente Estendida Ao Sol,

Dentes Cerrados Gemendo.

 

07-  E O Socorro Dedicado,

Longas Horas Na Senda, 

As Sombras Improvisadas,

Galhos, Ramos, Mantas, Tendas.  

 

                                                                                                              

 

 

 

 

 

 

 

 

 

08-  Sofrimentos, Mortes Lentas,

Procedimento, Improvisos.. ... ...

Nada Disso Era Preciso:

Houve Sinais, Recomendas...!!!

 

09-  Que O Chefe Não Quis Ouvir,

Todos Eram Seus Amigos,

Pra Entregar-se Ao Engodo,

Armado Pelo Inimigo...!!!

 

10-  Ou Então Fingir O Credo,

Num Distorcido Tratado, 

Pra Encobrir Uma Traição,

E Acertos Com O Outro Lado.

 

11- Suspeitas Nasce Em Porongos

Perguntas Já Na Alvorada:

-Guerreiro Que  Se Diz Bravo,

 E, Que Some Da Luta Alçada...???

 

12- Francisca  Reflete O  Golpe,

Que Em Uma Atração Caíra:

Ficou Só Na Madrugada,

Enquanto O Garanhão Partira.

 

13- O Ataque, A Chuva De Balas,

O Estrondo Meio Ao Escuro,

Todos Gritando Em Apuros,

Sem Ninguém Para Ampará-la

 

14- Na Hora Mais Precisada,

Quem A Surpreende Então...!

O Homem Mais Preparado,

Pronto Com Suas Hábeis  Mãos...!

 

15- Duarte Ergue Os Feridos...,

Vai Suturando Os Cortados...;<

Entalando Ossos Quebrados...,

Reconfortando Os Vencidos..., 

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

16- Tal Qual Como Sempre Fez,

Com Francisca Sempre Ao Lado,

Durante Anos A Fio,

Em Seus Socorros Prestados...!!!

 

17- Todos Ali  Desabados,

Guerreiros Por Si Validos,

Sob Os Pés Dos Inimigos,

Examinados, Cuidados...!!!

 

18- Sob As Ordens Do Império:

Seus Princípios Excludentes:

Duarte Dribla Os Critérios,

Pra Chegar A Os Mais Urgentes.

 

19- Ordena Seus Comandados:

Façam Tempo De Excelência: 

Brancos, Índios, Depois Negros:

-“Mas, Segundo As Emergências”:

 

20- Primeiro Os  Mutilados,

São As Ordens De Sua Voz:

-“ Cortes Profundos  Após

Por Último Os Escoriados”.

 

21- Acudindo Ambos Os Lados,

 Não Vê Vau Pra Outra Mão:

Mesmo Com Bases Na Ação,

São Enfermos Segregados.

 

22- E Outros Feridos Em Ais

Levados Para Uma Estância,

Dado As Suas “Importâncias”:

Por Serem Pragas Imperiais.

 

23- Aos Quais, Duarte Em Guarida,

Todo Dia Os Visitava,

E Sua Arte Emprestava,

Pra Devolver-lhes À Vida.

 

                                     

                                                 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                       

 

 

 

 

 

 

 

Confissões 


 
Capítulo XVII

 

 

 

01-  Na Porta De Sua Tenda,

O Papagaio De Tão Só,

Em Tristeza De Dar Dó,

Murmura Em Sua Vivenda.

 

02- Então Recebe O Carinho,

E Atenção De Seus Donos:

Remédio Pro Abandono,

Pra Quem Se Perdeu Do Ninho.

 

03-   Aflição Nos Olhos Seus:

Cabisbaixo, Deprimente,

Parece Que Está Consciente,

De Tudo Que Aconteceu.

 

04- Murmurando Bem Baixinho,

De Cortar O Coração,

Provocando Compaixão,

Está Triste O Animalzinho.

 

05- Afagam O Pobrezinho,

Depois Cansados Da Senda,

O Recolhem Para A Tenda,

E O Abrigam  Em Seu  Cantinho.

 

                                    

                                                                                                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Adentram-se E Num Lampejo,

Francisca Lembra O Intento:

De Contar O Advento:

Efeitos De Seus Desejos.

 

07- E Se Prepara Previdente,

Pergunta-se: Se É A Hora?

Então Decide: É Agora,

Porque O Conforto É Urgente!

 

08- E A Duarte Confidente, 

A Sua Frente Se Prostrou.

Leve E Franca O Preparou,

Pra Contar O Incidente.

 

09- Relata O Que Se Passou,

Entre Ela E O Comandante... ... ...

Sonhos Densos, Revoantes,

Que Em Sua Ausência Sonhou...!!!

 

10-Fantasias E Lirismos,

Que Viveu E Que Voou,

“Que Em Pesadelo Pousou”.

Ao Despertar Pra Um Abismo...!!!

 

11-  Então O Médico A Encarou...,

Bem Fundo No Sentimento...,

Percorreu Por Todo Um Tempo...,

Reviveu..., Rememorou....,

  

12- Naquela Intensa Emoção,

Entre Grandes Sofrimentos,

Aquietou-se..., Então Lembrou...,,

De Todos Os Bons Momentos... ... ... 

 

13- Que Com Francisca Viveu...`

O Dia Que A Conheceu,

Os Seus Primeiros Passeios,

As Alegrias, Os Anseios...

 

 

                                                                                                                   

 

 

 

 

 

 

 

14- Aquele Primeiro Olhar,

Refletindo A Paixão,

Quando Deram-se Às Mãos,

E Puseram-se A Passear...

 

15- Então  Com  Calma  Contou

Que Quando Andou  Na Cidade,

Se Encontrou Com Um Velho Amor,

E Que Então Matara A Saudade...!!!*

 

16- Francisca Que, Apreensiva,

O Aguardava Em Ação,

Qual Juiz Em Condenação:

Torna-se Também Juíza.

 

17- Por Um Bom Tempo Se Olharam ,

Calados,  Compenetrados...,

E Seguiram Se Olhando,

Olhos Nos Olhos Cravados.

 

18- Pareciam Implicáveis.

Aqueles Olhos Se Olhando,

Mil Lembranças Se Passando.

Frente A Frente, Inarredáveis: 

 

19-  Os Dois Agora Lembrando,

Bons Momentos Que Viveram,

O Dia Em  Que Se Conheceram,

As Lembranças Vão Rodando.

 

20- Há Valores Na Balança,

Pesando Em Ambos Os Lados,

Os Corações Disparados,

Os Sonhos, As Esperanças.

 

22- Cada Um Com Seu Legado

Entrelaçando Suas Almas,

A Razão Buscando A Calma,

Os Sentimentos Cuidados.

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

23-  E O Tempo Em Voltas Passando,

Em Movimentos A Rodar,

Voltando Ao Mesmo Lugar,

E Aqueles Olhos Se Olhando.

 

24- As Cartas Todas À  Mesa,

Naipes De Ambos Os Lados,

Pondo Em Risco Seus Legados,

Pra Salvá-lo Com Nobreza.

 

25-  Um Risco Que Toda Mulher,

Jamais Deverá  Correr,

Pois Se O Machista Souber,

Ela Poderá Morrer.

 

26-.E A Vida É Particular,

Pra Se Revelar Segredos,

Limitados Por Degredos,

De Abusões A “Nos”  Regrar.

 

27- Com Francisca E Com Duarte,

Foi Bastante Diferente,

Eram Livres, Resistentes,

E Fortes De Parte À Parte.

 

28- Já Não Mais  São Fiéis Puros,

Mas Honestos Frente À Frente,

Grandiosos Diante Ao Incidente

Se Reerguem  Mais Seguros.

 

29- E Num Elã Se Enxergaram,

Riram-se Sem Se Conter

E Cumplices Se  Encontraram:

Perdoaram-se A Compreender:

 

30- Os Incidentes, As Penas:

A Vida, Suas Armadilhas,

Que A Emoção Faz Dilemas,

E O Entendimento Concilia.

 

 

 

                          

 

 

 

 

 

 

 

 

31- Os Dois Dentro De Um Abraço,

Em Respeito A Própria  História,

Ventura, Paixão E Glória,

E O Moral Forte Qual O Aço.

 

32-  Na Noite Em Conversação,

Adormeceram Pesados,

Vinham De Um Dia Penado,:

Irmãos Morreram  Em Suas Mãos:

 

33- Delirando Esperanças,

Quais Fossem Dormir Cansados,

Pra Se Acordar Preparados,

E Prosseguir Nas  Andanças.

 

34- Amanhece E Os Resistentes,

Mesmo Com Cortes Profundos,

Foram Acordando Pro Mundo,

Se Lembrando Que Eram Gente.

 

35- E Aqueles Que,  Prisioneiros,

Da Luta Saíram Ilesos

Nos Ombros Lhes Jogam O Peso

De Se Tornarem Coveiros

 

36- Com As Pás Que Tinham À Mãos,

As Covas Improvisadas,

Uma A Uma Eram Cavadas,

Irmãos Enterrando Irmãos.

 

37- A Vida Que A Guerra Ceifa:

Chusma De Cruzes No Campo,

Quem Se Acorda Seca O Pranto,

Com A Liberdade Desfeita.

 

38- E Os Urubus No Cangote,

Anunciando Àquela Gente,

Um Futuro Pertinente

De Grilhões, Tronco E Chicote.

 

 

                                                                 

                                                                                                                                               

                                                                  

 

 

 

 

 


39-  Dez Anos De Luta Insana,

A Lança Extensão Das Mãos,

Em Busca Da Redenção,

E No Final, Traição Tirana.

 

40-  Sol Levante A Uma Braça,

Francisca E Então Duarte,

Já Estavam Fazendo Parte,

Qual Boa Nova  Em  Graças.

  

41-  Acompanhando De Perto,

Sempre Esperados, Queridos:

Reconfortando Os Feridos,

Esperançando Os Despertos:

 

42-  Com A Cura Encaminhada;

Furos De Balas Fechando,

Os Cortes  Cicatrizando,

Quebraduras Entaladas.

 

43-  O Moral Quando Alquebrado,

Não Casa Com Ferimentos,

O Paciente Em Desalentos,

Recupera  Demorado.  

 

44- Foi Assim Com Todo Aquele,

Que Saiu Pra Socorrer,

Por Sua Própria Conta E Risco,

E Aos Infantes Quis Valer.

 

45- Se Ao Caso É Um Vitorioso,

Nem No Leito Quer Ficar,

Em Busca Da Montaria,

Já Quer Partir Pra Lutar.

 

46-  O Pior Dos Ferimentos,

Pra Todos Aqueles Guapos,

Foi Moral: Um Sentimento,

Que Os Deixou  Quais Fossem Trapos.

 

 

                                                                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

47-  Desconfiados De Traição

A Certeza, O Chão Seguro

Virou Abismo, Apuros:

Sem Rumos  Na Vastidão

 

48- Depois De Um Certo Conforto,

E Suas Perdas Superando,

Ainda Chorando Os Mortos,

Muitos Foram Levantando.

 

49- Segue O Médico  Duarte,

Os Resgatando  Do Tombo,          

Com Os Negros O  Moral,

Os Corações Em Ribombos: 

 

50- Prisioneiros Já Marcados,

Para Um Destino Distante,

Trabalhar Para  Importantes,

Como Escravos Condenados:

 

51- Falando Ao Pé Do Ouvido

Enquanto Em  Procedimentos

Vai Ouvindo Pensamentos,

Em Conselhos Comovidos: 

 

52-  Primeira Oportunidade:

Abram Rasgos, Cortem Rombos,  

Nas  Matas  Ergam Quilombos,

 E Construam A  Liberdade.”

 

53- Aos Índios Fala Dos Campos:

Vidas Livres, Novos Dias,

Contra  Limites De  Estâncias,

Marcadas Em Sesmarias:

 

54- Soltem-se Nas Pradarias,

Nos Campos Desmensurados,

Antes Que Os Recortem Em Fatias,

Com Limites De Alambrados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

55- Aos Tropeiros, Domadores,

Lembra A Vida Itinerante,

Estancias, Tropas E Domas,

Povoados, Festas Dançantes. 

 

56- A Os Pardos E Aos Teatinos:

Nem Cidadãos Nem Selvagens:

Sigam  Abrindo Passagens,

No Mundo “Continentino.”

 

57- Enquanto As Mãos De Francisca,

Vão  Refazendo Ataduras,

Vão Trocando Curativos,

Lhes Dispensando Ternuras.

 

58-   Percorre  Em Recomendas,

Leitos E Tendas No Pasto,

Velhos Amigos Enfermos,

Feridas De Estanho E Aço.

 

59- Esmeros, Sábios Cuidados,

Os Tranquiliza E Acalma,

Suas Palavras E Suas Mãos,

São Puros Afagos  N'Alma...

 

60- E As Dosagens De Remédios,

Dadas Com A Colher Na Boca,

Pra Curar Todo Guerreiro,

E Lhe Atiçar Quimeras Loucas:

 

61-  Sonhos E Ânsias  De Curas,

 Devaneios E Romances

Com Alguém “Fora De Alcance”

Que Lhes Toca Com Ternura.

 

62- Delírios Em Deserção:

Felicidades Sem Fim,

Num Rancho Lá Nos Confins,

Viver Eterna Paixão.

 

 

riHor

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

63-...E O Lanceiro Indiferente,

Às Belezas  Da Enfermeira:

Sonha  Com Sua Linda Negra,

Num Outro Mundo Premente:

 

64- Num Quilombo Bem Distante,

No Meio Das  Matarias,

No Alto Das Serranias,

Com Vista A Todo Horizonte.

 

65- Águas Doces Cristalinas,

E Cachoeiras Para O Banho,

Sonho Possível Em Tamanho,

Com A Amada Linda E Felina.

 

66- Francisca Não Vê  Desdém,

Nem O Distingue Dos Outros:

Olhos Ternos, Meigo Rosto,

Trata Lhe Querendo Bem.

 

67- Os Imperiais Em Ação

Se Aprontam Pra Debandar

Deixam Feridos Pra Trás:

Não Servem Pra Escravidão...!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desterro

 

 

 

Capítulo XVIII

 

 

01- Os Dias Em Desencantos,

Lentos, Tristes E Pesados,

Com O Lúgubre Legado: 

Enterros, Cruzes No Campo.

 

02- Corpos  Feridos, Marcados,

As Histórias Nas Lembranças,

Lágrimas Que Rolam Mansas,

E Deixam Os Rostos Lavados.

 

03- Um Sol Que Rumando A Pino,

 Vai Trazendo O  Meio  O Dia.

Aplacando As Agonias,

Reconfortando Os Destinos:

 

04- Feridos Que Então Fugiram

Dos Matos Estão Voltando

Os Socorros Procurando

Depois Que Os Imperiais Partiram

 

05- Mulheres : Todas As Cores,

Sem Mostrar Dificuldades,

Sempre De Boa Vontade,

Socorrendo Em  Penhores.

                                                                                            

                                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

06- O Sol Declina Pra Tarde,

Sem Pena Daquela Gente,

Padecendo Ao Sol Fervente

Que Aquece, Queima E Arde. 

 

07- Nas Noites O Clima Ameno,

´São Alívios Refrescantes,

Mas A Febre Alucinante,

Faz Delírios Nos  Enfermos:

 

08- Quanto Mais A Noite Desce

Mais A Febre Queima E Sobe

Mais As Dores Aparecem

As Confissões Se Descobrem:

 

09- Um Contando  Histórias Lindas,

Que A Guerra Não Foi Em Vão,

Que A Paz É Bela E Bem Vinda,

A Liberdade, O Seu Chão:

 

10- Que Lavrou E Que Plantou,

Que Colheu E Que Moeu,

 Fez Farinha E Amassou,

E Do Seu Próprio Pão Comeu.

 

11- Outro Fala Da República

Da Escravidão  Abolida

Da Liberdade Pra Vida

Em Todo O Sul Da América

 

12- E Citam  José  Mariante,

O Coronel  Gavião,

Zé Amaral  Ferrador:

Patronos Da Abolição

 

13- Passam  Noites Em Delírios,

Falam  Em Plantas  E Cercados...,

O Rancho Todo Arrumado,

Criação, Mulher E Filhos.

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

14- Aos Poucos Vão Se Acordando,

Da Ponta De Um Novelo,

Caindo Num Pesadelo,

E Das Contas Vão Se Dando.

 

15- São Guerreiros Que Pelearam

Lanceiros Negros Tombados

Por Estarem Mutilados

Pra Escravidão Não Levaram

 

16-  Uns Ainda Entrevados,

Outros Já Se Levantando,

Trôpegos  Ajudando,

A Levantar Os Tombados.

 

17-  Aliviados Pela  Hora:

 Imperiais Fazem Escombros,

Tiram As Garras De Porongos,

Montam E Partem  Embora.

 

18- Levando Tudo Consigo,

Cavalhadas, Armamentos,

Viveres E Documentos,

 Irmão E Velhos Amigos.

 

19- Centenas De Prisioneiros,

Acolherados*  Mão À  Mão,

Fileiras Pra Escravidão

Marchando No Chão Pampeiro.

 

20- Na Multidão Ao Reponte,

Vão Qual  O Gado: Tropeados,

Pra Serem Escravizados,

Muito Além Do Horizonte.

 

21-   Deixam  Feridos Pra Trás,

Pois Já Não Prestam Pra nada,

Mão De Obra Escravizada,

Tem Que Ter Força Tenaz.

 

                                                                                            

                                                                                                                  

 

 

 

 

 

 

 

22- Entre Aqueles Que Fugiram,

Da Ameaça Se Esconderam,

Negras  Reapareceram,

Logo Após Que  Eles Partiram.

 

23-  Entre Elas, As Amantes,

Mães, Irmãs, Primas, Amigas,

Colos Que  Davam  Guaridas,

Quando Cansados E Arfantes.

 

24- Em  Agonia Com  A Sina,

São Pombas De Asas Quebradas,

Já Não Podem  Fazer Nada,

Contra As Feras Assassinas.

 

25- Então Todas Sobem O Cerro,

E Choram Ao Vê-los  Partindo,

E Os Sentem  Ao Longe Sumindo,

Na Agonia  Do  Desterro.

 

26- A Procissão Serpenteando,

Campos, Bosques A Cruzar,

Some Aqui E Surge Lá,

Na  Distancia  Se Apagando.

 

27-  Partem Pra Jamais Voltar,

Nas Lonjuras Os  Espera:

Os Grilhões De Uma Quimera;

Prontos Pra Os Devorar

 

28- Em Suas Mães, A  Dor Contida,

Não Tem Direito  A Valer:

Na Essência Do Próprio Ser,

Banzas Morrem Em Plena Vida.

 

29- Pois Nunca Mais Serão Vistos,

Salvo A Sorte Pra Um Fujão,

Que Foge Ao Primeiro Vão,

Mais Rápido Que Um Corisco.

 

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

30- Ao Rumo D’Águas Do Mar,

Na Trilha O Leste Buscando,

A Multidão Vai Andando,

Sem Direito A Descansar.

 

31- Paradas Pra Pernoitar

E Muito Antes Da Aurora

Levantam Pra ir Embora

Quem Para, Apanha Pra Andar.

 

32- Todos Rogam Por Fugir:

Na Noite São Pardos Os  Gatos:

Ganharão Brejos E  Matos,

Há Mocambos Pra Onde Ir.

                                                                               

33- Fora Disso Não Há Nada,

Nem Vontade, Nem Razão,

Nem  Escolha, Ou Solução,

Pra Esperança Devassada.

 

34- Pois No Porto Está Esperando,

Um  Veleiro Pra Zarpar,

Rumo Ao Norte Navegar,

Pra Escravidão Os  Levando.

 

35- Lindos Sonhos, Longos Anos,

Pelo Qual  Livres Pelearam,

Acreditaram E Viveram:

E O Prêmio: Destino Insano

 

36- Nos Ombros Pesa O Destino,

Calcando A Alma Penada,

Mas Há Esperança Alçada,

Nos Seus Olhos De Meninos.

 

37- Então Todos Vão Sonhando,

Na Espreita De Frestas, Rombos:

Uma Fuga Pra Um Quilombo,

Onde Haja Irmãos Aguardando.

 

 

               

 

 

 

 

 

 

 

 

38- Na Alma O Desengano;

Por Léguas Acorrentados,

Ao Reponte Aprisionados:

Mão Cruéis, Olhos Tiranos.

 

39- É A “Feitoria Do Mundo”  :

Tortura  À Dignidade,

Morte  À Honra,  À  Liberdade;

Em Cativeiros  Imundos:

 

40- É A Anulação Do Ser,

Da Individualidade,

Da Coletiva Vontade,

E Da Alegria De Viver.

 

41- Muitos Olhando Pra Trás

Veem  Porongos  No Horizonte:

Amigas, Irmãs, Amantes...

A Dor Aperta Tenaz

 

42- Em Ondas De Interações

O Cerro Está Lhes Olhando,

Porongos Ficou Penando:

Presente Nos Corações.

 

43- Entre Os Dois Lados Do Mundo.

Vai Se Criando Um Abismo,

Que Os Sentidos Perdem O Juízo,

Em Sofrimento Sem Fundo.

 

44- Por mais Que Sejamos Fortes,

Amargor Sem Despedidas,

E Este Abismo Entre As Vidas,

Não Há Peito Que Suporte.

 

45- Miragens Na Imensidão,

Os Olhos Já Não Alcançam ,

Mas Os Corações Não Cansam,

De Vê-los Na Vastidão:

 

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

46- Banidos Ao Desalento.

Da Pampa Ao Alto Do Cerro,

De Extremo A Extremo O Desterro,

Degreda As Almas Por Dentro...!!!

 

47- Abismo De Ânsias Perdidas,

Que Desde O Fundo Do Chão,

Rasga Um Infinito Vão

Entre Irmãos De Sangue  E Vida...!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                               

 

 

 

Dandara

 

E Mãe Andira

 

Capítulo XIX   

 

 

01- Há Tarde Mãe Preta Andira,

Notou Dandara Sem Jeito,

Com A Mãozinha No Peito,

Triste, De Asinhas Caídas.

 

02- Triste..., Todos Estavam,

Mas Mãe Andira Conhecia,

A Tristeza Em Cada Guia,

Que Nos Olhares Brilhavam.

 

03- E Perguntou Pra Menina:

O Que Foi Que Aconteceu?

Num Suspiro Ela Gemeu,

E Contou Toda Sentida.

 

04-  Que... De “Negrinha” A Chamaram:

Com  Escárnios Depressivos

E Os Feitores Do Mau Juízo:

Imperiais Que Ali Passaram:

 

05-Depois Do Final Da Luta

E Gente Ganhando O Mato:

Revistas Por Todo O Lado,

E As Prisões À Força Bruta.    

 

                                                                                                                                        

                 

 

 

 

 

 

 

 

06- No Fundo De Uma Carreta,

Então Dandara Esconderam,

Mas Logo Apareceram,

Dois Batedores Lambetas

 

07- Em Revista A Encontraram,

E Vieram Lhe Inquirir,

Assim Que A Viram Sorrir,

Os Fuinhas Se Encantaram.

 

08- E Dandara Em Seus Segredos

Mesmo Na Guerra Em Criança,

Foi Só Sonhos E Esperanças...,

Pouco Sabia Do Medo.

 

09- Cercaram-lhe A Perguntar:

- Porque Estava Escondida?

Disse-lhes Alguém Mais Vivida:

-“Fez Para Não Trabalhar”!

 

10- Vivandeiras A Falar,

De Pressa Se Reuniram,

Com Esperteza Agiram,

Sem Dar-lhes Tempo A Pensar:

 

11- Estávamos A Procurar

Esta Pretinha Danada,

Que Nunca Quer Fazer Nada,

Passa A Vida A Se Entocar.

 

12- Os Fiscais Pensam Em Maldades.

Mas A Vivandeira, Airê,

Num Blefe Deu Pra Eles Ler,

Um Auto De Propriedade.

 

13- Os Sabendo Analfabetos,

Expondo Seus Brios Às Veras:

Espertalhona Que Era,

Com Belas Jovens Por Perto:

 

                                              

                          

 

 

 

 

 

 

 

 

14- Cercaram-nos De Elogios:

Ratos Carentes No Fronte:

Se Imaginaram Gigantes

Em Conquista E Desafios.

 

15- Airê A Carta Entregara:

Olharam-na, Se Demoraram...

Fingiram Que A Interpretaram.

E Devolveram Dandara.

 

16- O Registro Fora Achado:

Rezava Sobre Um “Trambique”:

Mulas Por Um Alambique,

E Os Bobos Puseram Credo.

 

17- Vivandeiras Em Penhores,

Sabem Tudo Do Viver.

E Todas Souberam Ler,

Aqueles Olhos Predadores:

 

18- Dandara Entre Dois Corcundas:

Com Semblantes De Urubus,

Sonhando Seu Corpo Nu,

Em Fantasias Imundas.

 

19- Andava Livre  No Pasto:

Esbelta E Linda Gazela,

Com Fortes E Ternos Laços,

Brilhava Qual  Uma Estrela:

 

20- Nasceu Com Sorte Na Vida,

Com Olhos Por Todo Lado,

Pra Lhe Manter Aos Cuidados,

Dar-Lhe Conforto E Guarida.

 

21- Então Perdem A Prendinha.

Pra Roda De Vivandeiras,

Que “Juram-lhes Trabalheiras”

Em “Castigo” À Mascotinha.

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

22- Os Ratos Partem Da Ceara,

Mas Fazem Lamas Na Chuva:

E Quais “A Raposa Às Uvas”,*

Então Desprezam Dandara:

*Não Me Refiro Ao Título Da Fábula, mas a atitude da raposa em relação às uvas.

 

23- Magoados Expressam Nojo:

- “Não Passa De Uma Diabinha,

Que Além De Negra É Um Entojo,

Fiquem Com Esta Negrinha”!

 

24- Enfim Se Esgueiram Embora:

Urubus Desenxabidos,

Rabos Quebrados, Caídos

Se Arrastando Campo A fora.

 

25- Logo Após Terem Partido,

Embora O Alegre Tumulto,

Dandara Indaga O Insulto,

Com O Amor Próprio Ferido:

 

26- Nunca Ouvira Em Sua Vida,

Tal Ódio De Voz Humana

Com Expressão Tão Tirana,

Qual Fosse Suja E Bandida.

 

27-  Linda Princesinha Órfã:

De Sua Mãe Foi Separada,

Quando Comercializada,

Em Uma Feira Em Olinda*

 

28- Mãe Andira, Sua Presilha:

Liberta De Uma Fazenda,

Talhada Pra Toda A Senda,

Tem Dandara Qual Sua Filha.

 

29- Conhecera Onde Viveu:

Como Escrava Trabalhando,

Quando Um Dia A Viu Chegando,

Criança, E Se Enterneceu.

 

                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

30- Mãe Rainha Do Terreiro,

Negros: Redondel Formado,

Som De Tambores Marcados

Cantos: “Pontos Batuqueiros”:”:

 

31- Mesmo Odila Mãe De Umbanda,

Que É Bamba Em Brancas Rendas

Se Entende Pras Oferendas

Com A Mãe Velha De Aruanda:.

 

32- Severa, Mas Com Doçura

Aplica Aulas Sobre A Vida

Em Belas Lições Contidas

De Alertas Contra Amarguras

 

33- Socorre Lhe De Chegada,

Diz: -Estes São Os Racistas:

O Pior Escravagista,

Cheiram A Carne Estragada!

 

34- Não Há  Incenso Das Índias,

Nem Perfume De Paris,

Pra Tal Morrinha Infeliz,

Desta Pandilha Vadia.

 

35- Chega A Ser De Arrepiar

A Fedentina Desta Gente:

Corpos E Almas Doentes

De Dar Pena Só De Olhar.

 

36- Eles Se Acham Superiores,

Vivem Pra Nos Por Coleiras,

Pra Trabalhar Em Suas Eiras,

E Promovê-los A Senhores.

 

37- Vou Te Contar Um Segredo,

Guardes Junto Ao Coração,

Ele Te Dará Razão

Pra Que Tu Vivas Sem Medo.

  

 

                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

38- Há Um Refugio Contido

No Fundo De  Nossa Alma,

Que Nos Protege E Trás Calma

Contra Espíritos Malditos.

 

39- É Um Lugar Reservado:

E O Silencio É O Seu Signo,

Que Enleia Anjos Malignos,

Senhores E Paus  Mandados.

 

40- É Preciso Reforçá-lo,

Guardá-lo Com Muito Zelo,

Saber Tê-lo E Contê-lo,

E Jamais Vir A Negá-lo:

 

41- Aquilo Que Te Faz Mal,

Só Contes Aos Teus Iguais.

Daqueles Que Vem A Mais,

Segredes Até O Final.

 

42- Se Acaso For Orixá,

Não Precisará Dizer:

Já Sabe, E Vai Te Valer,

Assim Que Tu Precisar.

 

43Se For O Teu Protetor,

Não Precisarás Contar:

Ele Virá Te Ajudar,

Seja Quando E Onde For

 

44- Mas Se Alguém Vier Indagar,

Querendo Os Teus Segredos,

Jamais Caias Neste Enredo,

Ele Vem Pra Dominar.

 

45- Mesmo O Escravo Preso Ao Dono

Tem A Alma Sempre Sua:

Jamais A Exponha Nua,

Nunca Deixe-a Ao Abandono.

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

46- Não Consinta Ao Inimigo

Vir Saber O Que Mais Temes:

Mantenhas Te Sempre Ao Leme

E Viverás Bem Contigo.

 

47- Nem Saber Do Que Mais Amas:

Dizes Sol, Te Põe Na Chuva.

Quer Quindins, Te Servem Grama

Tens Um Bem, Te Fazem Viúva*.

 

*Quando Tinha Uma Escrava Bonita Que O Senhor Gostava, Se Descobrisse que ela gostava de algum escravo, o Senhor o Vendia Para Bem distante.

 

48- Por Isso Se Revelares

Provarás Desilusão:

Servirás Com As Próprias Mãos

As Armas Pra Te Atacarem.

 

49- Assim Sendo, O Nome, Ou Cor,

Que Nos Dá O Escravagista,

Não Fará Parte Da Lista,

Do Que Nos Faz Sentir Dor:

 

50-  A Dor É O Direito Manco,

Que Nos Põe Acorrentados,

Sob O Trabalho Penado,

Pro Ócio Do Povo Branco.

 

51- O Nome Da Cor Falada,

E Mesmo Quando Escrita,

Não Diz Se É Tudo, Ou Se É Nada,

Nem Se É Santa Ou Se É Proscrita.

 

52- Os Brancos Quando Discretos,

Pensando Dosar Venenos:

Nos Chamam Até De Morenos,

E Outras Vezes De Pretos:

 

 

                                                                                       

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

53- Isto Nos Soa Fingido,

Revela E Nos Deixa Claro,

Que Longe Em Outros Amparos,

Nos Chamam: Negros Bandidos 

 

54- O Arco Iris De Dia

É Lindo Como Ninguém,

Mas Se O Imaginas À Noite,

Verás Magias Do Além.

 

55- Nos Olhos Negros Do Amante,

Enxergamos Fantasias,

Sonhos E Maravilhas,

E Deleites Estonteantes.

 

56- A Cor Negra Decantada,

É Um Raro E Negro Diamante,

Pérola Negra Brilhante,

Qual Noite Aberta Estrelada.

 

57- Nos Encontros Nababescos,

O Preconceituoso Branco,

Com Joias Em Arabescos

Trajam Negros Por Encantos.

 

58- Não É Da Cor Que Não Gostam:

Não Gostam Dos Donos Dela!

São Cientes  Que A Cor É Bela

Na Pele Dos Que Se Importam!

 

59- Quando A Cor É Difamada,

É Um Mal Com Um Certo Fim:

Tirar Proveitos, Mais Nada

Colhem O Bom, Devolvem  O  Ruim:

 

60- Ruim, É A Justiça Em Branco:

Ter Em Branco Os Sentimentos:

Ver O Mal Com Olhos Brancos:

Em  Brancos Consentimentos!

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

61-  De Memória Prodigiosa,

A Mestra À Maneira Antiga,

Entre Prosas E Cantigas,

Conta Lembranças Preciosas:

 

62-  Um Dia Um Velho Senhor

Dedicou-se A Me \Contar,

Que Negro Diz Do Lugar,

E Jamais  Raça, Ou Cor:

 

93-  “-A Vero, A Palavra (Negro),

Vem De Rica Região:

Com Gente Pra Escravidão

Onde Milhões Foram Pegos:

 

64- Mantidos A Ferro E Cravos

Por Brancos E Sombrios Sócios,*

Prisioneiros Pra Negócios,

Pro Duro Trabalho Escravo.

 

65- Isto Vem A Tempos Longos,

Na Nigéria E Região:

Benin, Malai, E Gabão

Do Rio Niger, E Além Congo.

 

66- O Nome Vem D’Agua Grande,

E De Um Povo Prodigioso,

Do Niger: Rio Majestoso,

O Qual Vastidões Abrange:

 

67- E Que A História Em “Alegos”!

Diz:- “É Do Latim Que Vem"!*

É Que Pro Branco Faz Bem:

Dizer Seu:  Tesouros Negros

 

* Colonos europeus começaram a enviar navios ao longo da costa ocidental da África  nos séculos XVI e XVII, Dai Dizem que, Niger vem do latin (Negro).

 

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

68- Gher N Gherem: Rio Dos Rios: 

N Gherem: De, O Nigeriano

Pros Lusos Tornou-se (O  Negro)

(Lo Negro), Para Os Hispanos

 

* O nome pode vir da frase berbere ger-n-ger que significa " rio dos rios ". Ou de Gher N Gherem: Rio dos rios, dos Tuaregs. Diz-Se: Nêguer!

 

69- E Outras Versões Ganhando:

Le Noir Para Os Franceses,

The Nigger Para Os Ingleses,

Il Nero Pros Italianos.

 

70- Ferir-se Com O Nome “Negro”,

É Dar Mão A Palmatória,

Pro Injusto Contar  Vitórias,

Preconceituoso E Alegro.

 

71- Chamar De Negro, Ou Branco,

Mulato, Preto, Ou Moreno;

Não Fará Ninguém Pequeno

Nem Rei Com Coroa E Manto

 

72- A Marca Que Está Atrelada,

É Que Faz A Dor Profunda:

É A Escravidão Imunda

Que A Ela Vem Associada.

 

73- O Branco Em Perverso Apego,

De Escravizar O Irmão,

Tem Nojo Da Própria Ação,

Mas O Transfere Pro Negro.

 

74- E Em Vez De Coragem Humana,

E Vontade Pro Trabalho,

Bom Vivam Pelos  Atalhos,

Nos Fundem Em Riqueza Insana:

 

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

75- O Que Então Nos Dão Em Trocas?

Uma Dura E Breve Vida,

Triste Morte Sem Guarida,

Nas Senzalas Quais Em Tocas.

 

76- Nos Renegando A Esmos,

Nos Deitando Preconceitos:

Fogem Em Dever E Direito

De Julgar A Eles Mesmos:

 

77- E O Mal Que Tem Em Suas Almas,

Transferem Pras Nossas Peles,

E Em Contradições Nos Repelem,

Fugindo Do Próprio Trauma.

 

78- Mãe Andira Se Declara

Nas Coisas Do Coração:

Pensamentos..., Emoção,

Sua Paixão Por Dandara:

 

79- Criança Tu És Um Amor:

Quando Chegaste Do Norte,

Rezei E Te Pedi Sorte,

E Clemencia Ao Senhor!

 

80- Guarde As Lições, E Ciente,

As Faças Tua Cidadela,

Pois Se Sabedora Delas,

Ajudarás Muita gente.

 

81- És Bela Como Ninguém,

Como Sofro Em Ti Ver Triste!

O Teu Riso Não Existe,

Teu Andar É Do Além!

 

82- Vamos, Rias Meu Benzinho!

Tens Luz E Sinceridade,

Altivez E Liberdade,

Em Teus Olhos Meu Anjinho!

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

83- Nasceste Pra Ser Feliz,

Eu Sonhei Com Teu Destino,

Conhecerás Um Menino,

Não Sabes, Mas Sempre O Quis!

 

84- A Saga Se Cumprirá,

Em Andanças Pelas Matas,

Em Campos, Rios E Cascatas..,.

E Chegando, Então Virá:

 

85- Um Tempo Lindo E Bondoso:

Do Que Precisas Pra Viver,

Cada Coisa Hás De Ter,

Oxalá Será Piedoso:

 

86- Amigos Na Redondeza,

Para O Que Der E Vier,

Mãe Velha Pra Socorrer,

Com Benzas E Outras Prestezas!

 

87- Um Rancho Em Tamanho Certo,

Lavoura Pra Plantação,

Um Jardim, A Criação,

Teu Amor  Sempre Por Perto!

 

88 - Lindos Filhos De Teu Ventre,

Longe Do Branco E Da Guerra,

Em Um Quilombo Na Serra,

Serão Felizes Pra Sempre!

 

89- Dandara Qual De Um Encanto,

Ressurge Bela E Brilhante,

Adolescente Estonteante,

Em Aura De Luz Qual  Manto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

O Regresso

 

 

Capítulo XX

 

 

01- Contar Causos É Uma Glória,

São Muitos Os Contadores:

Leais, Ou Fantasiadores,

Nos Vão Contando A História:

 

02- Senta Um  Índio Destemido:

Cruza A Perna O Teatino,

Cipriano, O Sem Destino

Vai Nos Contar O Ocorrido,

 

03-  Preparado Qual Vigário

Pra Pealar Desavisados:

Conta  Causos, Debochado,

Provocando O Imaginário.

 

04- Um Fumo Em Corda Picando,

Depois Sovando À Mão Cheia,

Puxa A Palha Da Orelha,

Em Seguida Vai Enrolando.

 

05- Do Bocó, Puxa O  Isqueiro:

Uma  Pederneira De Isca,

Faz Chama Com Uma Faísca,

E Logo Acende O Palheiro.

 

                                                                  

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Com A Unha Do Polegar,

Da Mão Direita,  Pressura,.

Com A Mão Esquerda, Segura.

E Ajusta A Braza A Queimar.

 

07Traga Com Calma  O Pichuá,

E Soltando Fumaça Grande,

O Brilho Dos Olhos Brande:

Expande Alegria No Ar.

 

08-  Desde Onde A Memória Alcança, 

Do Que Viu, Ouviu, Sentiu...

Em Um Auto Desafio,

Se Põe  A Contar Lembranças:

 

09 – Depois Daquela Emboscada,

Só Sobrou Um Pandemônio,

Entre Espíritos Errôneos,

Perdidos Na Derrocada.

 

10- ...Um Acampamento Triste:

Improvisada Enfermaria,

A Falta Do Comandante,

Até Então Ninguém Sentia,

11-  Num Repente Alguém Indaga:

-O Que Foi Que Aconteceu?

Já Faz Um  Dia O Sumiço,

Será Que Vive, Ou Morreu...???

 

12-  Outro Comenta Os Boatos:

Pois Fugiu Pra Pampa Larga,

Pala Em Tira,  Lombo Em Pelos,

Em Um  Burrico De Carga!

 

13- Com A Bainha Sem A Espada,

Dando Palmadas Na Perna...

Atropelando Barracas...

Qual Quem Já Não Se Governa...!!!

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

14-  Mas Logo Socorre Alguém

Contando Com Emoção:

- Foi Visto Ferido Em Luta 

Montado Em Seu Alazão...!!!

 

15- O Sangue Em Vermelhidão,

Manchando  A Farda  Guerreira,

A Espada Na Mão Certeira,

Contra A Tropa Do Barão...!!!

 

16-  Um Retruca: E Que Guerreiro...!!!

Correu Pra Tropa Mais Perto,

Foi Proibir Por Decreto,

Que Socorresse Os Lanceiros!!!

  

17-  “Enquanto Sua Tropa Branca,

Separada E Protegida,

Dormia Bela Da Vida,

Guardada Em  Uma Retranca!!!” 

 

*-Há Relatos Dizendo  que, o comandante José Martim proibiu o General Da Silveira,de Socorrer os Lanceiros.

 

18-  Outro Responde De Inhapa:

-Era Derrota A Olhos Claros,

Para Quê Deixar Mais Caro,

Uma Derrota Farrapa...!!!

 

19- Há Que Outro Retruca A Guia:

-Sem Demonstrar Nenhum Penhor

Deixar Parceiros De Valor,

Sem Socorro, É Covardia...!!!

 

20- Surge Outro  Defensor:

-Seu Destino É Um Mistério:

Contam Que Em Luta Foi Preso,

 E Levado Pelo Império!!!

 

21- Que O Levaram Pro Norte

Para Um  Flagelo Imperial:

Lombo Lanhado Com Sal,

Mil Chicotadas À Morte...!!!

                                                                                                                 

 

 

 

 

 

   

 

22- Mas, Um Outro Contrariando:

 Que Nada...  Com Da Silveira,

Seguindo A Trilha Costeira,

Furtivos Se Acantonando...

 

23- Surge Um Que Jura Ser  Vero:

Rachou O  Brejo No Meio,

Abaixo  De Tiroteio,

Tapado De Quero-Quero...!!!

 

24-  E Um Tal Que Se Diz Certeiro:

Foi Visto Todo Lanhado,

De Botas,  Porém Pelado ,

Correndo Rumo Ao Pampeiro.

 

25- E Enriquecem Os Relatos:

Fugiu Com Brancas, Charruas,

Negras E Mulatas Nuas,

E Se Embrenharam No Mato.

 

26- E Por Lá Se Engalfinharam,

Pouco Ligando A Emboscada,

Numa Festança Danada,

Só Sei Que Por Lá Ficaram.

 

27- Enquanto Todos Peleavam,

Na Emboscada Sanguinária,

Os Desgraçados Fornicavam,

Numa Orgia Perdulária...!!!

 

28- E Seguem-se As Opinões,

Desde Às Mais Inusitadas,

Às Mais Sérias E Honradas,

Entre Questões E Versões....

 

29-E Os Índios...?  Um Perguntando:

-De Amores Com As Companheiras,

 -É O Que Fazem A Noite Inteira...!!!

Completa Um Outro Atalhando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

30- Mas Compra A Briga Um Terceiro:

- Usam Hábeis Mãos  Lanceiras,

São Mestres Nas Boleadeiras,

Domadores, Cavaleiros...!!!

 

31- Estavam Índios Presentes,

Em Socorro Lado A Lado,

Guerreiros Voluntariados,

Juntaram-se  Aos  Lanceiros.

 

32- E Perguntam:  E Os Teatinos?

Então Respondem: -  Mateando...!!!

Em Seus  Causos,  Gargalhando,

Divertidos,  Sem Destinos...!

 

33- Outro Afirma Ironizando:

- Há Muito Deixaram A  Luta!

Tocam E Cantam Debochando,

Mais Jamais Sob Batutas...!!!

 

34- Fazem Guerra Por Dinheiro,

Todos Pardos Descendentes,

Mataram  Sua Própria Gente,

Nos Combates Missioneiros...!!!

                                                                 

35-Então Num Repente Avistam,

Um Vulto Ao Longe Apontando,

Aos Poucos Se Aproximando,

Uns Indagam, Outros Palpitam:

 

36Uma Pobre Alma Teatina

Que Fugiu Da Emboscada.

E Se Perfila Na Visada

Quanto Mais Se Aproxima.

 

37- Num Alazão Doradilho,

Embora Altivo Marchando,

Adelgaçado Brandeando,

Com Um Vulto No Lumbilho...!!!

                                                                   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

38- E Vai Chegando O  Andejante,

Que Salvou-se Da Peleia?

O Vulto, Chega E Apeia,

Pois Não É Que É O Comandante...!!!

 

39- De Caronas  Na Garupa:

Uma Índia E Uma Mulata...

E Ele Então Falou:- Coitadas,

Achei Perdidas Na Mata...!!!

 

40- Com Ares De Alquebrado,

Desmontando Diz Sem Graça,

Que Se Perdeu Na Fumaça,

Foi Cercado E Tiroteado.

 

41- De Um Tiro, Passa A Contar:

Que Lhe Raspou O Ouvido,

Que Então Perdeu Os Sentidos,

Pelos Campos  A Vagar.

 

42- Tão Desnorteado Ele Estava,

Que Perdeu Noção Do Morro,

Que Não Gritou Por Socorro,

O Inimigo O Espreitava.

 

43- Que Entrou Com Cavalo E Tudo

No Meio De Um Tremedal

Gravatás, Japecangal...

E Por Lá Se Entocou Mudo...

 

44- Que O Império Lhe Cercava:

Gente Por Todos Os Lados,

Não Se Viram Encorajados,

De Chegar Onde Ele Estava...

 

45-Que Comeu  Frutos Silvestres

Que Bebeu  Águas Nas Fontes

Que Dormiu No Chão Do Fronte

Sob O Cobertor Celeste...!!!

 

                                                                       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

46- Que As Meninas O Socorreram

Que Socorreu  As Meninas...

Quem Conhece  Sua Cina...

Entre As Linhas Já Entenderam....!!!

 

47- Os Educados  Lhe Ouvindo,

Os Adulões Lhe  Elogiando,

E Conta Mais Uma Vez,

E Outra Vez Vai Contando. 

 

48- Para Alguns  É  Um Janota,

Que Quer Se Justificar.

Em Socorros A Prestar,

Francisca Sequer  O Nota.

 

49-  Pra Muitos,  É Qual O Herói:

Que Renasceu  Da Tragédia,

E Voltou Em Seu Alazão,

Com O Mundo Em Suas Rédeas.

 

50- Pra Outros Perdeu Tais Rédeas”,

Faz  Dramalhões, Se Constrói

Mas Ao Contar  Se  Destrói,

Se Desandando  Em Comédias .

 

51- E Aqueles Que O Observam,

Com Olhar Acusador,

E Nele Ouvem E Enxergam,

A Expressão De Um Traidor.

 

52- E Os Amigos Previdentes,

Que O Defendem A Todo Instante,

Que Pros Quais É Um Gigante,

Caluniado E Inocente.

 

53- E Faz Teatros Pra Falar,

Qual Um Drama Recitando,

Fala Olhando Pra  Francisca,

Que Está Perto Medicando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

54- Mas Logo Avista Duarte,

 “Manqueia” Em Seu Coração,

Com A Volta Do Puro Sangue,

Então Se Sente Um Rufião*.

 

55-  E Segue Contando Os Fatos:

O Balaço No Ouvido:

Triste Perda Dos Sentidos;

Pinta E Repinta O Retrato.

 

56- De Tanto Ter Repetido,

Percebe Um Sábio  Olhar,

Entre Francisca E Seu Par, 

Qual Um Deboche Contido...!                

                                                           47- 57-Então Vira Toro Brabo,

E Se Intromete Mandando,

No Que Bem Está Funcionando,

Sem Noção Faz Os Ditados.

 

58- Reclassifica Os Feridos,

Mostra Pra Quem Está Olhando,

Sem Porque E Sem Sentido,

Quem É Que Ali Está Mandando.

 

59- O General Da Silveira:

Diz: Aqui Está Controlado,

 Todo O Resto Destroçado,

Precisa Um Geral  Comando!

 

60- O Comandante Calado:

Encontrou-se /  Não É Burro,

De Olhos Franzidos Turros,

Entende Logo O Recado.

 

61- Não Se Perde, Nem Se Queixa,

Ordena: “Então Continuem!!!

Trabalhem E Não Recuem”!!!

E Sai Qual Mestre Na Deixa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

62- Então Parte O Comandante,

Pra Rever Seus Comandados,

É Só Desordem No Prado,

Destroços Dos Contingentes.

 

63- Muitos Correm Pra Cercá-lo,

E O Enxergam Qual  Modelo,

Se Derretem Só De Vê-lo,

E O Acodem Pra Abraçá-lo.

 

64- Afeiçoados  Se  Chegando,

Aliados, Companheiros,

Disputam Quem É O Primeiro,

Em Sua Volta Gravitando.

 

65- E Outros Que O Recebem Bem.:

Educados  De Raízes,

Nem Tristes E Nem Felizes,

Com Seu Regresso Do Além

 

66- E Aqueles  Que Vão E Vem:

 Com Raiva E Mal Disfarçados,

Que De  Longe Dão-lhe O Lado.

E Mal Escondem O Desdém.

 

67- E Espiões Aduladores,

Os Que Mais Herdam  Confiança,

Entre  As Discórdias De  Atores

Fomentando Desconfianças.

 

68- E Então As Damas De Ensejos,

Vivandeiras,  Meretrizes,

Com Mãos E Dedos Felizes,

Nos Seus Bolsos Em  Arpejos...!!!

 

69-E Se Ergueu O Comandante

Não Levou Nem Mais Que Um Mês

Lá Estava Ele Outra Vêz

Com Mais De Mil Homens Por Diante.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

70- Com Coragem Se Levanta,

Contra Doze Mil Soldados,

Pelo Barão Comandados,

E Abri Guerrilhas Na Pampa.

 

71- Sabe Não Ter Outro Vão:

Resta Exibir Resistência,

Gana Pra Toda Existência,

Nos Limites Da Razão...

 

72- Do Contrario: O Sentimento

De Derrota Consentida:

Torturas, Perdas De Vidas:

Forcas E Esquartejamentos.

 

73- É Vital Causar Temor:

Convencimento Ruim:

Que A Guerra Será Sem Fim:

Pra Sempre Se Preciso For.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Banho 



Capítulo XXI

 

 

01- Os Dias Ficam Mais Leves,

Aquela Gente  Se Erguendo,

Os Sonhos Se Refazendo,

Qualquer Esperança Serve,

02- A Tarde Morna Domada,

Matizes Num Céu Sereno,

Um Sol Dourado Descendo,

Em Cores Acetinadas.

 

03- Qual Em Passos De Uma Dança,

Entre Tristes E Felizes,

Sobre Relvas E Raízes,

Um Casal  Passeando Avança.

 

04- A Natureza Em Relevos,

Vagas Em Sombras E Luzis,

Sob Os Matizes Das  Nuvens,

Vão Os Dois Cheios De Enlevos

 

05- Entram  Abrindo Folhagens

Pela Mata Rumo As Fontes,

Projetando Horizontes,

Comentando A Paisagem.

 

 

                                                                       

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Os Joões-De-Barro  Redobram ,

Coleiro Do Brejo Canta,

Canário Da Terra Encanta,

Curiangos Voam E Pousam.

 

07- E Entre  As Chuvas De Sois,

Que Sarapintam A Penumbra,

As Borboletas Azuis:

Grandes, Lindas, Voam,Alumbram.


08- Haveria Desengano,

Em Tal Imperioso Amor,.

Em Que Um Adora O Outro,

Qual O Beija Flor E A  Flor...!!!

 

 09- E Buscam As Águas Do Arroio,

Vão Tomar Um Banho A Dois.

O Casal Firma-se Amigos,

O Que Será, Virá Depois.

 

10- E Francisca É Só Amores,

Com O Regresso De Duarte,

Em Ciclo A Fêmea Em Alvores,

Sentindo Que Lhe Faz Parte.

 

11- Duarte  Entende  E  Se  Aquieta,

Murmuram As Águas Correntes.

Francisca Linda E Discreta,

Um Universo Presente.

 

12- Seu Perfume Excitante,

Lhe Faz Transparecer Nua,

E Duarte Neste Instante,

Percebe-se Parte Sua.

 

13- O Banho É Festa Pra Alma,

Inda Mais Nos Dias Quentes,

Com Águas Límpidas, Correntes,

Balançando A Vez Que Falta:

                                        

 

                               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14-  Lembram Noites Sufocantes,

Longos Dias Escaldantes,

Sem Água Até Pra Beber...,

E Agora Um “Rio” Vem lhes Valer.

 

15- Despem-se Junto Á Barranca,

As Roupas Na Estreita Areia,

As Nativas Flores Brancas

E Um Homem E Uma Sereia.

 

16- Pisam As Águas De Mãos Dadas,

Em Devaneios De Prazer,

Lembranças Iluminadas,

Futuro Pra Acontecer.

 

17- Rumo À Nascente Do Arroio,

Águas Puras Cristalinas,

Travessura Adolescente:

Um  Menino E Uma Menina.

 

18- Duarte Molha Francisca,

Francisca Molha Duarte,

Com Suas Peles Mouriscas,

Num Quadro De Pura Arte.

 

19- Duarte Em Conchas Com As Mãos,

Desse  Água Em Seus Cabelos,

Que Escorrem Pelos Seus Ombros,

Por Seus Seios Em Apelos.

 

20- Em Seu Corpo Nu Sem Pejos,

Faz Murmúrios De  Cascatas,

Pele De Seda Em Gotejos ,

Quais Sonhos De Serenatas.

 

21- Misturando-se Ao Frescor,

E O Doce Cheiro Das Matas ,

Olhos Belos, Sem Temor,

Riso Franco Que Arrebata.

 

                                                                       

 

 

 

 

 

 

 

 

22- O Arroio Raso E Maneiro,

Num Remanso Rolador,

Francisca Qual Uma Flor,

E Duarte Qual Jardineiro.

23- Em Marejos Derramados,

Brincadeiras Com Seu Corpo,

Duarte Sonha Absorto,

Retorna  O Apaixonado.

 

24- Faz  Muitas Vezes Em Zelos,

Cascata Em Pele Morena,

Escorrem As Águas Serenas,

Desde Os Fios De Seus Cabelos.

 

25- Óhhh...!! Vertentes Cristalinas,

Das Nascentes De Porongos,

Que As Águas Correm Em  Seu Corpo

Desde Os Cabelos E Os Ombros...!!!

 

26- É Qual Um Véu Transparente,

Mostra Em  Seu Rosto Sucego,

Com Brilhantes  Olhos Negros,

E Vivos Lábios Ardentes...

 

27- Nela, Tudo São Encantos,

Veste Uma Aura Dourada:

Que Excede O Corpo Qual Manto

De Luzis Nas Alvoradas.

 

28-  E Faz Tal Qual Como Sempre,

Seus Banhos Na Natureza:

Vestida De Águas Correntes,

Transparecendo Em Belezas.

 

29- Não Se Mede Em Tamanhos,

Nem Com Versos É Descrito:

Há Desejos De Infinitos,

Naquele Ritual De Banho.

 

 

                                                                                                                  

 

 

 

 

 

 

 

30- Quais Sonhos De Um Esteta,

Pintando Senas Profusas,  

Só Comparável A Um Poeta...

A Banhar-se Com Sua Musa.

31- O Desejo Resistente,

Com Toda A Força Contido,

Até Romper Os Sentidos,

E Explodir Num Repente:

 

32- Então Acontece  O Beijo,

O Languido Come Boca:

Um Degustando O Outro:

Em Desejos,  Ânsias  Loucas,

 

33- Os Dois Rolam Nas Areias,

Nas Águas Claras  Correntes,

Os Corpos Querem Fundir-se,

Quais Elos De Uma Corrente.*  

 

*-  Rimas com palavras polissêmicas, isto é, são escritas exatamente iguais, mas com significados diferentes.

 

34- Foi Feito Amor Ali Mesmo,

Numa Explosão De Momento,

Subiram Ao Firmamento,

E Desabaram  No Abismo.

 

35- Olhos Nos Olhos Pasmados,

Revelam-se Em Prazeres,

Felicidades  De Amores,

Profundos Ensimesmados:


36- Acima  Do Acampamento,

Banho Em Águas Reservadas,

Pra Beber E Cozinhar,

Não Pra Deleites Com A Amada.

 

37- Deitados N'Água Corrente

Deram-se Conta De Si,

Francisca  Qual Inocente,

Encantadora Sorri.

 



 

 

 

 

 

 

 


38- Logo A baixo A Se Valer,

Com Sede, Alguém Em  Sua Sina

Debruça-se A Beber,

Das Mesmas Águas Cristalinas.

 

39- Um Penitente  Em  Sua Guia,

As Catas De Sua Flor,

Pressentiu Que A Perderia,

Quando Regressou O Doutor*

                                                                                                         40- Mata A Sede: O Cheiro, A Guisa:

Um Mau Aviso  Lhe Veio.

Sente O Gosto De Francisca,

Mas Com Um Tempero No Meio.

 

41- Saca A Espada Em Desafio,

Com Olhos  De Cão Raivoso,

Polegar Testando O Fio,

Sobe O Arroio Qual Tinhoso.

 

42- Buscando Sua Contraparte ,

Nos Ramos Desfere Talhos,

Num Triz Francisca E Duarte,

Partiram Pelo Atalho:

 

43-  Ouvem Ruídos Dissidentes,

Nus E Com As Vestes Às Mãos,

Saem E Correm Previdentes,

Em Contrária Direção:

 

44- Deixam Rastros Na Areia,

Mas Na Contra Mão E Astutos,

Os Dois Saem Pelas Pedras,

Encobertos Entre Arbustos.

45- E Ainda Ouvem Os Bufos,

Praguejos  E Xingamentos,

Alguém Se Debate Em Urros,

Na Jaula De Seu Tormento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

46- Caminhando De Mãos Dadas,.

Avistam Sem Qualquer Erro,

O Acampamento Na Alçada,

Ao Fundo No Pé  Do  Cerro.

 

47- Não Há Pressa De Chegar

Há Conforto, Sentimentos

E Seus Cabelos Ao Vento

Ganhando Tempo A Secar

 

48- Vestem-se Os Dois A Seguir,

Mesmo Estando A Vontade.

Se Integram Sem Diferir,

Com Tal  Naturalidade,

 

49- Que Nada É Percebido,

A Não Ser Alguém Espiando,

Que Esteve Se Deleitando,

Entre As Moitas Escondido.

 

50- O Mesmo Que Fora Pego,

Em Êxtase A  Espionar,

Francisca  Em Um  Banho Alegro,

Em Uma Tarde  A Se Banhar:

 

51- Desta Vez Tudo Ajudou,

E Nada Foi Percebido.

O Comandante O Pegou,

Mas Negou O Que Foi Visto.

 

52- Revelou Que Eram Outros,

Que Por Ali Tinham Passado,

E O Contra Rastro Apontou

Pro Amante Desatinado:

 

53- Condenado À Aflição

Dos Amores Passageiros,

Em Busca De Paradeiro,

Em Um Meigo Coração.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                 

 

 

 

 

 

 

 

Dandara E Gabão

“O Encontro”

 

 

 

01- Confessa-se Em Triste Hora,

Pra Mãe Andira, Gabão,

Abre Então Seu Coração,

Sem Medo Da Confessora:

 

02- Eu Sonho Com Um Amor,

Eu A Conheci No Norte,

Mas Um Leilão Do Senhôr,

Desgraçou A Nossa Sorte.

 

03- Cabinda De Olhos Brilhantes,

Pele Negra Reluzente,

Contrastando Riso E  Dentes,

No Mundo Não Vi Mais Linda.*

 

*Rimas de extremos.

 

04- Meu Coração É Uma Salga,

Lembro A Menina Em Sua Dor:

Os Olhos Do Comprador,

Querendo lhe Em Corpo E Alma.

 

05- Eu... Menino Acorrentado,

A Seu Lado Em Exposição,

Fui Comprado No Leilão,

E Vim Parar Por Estes Lados.

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Nunca Mais Eu Pude Vê-la,

Nem Sei Por Onde Ela Anda,

As Vezes Em Minha Banza,

Eu Choro A Dor De Perdê-la.

 

07- Isto Não Faz Muito Tempo.

Dandara Me Lembra Ela,

Tulipa Negra Tão Bela,

Perfumando Brisa E Ventos...!!!

 

08- Noite Com Chuvas De Estrelas,

Olhos Negros Refletindo,

A Primavera Se Abrindo,

Nos Sonhos Que Posso Vê-la.

 

09- Mãe Andira Então Lhe Fala:

Dandara Não Te Notou,

Mas É Ela O Teu Amor,

Está Escrito Nas Estrelas.

 

10- O Dia Em Que Ela Parar,

Por Um Instante Pra Te Ver,

Serás Tu O Bem Querer,

Com Que Ela Vai Sonhar.

 

11- Não Force O Acontecimento,

A Natureza Fará,

Um Encontro Se Dará,

Está Chegando O Momento.

 

12- Dandara Já Te Curou;

Tu Já És Inteiro Dela,

E Viverás Só Pra Ela,

É Ela O Teu Grande Amor.

 

13- Não Sofras Pela Cabinda,

Que Iluminada Ela É,

Sofrerá Pouco, Ou Nada:

Tem Seu Dono A Seus Pés!

 

 

                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

14- E Uma Mensagem Do Céu,

Me Revelou Com Certeza:

Arco E Flecha Em Sua Beleza,

E Escudos De Luz Qual Véu...!!!

         

15- Saberá Se Defender,

Comprará Sua Liberdade,

Terá Mansão Na Cidade,

Com  Irmãos Pra Lhe Valer.

 

16- São Os Apartes Que Existem,

Que É Para Sempre Neste Mundo,

Qual Um Abismo Profundo,

Que Nos Separa E Faz Tristes:

 

17- Das Lembranças, Vem A Dor,

De Estar Um De Cada Lado,

Se Olhando Apaixonados,

Sem Jamais Poder Transpor.

 

18- A Cabinda É Resolvida,

E Mandará Em Seu Mundo,

Mesmo No Limite Imundo,

Da Escravidão E Da Lida.

 

19- Dandara E Tu, São Anginhos,

Com Lindas Asas Pra Voar,

Quais Águias Pra Procurar,

Propício Local Pro Ninho!!!

 

20- Assim Que Se Entenderem,

Quando Ela Te Descobrir,

Dandara Vai Te Sorrir,

Em Seguida Te Escolher.

 

21- Não Esperem Pelo Fronte:

Nos Abandonou À Sorte,

Neste Mundo Ronda A Morte,

Vão Buscar Outro Horizonte!!!

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

22- A Oeste Existem Perigos,

E Ao Sul, Ainda Maiores,

A Leste Sinais De Horrores,

Ao Norte Haverá  Amigos.

 

23- Eis Que Chega Dandara:

Escultura Soberana,

Menina Beleza Em Prana,

Germe De Amor Em Cearas:

 

24- E Se Encontram Cara A Cara,

Ela Olhando: Vê Gabão,

Suspira Em  Seu Coração,

Como Nunca Experimentara.

 

25- E Gabão Cai Em Torpor,

Qual  Passarinho Encantado,

Numa Serpente Enrolado,

Inoculado De Amor.

 

26- Em Vez De Medo, Coragem:

Trocada Em Ternuras Mútuas,

Que Encanta A Primeira Vista,

Pra Uma Eterna E Feliz Viagem.

 

27- Não Há Forças Pra Impedir,

Aquelas Bocas Confessarem-se,

Aqueles Olhos A Olharem-se,

E Inspirarem-se A Sorrir.

 

28- Nada Proíbe No Entorno,

Que Suas Mãos, Venham Tocar-se,

Seus Braços Venham Abraçar-se,

E Sentirem-se Um Pro Outro.

 

29- Cumpriu-se A Profecia,

Qual Mãe Andira Sonhou:

É O Amor, Que Atrai O Amor,

E Alegria; A Alegria:

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

30- Mãe Andira Para E Pensa,

O Tempo Voa Qual O Vento,

Organiza Em Pensamentos,

A Hora Mágica E Densa.

 

31- Tem Que Salvar O Casal,

É Imperioso Que Assim Seja,

É O Futuro Que Se Enseja,

Divino Sangue Ancestral.

 

32- Então Com Bomani Fala,

E Os Amigos Ao Redor,.

Pra Uma Viagem Maior,

Para Um Começo Do Nada.

 

33- O Bichará Pras Pousadas,

Broacas Com Suprimentos,

Uma Boa Mula Pro Guento:

Das Veredas Escarpadas.

 

34- Bomani, Um Estrategista,

Lecionado Dos Embates,

Prevenido Qual Mascate:

No Baú Guarda Ametistas:

 

35- Tenho Atado Em Uma Vertente,

Um Moro Que É Um Pensamento,

Leve E Veloz Qual O Vento:

É Deles! É O Meu  Presente!

 

36- Com As Broacas No Lombo,

Levem A Mula Ao Cabresto,

No Pé Da Serra Há O Aresto:

Junto A Um Arroio, É O Mocambo.

 

37- E Os Três Escalam Porongos:

Bomani Mostra Horizontes,

 As Nuvens Brancas Distantes,

A Luz Do Sol Em Descambo.

 

 

 

                                                                       

 

 

 

 

 

 

 

38- No Cume Os Três Ombro A Ombro,

Bomani Aponta Pro Norte:

Estão Vendo Aquele Monte,

É Lá Que Fica O Quilombo:

 

39- É Uma Redoma  Antiga

Sombreada Por Densa Mata

Mas Vê-se A Lua De Prata

E Se Ouve Velhas Cantigas

 

40- Cansados Da Escrava Lida,

Estenderam Suas Teias,

La Fundaram Qual Aldeia,

Esconderijos Pra Vida:

 

41- Morrendo De Insanidade,

Querendo Viver De Novo,

Ergueram Um Pequeno Povo,

Refúgio Pra Liberdade.

 

42- E A Liberdade É A Razão:

Um Dia A Impala Morre,

Mas Todos Os Dias Corre ,

Das Garras De Um Leão:

 

43-  E Corre Soberba E Livre,

Com O Mundo Inteiro A Dispor:

E Enquanto Inda Veloz For,

Dia Após Dia Ela Vive.

 

44- Então Com A Vida Escondida,

Liberdade Refugiada;

Pode-se Escolher Estradas,

Ter As Mãos Pra Própria Lida:

 

45- Leis De Obedecer Escalas:

Os Limites São Quais Lanças  ,

 Onde O Olho Branco Alcança

Pra Nos Caçar Pras Senzalas.

 

                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

46- Repouso Nos Paradeiros:

Longe Da Escrava Labuta,

Onde O Ouvido Branco Escuta,

O Silêncio É Conselheiro.

 

47- Mantenham-se Sempre Esquivos

Que A Intuição Branca É O Mal

E  A Segurança É Crucial

Todo  Juízo É Preciso

 

48-Vão Pelas Costas De Matos,

Longe Das Trilhas Marcadas,

Sem Fogueiras Nas Paradas,

Nas Aguadas, Nos Repastos.

 

49- Pros Longos Trechos De Campo,

Esperem Em Mata Fechada,

E A Noite Façam  Cruzadas,

Que Chegarão Como Encanto.

 

51- Demarquem O Sol Poente,

E Voltem-se Para O Norte,

Escolham Estrelas Pra Aporte:

Na Noite Será Prudente.

 

51- Na Ilharga O Sol Nascente,

 Deixem Sempre Pra  Direita,

Ao Se Acercarem Da Feita,

Irão Ver Na Serra O Monte.

 

52-Nossa Gente Os Esperando,

Muitos Saíram Daqui,

Vão Festejar A Sorrir,

Ao Verem Vocês Chegando.

 

53- Todo Cuidado É Pouco

Pisem Macios Na Relva

Andem Quais Sombras Na Selva

Ouçam Murmúrios Remotos

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

54- Se Sentirem-se Caçados

Não Se Transformem Em Caça

E Qual O Jaguar Na Negaça

Portem-se Do Outro Lado:

 

55- Imóveis Entre As Folhagens

Olhos Fixos, E Mudos

Que Levem Cavalo E Tudo

A Liberdade É O Que Vale.

 

56- Apaguem Rastros Na Areia

Pegadas Pelo Caminho

Onde O Cansaço Os Baleiam

Desmanchem Marcas De Ninhos

 

57- Se Ouvirem Os Cães Latirem,

Deixem Animais E Bagagens,

Disfarçados Nas Ramagens,

Traçam Voltas Onde Irem..

 

58- Entulhem  A Rota Que Conta

O Local Dos Animais.

Demarquem Sinais Cruciais,

Que Pra Todo Rumo Aponta .

 

59- O Mais Depressa Que Puder,

A Um Círculo Alargado,

Emendem Aos Rastros Deixados,

Conforme O Tempo Requer.

 

60- Com A Lança Em Um Salto,

Pulem Fora Do Caminho,

E Largarão Os Focinhos,

Pro Recomeço Do  Assalto.

 

61- Ela Tem Haste Suficiente:

Braça E Meia De Extensão,

Qual Vara Pra Impulsão:

Voem Fora Previdentes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

62- Pulem Um De Cada Vez,

Revezem A Lança No Salto,

E Tão Distante Quanto Alto,

Fujam Com Astúcia E Levez.

 

63-Sejam Canhadas, Coxilhas,

Várzeas, Matos, Ou Pastos,

Largue-os No Contra Rastro,

E Deixem De Lado A Trilha:

 

64- Se Houver Sanga A Fluir.

Andem Na Água Corrente,

Pra Trás Deixem A Nascente:

Rumo A Barra Devem  Ir.

 

65- Que A Água Rola Na Areia

Levando Cheiros À Frente,

Quem Segue Atrás Nada Sente,

Se Perde E Logo Vagueia.

 

66- Ouvindo Os Cães Extraviados,

Latir Cada Vez Mais Longe,

É O Sinal Que Lhes Responde,

Pro Rumo Ser  Retomado.

 

67- Não Esqueçam De Marcar,

 O Local Dos Animais,

Um Sinal Devem Achar:

Pedras, Campos, Arborais.

 

68- E  O Regresso Oculto E Brando...,

Pra Resgatá-los Com As Bagagens,

Que Pode Estar Entre As Folhagens,

O Inimigo Os Esperando.

 

69- Estreitando-se Em Rodeios,

Volta Por Volta Aproximem,

Tronco Por Tronco Examinem,

Não Vendo Jagunço Ao Meio:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

70- São De Vossa Propriedade.

Mas Se Virem Caçadores,

Esqueçam Vossos Penhores,

Que O Que Vale É A Liberdade...

 

71- Vou Postar Suprimentos,

Pra  Travessia Inteira,

Dará Pra Aguentar O Tempo.

Jamais Acendam Fogueira.

 

72- Se Perderem As Bagagens

Farão Coletas Ao Léu

Da Abelha Colham O Mel

Do Inhame Comam Raizes

 

73- Ponha Dandara À Garupa,

Cavalgue Junto As Revessas:

 E Só Desçam, Nas Aguadas,

Vá Cuidar Desta “Muleka”!!!

 

74-  Que Entre Leões E A Senzalas,

Se Escolhe Sempre Os Leões:

Pra Estes, Sobram Razões,

Daquelas, Não Sobram Nada.

 

75- O Sol Vem Nos Revelar

Com Luzis Em Formosuras...,

Mas A Noite Feia, Escura...

Tem  A Sombra A Nos Guardar...!!!

 

76- Este Mundo É Tirano,

Negro Aqui Nunca Foi Gente,

Há Preconceitos Doentes:

Não Nos Veem Como Humanos.

 

77- Somente Os Bichos Marcados,

No Abatedouro Das Charqueadas,

Tem Sorte Mais Desgraçada,

Do Que Um Negro Escravizado...!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

78- Não Demorem-se À Partir,

A Madrugada Vos Espera,

O Cheiro Da Primavera,

Há De Chamá-los Pra Ir....

 

79-O Local Estão Olhando...,

É Aquele No Horizonte,

Ao Chegarem Ao Pé Do Monte,

Terão Irmãos Os Esperando.

 

80- Descansem Em Seus Alentos,

Que Preparo Cavalo E Mula,

Lança Pra Empunhadura,

Bruacas Com  Mantimentos...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Noite Das Lobas

 

"Capítulo em homenagens a os índios Guaranis, e aos descentes de Charruas, Haraxanes, Tápes e Minuanos que lutaram na guerra".

 

 

Capítulo XXII

 

01-   Um Novo Dia Em Porongos,

Todos Cansados Da Lida,

O Sol A Pino Pra Vida,

E O Equilíbrio Nos Ombros.

 

02- E Desce Uma Tarde Quente,

Em Um Dia Enfumaçado,

Ar Sufocante E Parado,

Os Destinos Divergentes:

 

03- Brancos Guardam-se Em Comboios,

Mantam  A Sede  Em  Moringas,

Negros, Índios Nas Cacimbas,

Sombras E Banhos No Arroio.

 

04- Águas Mansas Roladeiras,

O Médico E A Enfermeira,

Misturam-se Com Os Nativos,

Para Um Banho Alegre E Vivo.

 

05- Rachando A Tarde Ao Meio,

Se Refrescam Do Mormaço,

Se Divertem Em Asseios,

Brincando Ao Mesmo Compasso.

                         

 

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Caudaloso E Estreito Arroio,

Entre Inhames E Arvoredos,

As Flores E Seus Segredos,

E As Cigarras Em Aboios .

 

07- Todos Nus Na Natureza,

Do Jeito Que Vieram Ao Mundo,

Em Reflexos E Grandezas,

Águas Rasas, Céu Profundo.

 

08-  A Tarde Cai Lentamente,

Um Sol Em Brasa, Poente,

Preguiçoso No Horizonte,

Quer Dormir Atrás Dos Montes.

 

09-Depois Do Banho Em Alentos,

Os Pensares Conferindo,

Vão Conversando, Sentindo,

Recolhem-se Ao Acampamento.

 

10- Então Francisca E Duarte,

Em Correlações: Exímios:

Mudam-se Ao Fim Da Tarde,

E Vão Acampar Com Os Índios.

11- O Casal Já Descansado,

 A Noite Calma Chegando:

Ajudantes No Comando,

 Dando Conta Do Recado.

 

12- Uma Visita Aos Feridos,

Os Falares Comedidos,

Procederes, Conferências:

Segredos De Experiências.

 

13- Depois Da Roda De Mate,

Com Seus Amigos Dolentes,

Um Jantar Leve E Prudente,

E O Futuro Em Debate:

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

14- Deitaram E Conversaram:

As Contemporizações,

Um  Repasse  No  Presente,

O Destino,  As Conclusões:


15- Discutindo As Razões,

Entre Confissões E Amores:

Lembraram-se De Antemão

Que Estavam Sempre Em Penhores.

 

16- Por Mais Que Sejam Maduros,

Os Casais Em Seus Tratados,

Quando Há Sombras No Passado,

Surgem Fantasmas No Escuro,

 

17- Longa Pausa, Silenciam,

Pairam  No Ar Erros Recentes.

Pesando O Clima Presente

Em Quietudes Se Associam:

 

18- Depois De Um Longo Silêncio:

Compassos Nos Corações:

Sussurram, Respirações

E Se Apaga O Mau Prenúncio.

 

19- Então Recita Duarte:

Se Quiseres Ser Feliz....

Diz Francisca: Sei O Adágio:

Não Toques Na Cicatriz...!

 

20- Então Emenda Duarte:

Se Tocar, Saibas Fazer...

Francisca Logo Completa:

Não Sabendo..., Irás Sofrer!

 

21-  Então Francisca Prossegue:

Calces As Minhas Sandálias...

Segue Duarte E Diz:

Andes Com Elas,  Meu Bem...

 

 

                                                

 

 

 

 

 

 

 

 

22- Então Provoca Francisca:

E Verás Que Onde Eu Errei... ... ...

Responde Duarte Rindo:

Tu Errarias Também...!

 

23- O Médico Conhece Manhas,

Sabe O Jeito De Fazer,

Vai Manter Seu Bem Querer,

Longe Do Chefe E Suas Sanhas.

 

24- E Francisca Por Sua Vez;

Seu Grande Amor É Duarte,

Se Amam De Parte A Parte,

A Vida Lhes É Um Prazer.


25- Vem À Luz Os  Pensamentos,

As Lindas Recordações:

Primaveras E Verões;

Floresce Os Bons Sentimentos.


26- A Noite Já Vai Adentro: 

E As Vozes Perdem Volume,

Baixam Ao Brilho Do Lume:

Murmúrios E Juramentos.

27- É Inegável O Amor

Entre O Médico E A Enfermeira,

Se Encontram Em Brincadeiras,

O Elo É Puro Candor. 

 

28- Duarte Aprendeu Com A Vida:

Há Um  Chamado Pra Atender;

Francisca  Estava A Sofrer

E Não Sendo Socorrida.

 

29- Os Sussurros, As Ternuras,

As Confissões Relembradas,

Já Não Pensam Em Mais Nada:

Nem Juízos, Nem Mensuras:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


30- Então; Um Beijinho Estala,

E O Inesperado  Começa,

A Noite Vai Ser De Festa,

Daquelas Que Nada Iguala.

 

31- Amor  Quando Arde Em Chamas,

A Noite Incendeia Loca.

E Por Mais Que Seja Longa

Toda Noite Sempre É Pouca.


32-  Desejos  Aquecem Mais:

Em Cores Quentes, Brilhantes,

Vai Encrustando Os Casais,

Feito O Ouro Com O Diamante.

 

33- E Começa Ardendo Aos Poucos,

Devagar Vai Se Alastrando,

Crescendo Em  Desejos Loucos,

Clamor De Luzis  Ecoando.

 

34- Libido Se Faz Presente,

Tope De Fita Em Amores,

Os Corações Em Tambores,

Acasalamento De Gente.

 

35- Mais Um Beijo, Muitos Beijos,

Abraços, Mundo Rodando,

Sussurros Ternos, Ensejos,

Carinhos, Corpos Planando...

36- É Com A Doçura Da Uva,

Que Se Apronta O Bom Vinho,

É Com Sussurros, Ternuras,

Que Se Recebe Carinho,

 

37- Então A Bela Francisca,

Por Fazer Amor Calada,

Naquelas Noites Passadas:

Já Não Se Contém À Risca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

38- Costumavam Levitar,

Em Longos Voos De Amores:

Desejando Só Se Amarem,

Dividindo-se Em Favores.

 

39- Então Entregam-se Inconscientes,

Pro Grande Acontecimento,

E Voam Os Sentimentos,

Se Livrando Das Correntes.

 

40O Ambiente É Loucura,

E Francisca Apaixonada,

Alça Voo Arrebatada,

Em Demências E Doçuras.

 

41- Toda Envolvida No Clima:

Quer Morrer De Desejar,

 Desliza As Ondas Por Cima:

Qual Uma Sereia No Mar,

 

42- Por Mais Que Fosse Contida,

Foi Crescendo Os Gemidinhos,

De Vez Em Quando  Gritinhos,

E A Frase: -"Amor Da Minha Vida"!

 

43- Foi Repetida Em Repentes,

Silenciava Por Momentos,

Ressurgia Num Crescente,

Qual Loba Uivando Ao Vento.


44-  Em Altas Horas Ecoava,

Aquela Doce Agonia,

E Outra  Vez Silenciava,

E Mais Uma Vez  Ressurgia.

 

45- Não Afoitos,  Mas Sedentos,

Se  Contendo  No Prazer,

Pra Quem É  Exímio Em Fazer,

Se Torna Eterno O Momento.

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

46- Quem Sabe Amor Encantar,

Se Entrega Em Pura Paixão,

Não Cansa E Volta A Buscar,

Em Eterna Sedução.

 

47- Ternura: A Arte De Amar ,

Quando Em Acasalamentos,

Faz Um Céu Dos Sentimentos,

E A Perdição Em Loucuras.*

 

*Rimas de extremos.

 

48- Nas Tendas Outros Casais,

Cercavam O Lindo Casal,

E  A Seresta  Em Cabedais

Foi Se Alastrando Em Coral.

 

49- De Barraca Em Barraca,

Contaminando Os Sentidos,

Semeando Anseios, Libidos,

Tomando A Noite Em Cascata.

 

50- As Índias Quebram Barreiras

Da Campanha Puritana,

As Guaranis Araganas 

Em Sonata A Noite Inteira.

 

51- Umas: Gemidos Frenados,,

A Não Poder Se Conter,

E Então Soltar O  Prazer,

Sem Temer Qualquer Pecado.

 

52- Outras: Em Uivos Largados,

Assanhando Quem Ouvia,

No Jogo Da Fantasia,

Soltavam-se A Todo Grado.

 

53- Dúzias De Lobas Uivando,

Cantam, Solfejam Em Couro,

Soluços, Gemidos, Choros,

E O Prazer  Foi Se Alastrando.

                                                                 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

54- As Juras De Mútuo Aceites,

Sublimação Ao Momento:

Confinando  O Sofrimento,

Por Libertar O Deleite.

 

55- Casais Negros E Mestiços,

Entraram Em Cenas No Show,

E O Volume Num Feitiço,

Foi Ecoando E Aumentou.

 

56- E Mesmo Com Casais Brancos,

Que Avizinhavam A Festa,

Sussurros E Uivos Francos,

Em Contra Canto À Seresta.

 

57- E Nos  Recantos Reclusos:

Entre Homens, Ou  Mulheres,

Houve Suspiros Confusos,

Cochichos  De Bem Me Queres. 

 

58- Adentrou A Madrugada,

Aquele Ritual Infindável,

Qual Fogueira Inapagável,

Cada Vez Mais Incendiada.

 

59- E Então Maestro Duarte:

Conduz  De  Batuta Em Riste,

Rege A Cantata E Insiste,

No Puro Domínio Da Arte.

 

60-  E Regendo A Grande Orquestra,

Vai Avançando Nas Horas,

Ecoando Noite  Afora,

A Afrodisíaca Festa.

 

61- Prazeres Deleites Pairavam,

Céu Estrelado A Brilhar,

Paravam, Recomeçavam,

Qual Sinfonia  Ao Luar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

62- Mesmo Os Enfermos  Sofrendo,

Já Nem Queriam  Dormir,

Se Deleitavam Ouvindo,

Uns Quietos, Outros A Rir.

 

63- Uns Querendo Levantar,

Participar Do Momento,

E Outros Os Seguravam,

E Os Mantinham  A Sustento.

 

64- Eram Risos De Alegria,

Diziam Comemorando,

 - Louvado Seja Meu  Deus,

Que Se Eternizem Se Amando.

 

65-   As Matronas Comentavam:

-Música Para Os Ouvidos!

É Lindo Quando Se Ouve,

O Amor Sendo  Atendido..!!!

 

66- E O Amor É Um Doce Açoite,

Demência Encantada E Bela,

Quem Faz Vê Chuvas De Estrelas,

E Arco-Irirs Na Noite.

 

67- Francisca Se Entrega Em Deixas,

A Ver Astros E Eventos,

Colorindo O Firmamento,

Em Suspiros, Choros, Queixas...

 

68-  Voando Numa Experiência,

Que Faz Do Amar Uma Síntese,

Numa Entrega De Consciência,

Perde Os Sentidos Num Êxtase .

 

69- No Coral Da Grande Orquestra,

A Prima Voz Desmaiou,

Voou Em Sonhos Na Festa,

Só Bem Mais Tarde Acordou.

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

70-   Oficiais  Naquele Instante,

Rugiam Frases  Enfadonha:

- Isso É Uma Pouca Vergonha

Não Pode Seguir Adiante!!!

71- Que Façam  Quietos No Escuro,

Dentro Do Maior Respeito!

Mas Se Amarem Deste Jeito...!!!

Que Escarcéu,  Que Desconjuro!!!

 

72-  ...E Os Gemidos  Ecoando:

Que  Os Arrancaram Do Sono

Perdem  Elegâncias,  Entonos

Vociferam Protestando:


73-   Caminham  No Acampamento,

O Que Sobra É Protestar,

Com Tanta Fêmeas A Uivar

Quais Labas Pro Firmamento.

 

74-  ... E A Cantata Foi Sonando:

Prazer Em Exibição

Pisando No  Coração,

De Quem  Não Tá Participando

 

75-  E Gritam Os Alarmados:

Isso Não Passa  Em Branco!!!

Contidos Por Moderados,

Que Os Aquietaram  Num  Canto.

 

76-  ...E  A Sonata  Entoando:

Loucura Que Extasia

Machucando A Fantasia

“De Um Desdenhado Escutando”.

 

77-  Que Reclama Em Agonia:

Ah, Dona, Cadê Minha Dona!

Não Digam Que Ela Se Soma

Em Meio A Toda Esta Orgia!

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

 

78-  ...E A Sinfonia Ressoando:

Em Seus Ouvidos Ribomba,

Qual Uma Tortura Longa,

Ao Cismar Sua Dona Amando!!!

 

79-  Então Se Abrindo A Aurora,

O Silêncio Foi Chegando,

Os Murmúrios Se Apagando,

Dormiram Até Altas Horas.

 

80-  Depois Foram Se Acordando,

Olhares, Cumplicidades.

Fraternos, Rindo, Se Amando,

Casais Em Felicidades.

 

81- Há Anos Que Não Sentiam,

Tão Especial Emoção,

Balanços Pro Coração:

Lembraram Que Existiam.

 

82-  E Os Oficiais Carrancudos,

Em Discurso Educador:

Foi Afronta,  Absurdo,

Devasso,  Constrangedor :

83-  A Tropa Republicana,

É Um Lugar De Respeito.

Despudor Não É Direito:

Que Coisa Suja E Mundana!!!”

84-  Aqui  É O Mundo Da Guerra, 

E Não Um Festim De Amor,

Só Podiam Ser Selvagens,

Coisa  Bárbara, Que Horror...!!!”

 

85-  E A Cafetina Ambiciosa:

São Pagãos Em  Bacanais:

Sem Cobrar Nenhum Vintém,

Se Amaram Quais Animais!

 

 

                                                                      

 

 

 

 

 

 

 

 

86-    “Ò Quanta Perda De Lucros,

Quantos Negócios De Amores,

Se Perderam Nesta Noite,

Sem Consciência  Dos Valores!! ”

 

87- E O Alegre Oficial:

“...E Eu Não Fui Convidado...!

Imagina! Estar No Meio,

Cooperando Com Os Dois Lados!”

 

88- A China Pra Ingênua Filha:

Que Era Um Sonho Coletivo

De Gente No Paraiso

Que Um Dia Ela Intenderia!

 

89-  Mas A Menina Quer Saber:

-Mãe Responda Por Favor,

No Paraiso Tem Dor,

Foi Tanta Gente A Gemer?

 

90- E A Mãe Com Calma Lhe Diz:

Quando É  Feito Com Amor,

O Prazer Parece Dor,

Agente Geme Sem Querer.

 

91- Mas A Mãe Não Convenceu:

E A Curumim  Conversando

Com As Amigas Se Inteirando

Foi Sabendo O Que Se Deu:

 

92- E O Missionário Em Reclames:

Em Vez De Paz E Oração,

Aos Mortos Nossos Irmãos,

Fazem Orgias De Enxame!

 

93- Amor, Ó Mundano Amor

Que Tanta Gente Profanas:

Do Lume À Sandice Insana

Confunde O Prazer Com A Dor...!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

94- E O Poeta Versejando:

Nem Os Vivos, Nem Os Mortos

Negam Em Almas E Corpos

Amor Que Vivo Cantando!

 

95-Amor Ó Sublime Amor:

Encantada Serenata

Que Tanta Gente Arrebatas

Qual A Flor Ao Beija Flor!!!

 

96- És Loucura Amparada,

Que Liberto, Em Teus Preceitos,

Vence Todo O  Preconceito

E Incendeia As Madrugadas

 

97- E Que  Em Teu Seio Fecundo

Germinam As Esperanças,

Em Teus Olhos De Criança

Brilham As Luzis Do Mundo

 

98- “Depois De Tudo Acalmado”

“Foi Lá Pelo Meio Dia”

Descansados Da Orgia

Francisca E Seu Par Ao Lado

 

99- Vão Para O Estreito Arroio

Pro Frescor De Um Largo Banho

Em Alegria Sem Tamanho

Com Os Pássaros  Em Aboios

 

100- O Casal Acompanhado

Vão Se Rindo  Entre  Acatos

Negros,  Índios E Mulatos

Cercando-os Por Todos  Lados.

 

 

 

 

 

 

 

                                                                 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Ordem

 


Capítulo XXIII

 

01- Duarte Já No Local

Quando Havia Retornado

Logo Fora Aprisionado

Pelo Comando Imperial

 

02- E Então Foi Surpreendido

Com As Arcas Documentais

Que Alegou Ser Materiais

Para Atender Os Feridos

 

03- As Quais As Mantém Consigo

Pra Devolver Ao Comando:

Registros Republicanos,

Toda Sorte De Ocorrido

 

04- Os Imperiais Na Abordagem,

Ao Saberem Que É O Médico.

Acreditam Ser Verídico,

E Liberam Sua Passagem.

 

05- Então Parte As Levando,

Qual Socorro À Mão-De-Ferro,

A Guerreiros Junto Ao Cerro,

Que Sofriam Agonizando.

 

06- E As Arcas De Seus Pertences

Já Estavam Prontas À Risca

Esperando  Ele E Francisca

Para Os Métodos Que Exercem

 

 

 

 

 

 

 

 

07- Um Dia Após A Seresta,

O Comando Reunido,

Decide Tomar Partido, 

E Por Um Final Na Festa.

 

08- O Comandante Em Relato,

Pra Desafogar Sua Sanha,

Lhe Diz Que Os Doces Regaços,

Devem Deixar A Campanha:

 

09- Que Tudo Mudou Agora,

Índias, Negras e Mulatas,

Morenas Mouras Do Prata,

Todas Devem Ir Embora.

 
10- Entre As Mulheres Platinas,

As Que Chegaram Do Norte,

E As Nativas Das Campinas,

Todas Ao Sabor Da Sorte.


11- Duarte Se Preparou,

Lhe Entregou Os Documentos,

Projetos E Pensamentos,

Que A República Lavrou.

 

12- O Comandante O Chamou,

Junto Ao Oficialato,

 O Qual  Num Breve Relato,

Então As Ordens Ditou:


13- Confessou-se  Agradecido,

Veio-lhe Um Engasgo A Tona,

Recitando Comovido,

Um: - "De Lembranças À Dona"!!!

 

14-  Duarte Contem Um Riso:

 Sábio, Tranquilo E Brilhante,

Darei...! Responde Conciso:

...e Bastante..., Comandante...!!!

                                                       

 

 

 

 

 

 

 

 

15- Monta Seu Cavalo Baio;

Bom De Boca, Meia Volta,

Cavalgando De Soslaio,

Com Seu  Destino Na Escolta:

 

16- E Enquanto Toma Distância,

Ao Despacito À Frente,

Deixa Um Pouco Descontente

Atrás De Si O Comandante

 

17- Que  Da Espada À Empunhadura,

A Mão Segura Sedenta,

Se Contém E Se Sustenta,

E Engole Aquela Amargura.     


18-  Mastiga Aquela Lembrança:

De Duarte Fazendo Lei:

Dizendo-lhe Então: - Darei,

E  Bastante, Comandante...!!!

 

19- E Indaga Tal Alusão :

- Dará Quando? Como? Onde...?

Rosto Inclinado Pro Chão,

Olhos Erguidos Pra Longe....


20- E Com Lágrimas No Olhar,

Não Deixa Rolar No Rosto,

Dá-se Por Se Resfriar,

Pra Não Revelar  Desgosto.

 

21- O Comandante Era O Tal:

Garanhão, Sábio Da Vida,

Mas Se Sente Desigual,

Sofrendo Dor Invertida.

 

22- E Ao Ver  Duarte Distante:

Liberto Qual Quem Provoca,

Então Resmunga Entre Os Dentes:

- Inda Mato Este Carioca* ...!!!

 

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Segundo a historiadora Helma San’tana,  A qual diz  ter em suas mãos a Certidão de óbito tanto de Francisca, quanto de Duarte  – Duarte Veio do Rio De Janeiro, e era carioca!

 

 Quando a capital federal se tornou independente do Estado Do Rio, a Corte decidiu pelo termo Fluminense, para  distinguir-se  de Carioca.

 

Carioca -  na época da revolução Farroupilha, já era termo usado  a mais de um século para  quem era nascido no  Rio De Janeiro. Depois, com a independência, os habitantes da capital federal do Estado do Rio de Janeiro passaram a  chamar-se Fluminense, do Latin - flumem: rio:  Habitante do rio. O mesmo que Carioca  em Tupi-Guarani.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

Dispersão

 

  

Capítulo XXIV 

 

01- Duarte Chega E Desmonta,

Mulheres A Lhe Cercar,

Todas Querem Lhe Falar,

Mas É Ele Quem Dá As Contas:

 

02- As Ordens Do Comandante,

Diz: Todas Devem Partir,

E A Tropa Segue Adiante,

Sem Mulheres A Seguir.

 

03- Com Duarte E Com Francisca,

Vão Trocando Confidências,

Todas Tem Uma Experiência,

E Vão Aplicar À Risca.  

 

04- São Mulheres Confiantes,

Batalhas Pra  Refletir,

Cada Uma Delas Sabe,

De Um Destino Pra Seguir.

 

05- Cada Uma Delas Tem,

Sua Particularidade,

Artes E Habilidades,

Pra Nova Vida Que Vem:   

 

06- Conhecem Flores, Pendões,

Ervas, Raízes  Pro Chá,

Sabem Partejar, Benzer,

Negociar, Vender, Comprar...!!!

 

                                              

 

 

 

 

 

 

 

 

 

07- Lavam, Costuram, Cozinham, 

Trançam Cipós E Taquaras,

Peneiras, Balaios, Sextos...

Não Tem Quem Bate E Não Quara.*

 

 *- Aquele que faz as coisas pela metade.

 

08- Se Preciso Encilham, Montam,

Cabelos Soltos Voando.

Tecem  Lãs, Bordam Tecidos,

Bicharás Pro Minuano,

 

09- A Guerra Não Foi Em Vão,

Ninguém A Seguiu Às Vesgas,

Todas Guardam Uma Lição,

Cada Qual, Com Sigo Mesma.

 

10- Daquelas Mais Bem Tratadas,.

Muitas Irão Pras Cidades,

Terão Por Serem  Beldades,

 As Vidas Facilitadas.

 

11- Muitas Fugiram Na Noite,

Índias, Negras E Mulatas,

Quando Os Imperiais Partiram,

Foram Voltando Das Matas.

 

12- Entre Todas  Eis  Aquelas,

Com O Risco Das Senzalas,*

Pensam Em Serras E Selvas,

Com Seus Sonhos Quilombolas.

 

 *- Os Farrapos libertavam escravos e escravas das fazendas de senhores imperialistas, para seguir a tropa. Não se sabe  – por falta de dados - o que aconteceu com as “ Esvravas Libertas”, depois da batalha de Porongos. .

 

13- A Missão  Será Cumprida,

Sonho De Todas Mulheres:

Rancho, Roça, Bichos, Filhos,

E Uma Túlia Com Viveres.

 

                                                                       

 

 

 

 

 

 

 

 

14- Ou Em Casas De Comércios,

Estalagens Pras Tropeadas,

Nas Carpas Em Canchas Retas, 

Bolichos:  Beiras De Estradas.

 

15- Terras Pra Arar E Plantar,

A Estação Para Colher,

Uma Eira Pra Solar,

E Um Pilão Para Moer.

 

16- Qualquer Coisa Vale A Pena,

Pra Quem Tem O Que Fazer,

Uma Morada Pequena,

E A Paisagem Pra Viver.

 

17- Corações Estão Pulsantes,

É O Romper Com A Velha Vida,

Se Apartar De Amigas, Lidas,

Daquele Mundo Andejante.

 

18- Assim, Sem Avisos Prévios,

Pra Que Saibam O Que Fazer,

Somado Ao Golpe Do Império,

É De Sentir E Doer.

 

19- Umas Ganharão A Estrada,

Já Com Negócios Formados,

Carretas Com Bois Cangados,

Com Muambas Pra Vender.

 

20- Mas Muitas Tem Só As Mãos,

E Confiança Na Sapiência,

De Uma Popular Ciências,

Ou Uma Humilde Profissão.

 

21- E As Chamadas Mães De Todos:

Curandeiras, Benzedeiras,

Conselheiras E Parteiras,

Que Se Acertam Em Qualquer Povo.

 

 

 

                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

22- E Aquelas Já Com Parceiros,

Com Crianças, Ou Com Os Pais

Com As Mães E Outros Casais

No Novo Vau, Companheiros

 

23- E A  Aplicada Enfermeira,

Que Busca Piratini,

E Segue Triste A Sentir,

Por Deixar Duarte À Eira:

 

24- Pois Sempre Haverá Perigos,

Sempre Haverá Enfermos,

Guerreiros Estão No Ermo,

Na Imensidão Esquecidos:

 

25- Antes Lembrados Por Todos,

Então Só O Império Os Lembra,

O Pampa Virou Uma Renda,

O Invadiram Em Arroubos.

 

26- Embora Sejam Aos Milhares,

São Covardes Nas Refregas,

Por Guardarem Tanta Esfrega,

Em Seus Perversos Lembrares.

 

27- E Mesmo Multiplicados,

Fogem Do Franco Confronto,

Lambem Feridas Dos Tombos,

Que Os Tem Decor E Salteado.

 

28- Então Fingiram Uma Trégua:

Propostas, Negociações,

Partidas, Resoluções,

Ganhando Tempos E Léguas:

 

29- Por Isso A Cena Ensaiada,

O Longo Teatro Armado,

Em Nome Da Paz Lavrado:

Em Distração Pra Emboscada.

 

 

 

                                       

 

 

 

 

 

 

 

30- A Carruagem À Frente,

Seguindo Com Aqueles Seres,

Uma Multidão De Mulheres,

Carretas Rodam Rangentes.

 

31- E A Pé Em Fila Na Pampa,

Buscando A Vila Mais Perto,

Oasis Que A Vida Encampa,

Léguas No Verde Deserto. 

 

32- Depois De Dias Andando

Aos Poucos Caindo Em Si

Muitas Se Pegam A Sorrir:

Um Outro Mundo Clareando

 

33- Linha Do Horizonte À Frente

O Céu Encosta Em Relevos

Todo Olhar Pra Lá A Vê-los

Querem Chegar Em Torrentes:

 

34- Elo Com O Mundo Proscrito.

Que Apoiado No Horizonte

Desde Do Chão Faz Uma Ponte

Qual Passagem Pro Infinito

 

35-E Chegam A Piratini:

É A Antiga Capital

Algumas Ficam Afinal

Mas Muitas Irão Partir

 

36- E Francisca Que Ao Fim De Tudo,

Duarte Virá Pra Buscá-la.

Longo Abraço A Apertá-la,

E Então Se Despedem Mudos.

 

37- E A Deixa Olhando A Partida,

Vai Ao Longe Se Afastando,

Rumo A Guerra Cavalgando:

Sem Dramas Porque É A Vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

38- Na Cidade Onde Ela Fica,

Todos Querem Se Acercar,

Se Aproximar, Conversar,

Dar Audiência As Suas Ditas

 

39- E Surgem Os Pretendentes

Sempre Os Teve Ao Redor

Dos Problemas É O Menor

Sabe Lidar Com Esta Gente

 

40- Não É De Assento Esquentar ,

E Nem De Dormir À Sombra,

Mas Água Fresca Ela Toma,

Que É Pra Ao Ritmo Aguentar.

 

41- Nem Bem Se Tornou Uma Hospede,

Entre Gente Nobre E Rude,

Faz Inspeção De Saúde,

Lhes Devolvendo Miríades.

 

42- Visita A Aristocracia

E Ranchos Nos Corredores

Pra Ela Não São Favores:

É Seu Destino, Sua Guia.

 

42- Enquanto Isso Duarte;

Se Encontra Com Gaviaõ,

E Ouve A Sua Razão,

Detalhada Parte A Parte:

 

43- Porongos Não É O Final,

É A Luz De Uma Consciência:

Ou Se Impõe A Resistência,

Ou É A Pena Capital.

 

44- Foi Assim Com A Sabinada,

Com A Revolta Dos Malês,

Cabanagem, Balaiada:

É Resistir, Ou Morrer

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

45- Se Nos Damos Derrotados,

Somos Massacrados Vivos,

Esquartejados, Salgados,

Dar-lhes Trabalho É Preciso.

 

46- Para Evitar Este Mal*,

E Enfrentar Suas Matilhas,

Precisa Manhas, Guerrilhas,

E Prolongar O Final

 

*Revoltas do período regencial em que além de serem derrotadas, foram massacradas, como o caso da cabanagem onde morreram dezenas de milhares de pessoas e duas tribos foram extintas pelo Império. Estas revoltas tiveram todos os seus lideres presos, enforcados, ou fuzilados. A revolta dos malês, onde os negros foram  massacrados para exemplo e o líder condenado à morte  por 1200 chicotadas. Os farroupilha - mesmo com a forte suspeita de traição – depois de Porongos  -  “certamente”  compreenderam que, para o Império predador, não podiam  levantar a bandeira branca, a não ser negociando de igual para igual.

 

47- Usar O  Conhecimento;

Lhes Gerar Desesperanças:

Que Um Farrapo Não Se Cansa,

E Nem Tem Temor Do Tempo.

 

 

48- Até O Cansaço Total,

Em Que O Teatro Desgraçado,

Vire Um Fato Consumado:

Tratado De Igual Pra Igual:

 

49- Buscar O Digno Final:

Derrota Ninguém Assina.

A Resistência É O Sinal:

Dar Ao Império Dura Sina!

 

50- Assustar Com A Eternidade,

Qual Guerra Em Tempo Sem Fim,

Dobra-los Até O Capim,

Em Suas Imperiais Vaidades.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

51- Se Não Há Chance À Vitória;

Conhecemos A Querência

Sobra Vãos Pra Resistência

Pra Manter Honra Na História

 

52- Gavião Tem Uma Missão,

Com Lanceiros Já Montados,

E O Médico Preparado,

Sempre Está Em Prontidão.

 

53- Em Sua Francisca Pensando,

Vê O Horizonte Pampeiro,

Vê Gaviaõ E Os  Lanceiros

Pensa Na Guerra: Até Quando...!!!

 

54- E Vai Até O Comando,

Se Apresenta Em Empenho,

Todos Sabem Seus Engenhos

De Perito Atento E Brando.

 

55- Mas Duarte É Dispensado,

E Então Volta Pra Buscá-la;

Porque Irá Acompanhá-la,

Em Retorno Ao Velho Pago.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bomani

Gabão E Dandara

 

 

Capítulo XX...

 

01- O Moro Está Preparado,

E Gabão Monta Num Upa,

A Mula De Carga Ao Lado,

E Dandara Na Garupa.

 

02- Madrugada, Quando Partem,

Rumo Marcado, Seguro,

Pois Não Deve Haver Apuros,

Bomani  Os Seguem Com Arte,  

 

03- Sem Nenhum Dos Dois Saber:

De Perto Ronda Os Seus Rastros,

Às Vezes Param Em Repastos,

Sombras, Águas De Beber .

 

04- Bomani Os Mantém A Vista,

É O Orixá Protetor,

Sabe O Humano Valor,

Daquela União Prevista.

 

05- Da Liberdade Em Conquista,

Pelo Casal, Prometido:

É O Seguro Garantido:

Passa A Trilha Em Revistas.

 

                                      

                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Às Vezes Se Adiantando,

Seguindo Pelos Atalhos,

Pros Possíveis Atrapalhos,

Virem Se Identificando.

 

07- A Manhã Ensolarada.

Passa  Manso O Meio Dia.

Sol A Pino Cai Na Guia,

Vem A Tarde Acalorada.

 

08- Deixaram Pra Trás Porongos,

Só Campos E Matarias,

Ainda Longe Do Quilombo:

Duas Noites E Dois Dias.

 

09- O Sol Descamba A Oeste,

Vermelho Como Um Pedido,

De Quem Vive Comovido,

Com As Cores Que O Mundo Veste.

 

10- Falta Um Tempo Pra Chegada,

Sombras  No Mato Descendo ,

A Noite Vem Se Estendendo,

Longa E Dura Caminhada.

 

11- Então Escolhem Parar:

Pasto Verde, Água Corrente,

Pra Cavalo, Mula, E Gente,

Poder Beber, Descansar .

 

12- Desmontam Cargas, Arreios.

Fazem Cama Improvisada,

Cobertor: Noite Estrelada,

Sussurros E O Sono Veio.

 

13- São Zelados A Distancia,

Bomani Varre  Arredores,

Examina Os Por Menores,

Suspeitas De Toda Instância.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14- Vai Noutra Fonte A Seguir:

Dá Pro Alazão Água E Pasto,

Mas Deixa O Tordilho Aos Bastos,

Porque É Melhor Prevenir.

 

15- Uma Relva É Uma Cama,

O Bichará É Travesseiro,

Tudo Tem Que Estar Ordeiro,

Quando O Contra Tempo Chama,

 

16- Mas Já Farejou Um Perigo,

E O Tordilho Escarceia,

Retesa E Troca As Orelhas,

E Se Sente Ao Desabrigo.

 

17- Há Uma Fera Se Acercando,                                                                                     

Bomani Sentiu Seu Cheiro,

Viu Seus Olhos Qual Luzeiros,

Entre As Sombras Espreitando.

 

18- Trás Pra Perto O Alazão,

E O Acalma Lhe Abrigando,

O Leva Junto Cabresteando,

Enquanto Fecha A Escuridão.

 

19- E Se Aproxima Do Casal,

Que Foi Dormir No Abandono,

Lhes Cuida Com Zelo, O Sono:

Pra Que Não Lhes Corra Mal.

 

20- Senta-se A Beira De Um Tronco,

Onde Apoia Suas Costas,

O Casal Respira Às Soltas;

Cansados Num Leito Bronco.

 

21- Mas Nem Sonhando Suspeitam,

A Presença Do Amigo,

Lhes Guardando Dos Perigos,

Em Frente De Onde Se Deitam.

 

 

                        

                                          

 

 

 

 

 

 

 

 

22- Mais Leve Que Um  Cão De Guarda,

Os Ouvidos Preparados,

Olhos Guerreiros Treinados,

A Madrugada  Não Tarda.

 

23- Sem O Casal Perceber,

Bomani Prossegue Atento,

Nunca Se Deixa Vencer,

Sempre Pronto A Contratempos.

 

24- E Gabão Encilha O Moro,

Com A  Mula Na Ilharga,

Remonta E Refaz A Carga,

Com Laço Trançado Em Couro.

 

25- E Dandara Nas  Correias ,

Mantendo Os Bichos Parados,

Mula  Mansa Cabresteia:

Seguem O Destino Montados.

 

26- Retomam A Caminhada,

Pensando Que Vão Sozinhos,

Buscam Sombras No  Caminho:

Sol Na Pampa Iluminada.

 

27- E A Fera Ronda Por Perto,

Às Vezes Se Aquieta  Imóvel,

Mas O Bicho É Esperto,

Descobre O Risco Que Corre.

 

28- Já Se Encarou Com  Bomani;

Sentiu Perigo Mortal:

Virar Pasto De Urubu,

Se Atacar O Casal.

 

29- Então Dá Passos Pra Trás,

E Se Afasta Se Ladeando,

Finge Fugir Galopando:

Deixando O Casal Em Paz.

 

 

                                                                    

 

 

 

 

 

 

 

 

30- Mas É Uma Pintada Matreira,

Faz Voltas, Se Reaproxima,

Das Rochas Olha De Cima:

Na Crista De Uma Pedreira.

 

31- Mais Um Trecho Rumo Aos Morros,

Macegal Pela Cintura,

Folgando A Cavalgadura,

Gabão Apeia Do Moro.

 

32- Pra Se Manterem Atentos,

Fica Dandara Montada,

Com Sua Visão Espraiada,

Pra Avisar Qualquer Evento.

 

33- Bomani; Olhos Treinados,

Examinando O Penedo ,

Descobre Entre O  Rochedo,

O Animal Mimetizado.

 

34- Que Se Prepara Do Alto,

Só Tem Olhas Pra Dandara,

A Onça Se Alça Num Salto,

O Cavalo Bufa  E Para.

 

35- E A Besta Vem Pelo Ar,

Com Suas Garras Espalmadas;

Pontudas E Afiadas,

Dentes Prontos Pra Matar.

 

36- Invisível Bem Ao Lado,

Bomani Sabe Ante Ver,

Qual Um Arco Retesado,

Que Solta-se A Se Romper:

 

37- A Lança Com Precisão,

Num Arremesso A Todo Braço,

Fere O Bicho  Em Pleno Espaço,

E O Predador  Troa  Ao  Chão.

 

 

 

                                                       

 

 

 

 

 

 

 

38- O Moro Se Empina E Pula,

Relincha, Mas Não Dispara,

Gruda-se Ao Lombo, Dandara,

E Gabão Domina A Mula...

 

39- Um Susto: E O Silêncio Assenta:

Tudo Parado Ao Redor:

Nada: Ninguém Se Apresenta:

Qual Um Mistério Maior:

 

40- Qual Obra De Um Ser Divino,

Enviado Por Olurum,

Ou Quem Sabe Por Ogum,

Pra Lhes Guardar O Destino.

 

41- Respiram, Seguem Em Frente,

Põem Fera E Lança Pra Tráz,

Sem Ver  Quem Os Guarda Em Paz,

Os Conduzindo À Sua Gente.

 

42- Outra Tarde Se Avizinha,

Outro Por Do Sol Bonito,

Desenhos, Nuvens Rabiscos,

Revoos De Andorinhas.

 

43- Outra Noite Pra Descanso,

Estrelada, Morna E Quieta.;

Num Repente Uma Seresta,

De Uma Suindara Cantando.

 

44- A Barra Do Dia Aponta,

É O Sol Mandando Avisos;

Vai Brilhar No Paraiso,

O Casal Logo Faz Monta.

 

45- Os Nambús, As Araquãs,

Saracuras, Jacutingas,

Nas Nascentes, Nas Cacimbas

Em Serestas Com As Rãs

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

46- Antes Do Sol Da Manhã,

Segue Dandara E Gabão:

Atravessam  O Chapadão,

Costeando O Rio Camaquã.

 

47- Fiel Seguem O  Traçado,

Divisam  A Trilha Correta,

Vão Pro Passo Das Carretas,

Cruzam O Rio Pro Outro Lado.

 

48- Sentem  A Presença Do Ente ,

E Vão Seguros Marchando,

É O Lanceiro Os Cercando,

Cônscio, Justo  E Prudente.

 

49- Experimentado, Coerente,

Examina A Retaguarda,

Faz Campanha À Vanguarda,

Nos Dois Lados, Toda A Frente.

 

50- Bate Guizo A Cascavel,

Ressonando Na Pastagem,

Longe Do Casal Em Viagem,

Que Segue Rumo Ao Dossel.          

 

51- Mas O Tordilho A Encontrando,

A Reponta A Manotaços ,

Cavalo Bom Que É Um Aço;

Sai Garboso Se Empinando.

 

52- Surge Uma Caranguejeira,

Bem No Meio Do Caminho,

Mas Se Esconde Nuns Espinhos,

A Aranha Caçadora.

 

53- Um Pardo Pasta Na Lomba.

Guará Faz Cruzada Perto.

Enquanto O Graxaim Experto,

Circula Fazendo Rondas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

54- Sol Nascente Vem Sereno,

Vai Certeira A Caminhada ,

Os Relevos As Canhadas:

Parar Agora É Veneno .

 

55- Paisagens De Aluvião,

Cavalo Em Marcha  Marcada,

Encurta As Léguas Penadas,

Leva Dandara E Gabão.

 

56-  Marcando Sinais, Indícios,

Que Bomani  Já Apagou:,

Nem Um Vestígio Deixou,

Faz Parte Do Seu Ofício.

 

57- Os Seguiu E Os Guardou,

E Os Cerca Rumo A Chegada,

Na Serra Das Encantadas,

Onde O Destino Os Chamou .

 

58- A Noticia De Porongos,

Se Espalhou Nas Invernadas,

Fazendeiros Em Caçadas:

Gente Em Fuga Pros Quilombos.

 

59- Negros Pras Matas  Fugiram,

Das Mãos Que Semeiam Mortes.

Foram Buscar Outros Nortes,

E Os Caçadores Surgiram.

 

60- O Casal Ao Desabrigo:

Lembra Bomani: Os Conselhos,,

Orientam-se, O Fazem Espelho:

Previnem-se Dos Perigos.

 

61- Um Céu Azul De Doer

Com Um Sol Brilhante No Meio

O Amor Qual Ouro Em Veios

Suor No Rosto A Verter

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                     

 

 

 

 

 

 

62- E Uma Fonte Cristalina,

Com Areias  Reluzentes,

Águas Doces Transparentes,

Que A Provocar Se Destina.

 

63- Mas A Tentação É Ávida,

E Se Banham Em Tal Fonte,

Abraços Fazendo Pontes,

Crianças De Almas Cálidas.

 

64- Seus Olhos São Seus Espelhos,

Se Refletindo Em Encantos,

Magias Os Cobrem Em Mantos,

Que Se Esquecem Dos Conselhos.

 

65- Buscando Novo Horizonte,

Bamani Prevê  Respostas,

Então Vira-lhes As Costas.

E Em Guarda Revisa O Fronte:

 

66- Vasculha Os Arredores,

Examina Os Pormenores,

Se Previne Dos Apuros ,

Visa Mantê-los Seguros.

 

67-  E Vai Dando Tempo Ao Tempo

Com Tudo  Sobre Controle.

Qual Patriarca Com A Prole:

Administra Os Eventos.

 

68-  Sol Brilhante, Lindo Dia,

Na Vereda Se Depara,

Entre Ele, Gabão E Dandara,

Com Uma Visão De Agonia.

 

69- Logo Entende Que É Urgente:

Cavaleiros Em Caçadas,

E O Chefe  Com Uma Espingarda,

Laços, Grilhões E Correntes...!!!

 

.

 

                                                                                                                

                 

 

 

 

 

 

 

 

70- E Um Homem  Negro De Apresto:

Prisioneiro Em Gargalheira.

Costeando Uma Ribanceira,

Feito Um Gato No Cabresto.

 

71- A Cena Lhe Afronta  A Alma,

Porém Não Perde A Postura,

Respira Fundo, Se Acalma,

E Se Apruma Com Candura.

 

72- É Um Capitão Do Mato,

Mais Três Pardos Ajudantes,

Descobrem  O Casal Infante,

Vão Caçá-los Pra Repastos.

 

73- Mas Bomani Em Sua Viagem,

Não Tem Carências De Nada:

Tem Sapiências Afiadas

E Experiências Na Bagagem.

 

74-  Monta Um Bom Tordilho Negro,

Tem  Honra E Fibras De Aço,

O Pulo Pra Trás, Do Gato:

Com Manhas E Outros Segredos.

 

75- Na Mão Treinada Uma Lança.

E Dez Anos De Batalhas,

E Uma Adaga Qual Navalha,

Quando Um Inimigo Alcança.

 

76-  As Boleadeiras Nos Tentos

E Bom Laço Pro Imprevisto

Em Tudo Ele Passa Visto:

Não Passariam  Qual Vento.

 

77-  Bichará De Braçadeira,

Vincha Vermelha Na Testa,

Colete Em Couro, Calças Retas,

Nos Pés Botas Garroneiras .

 

 

                                                                  

                                                               

 

 

 

 

 

 

 

78- Chiripá, Faixa À Cintura,

E Camisa Em Mangas Largas,

Folgando O Braço Nas Cargas,

Pra Quando A Peleia É Dura.

 

79- E O Capitão Quebra O Tempo;

Crianças: Fragilidades:

Afoito Em Sua Maldade,

Aproximou-se Ao Relento,

 

80- Bomani Sabe, É Um Guerreiro:

Que Pra Abalar Num Combate,

O Comandante Do Ataque,

Precisa Tombar Primeiro.

 

81- Olhos Nus: Oitenta Passos, *

Na Espera: O Alvo Se Ajeita,

Que Nem De Longe Suspeita,

A Qualidade Do Braço.

 

 *Passo: 0,82 m.

 

82- O Casalzinho Inocente

Em Uma Fonte De Amores

Mirados Por Predadores

Com Facões, Grilhões, Correntes...!!!

 

83- E A Tragédia Se Defronta,

Não Há Tempo Pra Errar:

É Acertar, Ou Acertar,

Mas Tem Lanceiro Na Monta:

 

84- E Se Empina O Alazão...

Na Vertical Dos Sentidos

Guerreiro Em Pé Nos Estribos,

Busca O  Alvo Na Amplidão.

 

85- A Cabaça  Do Tordilho

Sob O Peito De Bomani,

Que Na Envergadura Expande,

Ao Alto Um Arco Em Gatilho.

 

 

                                                              

 

 

 

 

 

 

 

86- E Antes De Bater Os Cascos,

 Do Braço A Toda Extensão:

 Num Tiro De Precisão ,

Um Dardo Rasga  O Espaço: 

 

87- Descreve Uma Eternidade,

Na Longa Curva Do Tempo:

Contra O Tenso Sentimento,

E A Extrema Necessidade.

 

88- É Uma Lança Arremessada,

Que Estoura De Supetão,

Nas Costas  Do Capitão,

Que Tomba Sem Ver Mais Nada

 

89- Poderia Ser No Peito

Mas Seria  Romantismo:

Jagunço Do Escravagismo

Não Merece Este Direito:

 

90- Desarmou Logo O Mundéu,

Que Ameaçava O Destino,

Da Menina E Do Menino,

Que Mãe Andira Prometeu.

 

91- Bomani Se Compadece

Dos Três Pardos Ajudantes,

Com Facões  Relampejantes,

Os Três Com Bobos Parecem.

 

92- Mas O Quilombo Está Perto,

E São Homens Predadores,

Jagunços De Maus Senhores,

É Preciso Dar Conserto.

 

93- Não Pode Ficar Viventes:

Tem Que Manter O Segredo.

E À Matilha Do Degredo

O Contra Ataque É Urgente.

 

 

                                                                                                                

 

 

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

                                          

 

94- O Tordilho Negro Esbarra,

E Bomani Se Boleia,

Os Facões Logo Golpeiam,

E O “Ésse”  D’Adaga Os Barra.

 

95- Foi Três Tinidos De Aço,

Um Pra Cada Mão  Cruzada,

E Três Gargantas Cortadas,

Pra Então Descansar O Braço.

 

96- E Liberta O Prisioneiro,

Reconhece Num Instante:

De Porongos Um Infante,

Um Jovem  Espingardeiro.

 

97- Que Então  Fala O Seu Destino:

Tem Um Mocambo Nas Serras,

Sua Gente Está Na Espera,

Tem Rumo, Lugar E Tino.

 

98- Serve- se De Um Facão,

Da Espingarda E De Um Cavalo.

A Bomani A Gratidão,

E Ganha O Mundo Num Estalo.

 

99- Então Pra Não Correr  Riscos,

E Ser Visto Por Gabão,

Que Caso Ouça O Tufão:

Venha Acudir Qual Corisco.

 

100- Bomani  Ali Não  Se Pasma:

Num Salto Que Lembra Um Puma,

Faz Monta Qual Fosse  Pluma,

E Se Apaga Qual  Fantasma.

 

101- Pois Gabão É Corajoso,

O Esperavam Pra Lanceiro,

Tinha Sangue De Guerreiro,

Muito Embora Cuidadoso:

 

 

                                                                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

102- O Menino Em Alma E Brilho,

Julgaria Aqueles Berros

Por Pedido De Socorro,

E Então Viria Em Auxílio:

 

103- Da Fonte  Numa Ravina,

O Casal  Ouve O Entrevero:

Um Estouro E Um  Berreiro...

E Logo Tudo Termina.

 

104- Dandara Se Põe Serena,

Com Apreensão  E Cuidados!

Mas  Gabão Vai Preparado:

Espreita, Examina A Cena.

 

105- Então Ao Ver Quatro Corpos,

Correntes, Grilhões Na Ilharga:

Os Facões, Cordas Na Carga

Compreende Quem  São Os  Mortos.

 

106- Logo Entende A Seu Favor,

Que Tudo Correia Bem,

Mas Com As Forças Do Além,

E Um Guerreiro Protetor.

 

107- Retomam Logo O Caminho,

Sabe  Que Não Vão Sozinhos:

E Se Apressa Com Dandara,

É O Amor Que Cativara:

 

108- E Que Era Cativo Também.

Não Sabem O Que Se Passou,

Quem Foi Que Os Derrubou,

Talvez  Guerreiros  Do Além.

 

109- Bomani Sempre Encoberto:

Sombra Em Ângulos Móveis:

Entre Arbustos  Favoráveis,

Os Protegendo De Perto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

110- Assim Mantendo Distância,

Evitando Interação,

Guarda Com Mais Precisão,     

De Todos Os Riscos E Instâncias.

 

111- Porque O Casal É Sagrado,

E O Quilombo É A Razão,

Faz Parte Da Anunciação,

E Precisam Ser Guardados.

 

112- Cruzam Arroios E Sangas,

Campinas Matas Fechadas,

Samambaias,  Ory-Kangas ,

Relvas, Sombras E Ramadas.

 

113- Nos Campos Barbas De Bode,

Santa Fés, Capins- Forquilhas,

Macegas, Caraguatás,

Chircas, Carquejas, Flechilhas...

 

114- Corunilhas , Camboatás,

Ervas De Bugre,  Cabreuvas,

Tarumãs E Cambarás,

Cedros , Angicos E Tajuvas.

 

115- E As Rebentações Rasteiras:

Alecrins, Trevos, Orvalhas

Ervas Santas  E Bromélias.

E As Orquídeas Nas Figueiras.

 

116- Andança Em Ultimo Estágio:

Sentem Cheiro De Humanos:

De Irmãos Os Esperando,

Qual Anunciou O Presságio.

 

117-  Cansaço, Sede É Depois:

Um Lindo Monte Em Visão,

Está Ao  Alcance Das Mãos,

Parece Curvar-se Aos Dois.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

118- Na Planura Ao Pé Da Serra,

Um Verde Campo Se Estende,

E O Casal Logo Compreende:

Um Paraiso Ali Se Encerra.

 

119 - O Quero-Quero Levanta,

E Grita Dando Sinais,

Que Há Gente E Animais,

Vindo Das Bandas Da Pampa.

 

123- A Tarrã Voa  Bem Alto,

E Canta  Naquele Instante,

Anunciando Os Visitantes,

Já Vistos Por Guardas Cautos.

 

124- Surgem  O Povo  Do Refúgio,

Logo Vem Pra Recebê-los,

E Rasgam Risos Ao Vê-los:

Lindos, Dignos, Prodígios...  

 

125- Bomani Espera Paciente,

O Desenrolar Da Cena,

Que Mãe Andira Em Seu Tema,

Anunciou, Foi Previdente.

 

126- Contemplando  Os Seus Amigos,

Aquela Linda Alegoria,

Os Acolhendo Com Alegria,

E Os Levando Consigo.

 

127- É  Gente Da Sua Gente,

É Terra Da Sua  Terra,

Mas Lembra De Irmãos Em Guerra,

E Outros Perigos Urgentes.

 

128- Vira Às Rédeas, Meia Volta,

Ninguém O Viu No Dever,

É Um Lanceiro A Se Valer,

Na Perícia Das  Escoltas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

129- Logo Dandara E Gabão,

São Levados A João Congo,

Velho Chefe Do Quilombo,

Que Os Recebe Com Emoção.

 

130- E Feliz Com Atenção,

Ouvindo Os Adolescentes,

Lhes Fala De Sua Gente,

E Lhes Faz Indagação.

 

130- Então Ouve De Gabão,

A Bela História Da Viagem:

Conta As Trágicas Passagens,

Aquele Ente Sem Razão:

 

130- Como Se Fosse Do Nada,

Não Visto Em Lugar Algum,

Um Guardião Vindo De Ogum,

Nos Guardou Na Caminhada!

 

131- Junto A Velha Companheira,

Mãe Catita Da Terreira,

João Congo  Cita Dois  Nomes:

Foi Cabinda, Ou , Foi Bomani!!!

 

132- E Rindo Indaga Com Calma:

Quem Lhes Deu Então O Sinal?

Quem Lhes Mostrou O Local??

Dandara Atende Com  A Alma:

 

133-  Mãe Andira Nos  Mandou,

Pra Nos Afastar Do Mal,

Bomani  Apontou  O Local,

Com O Moro, Nos Presenteou.

 

134- João Congo Feliz A Rir,

 Diz:- Bomani Os Escoltou,

Foi Ele Quem Os Guardou,

E Lhes Trouxe Até Aqui.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

135- É Talhado Pra Assim Ser:

Sabe O Valor Do Trabalho,

Protege Pelos Atalhos,

Sem O Eleito Saber!

 

136- É Um Velho Aprendizado,

Da Mãe África Antiga:

Aquele Que Guarda Vidas:

 É A Fantasma Do Guardado.

 

137- São Espíritos Que Montam,

Seguem, Guardam, Cercam, Rondam,

Sem Nunca Deixar Se Ver,

Quais Sombras A Nos Valer.

 

138- Mãe Andira O Mandou!

Dos Lanceiros Protegidos,

Experimentado E Contido:

Dos Melhores Que Encontrou.

 

139- Então Dandara E Gabão,

Choram Copiosamente,

Em Soluços  Estridentes,

Aos Rebentos De Emoção.

 

140- E Lembram O Velho Amigo,

Sua Presença, Os Momentos,

Conselhos, Ensinamentos,

As Palavras Dando Abrigo...!

 

141-  Despois Contam Ao Velho Chefe:

A Trama , A Tragédia, O Tombo:

Farroupilhas  Em Porongos,

Que A Crença A Paz Pôs Em Xeque.

 

142- A Tristeza Toma Conta,

Longa Pausa / Todos Mudos...

Então O  Velho Lhes Conta*

A Dor Que Sentem  Por Todos:

 

*Rimas Coma Palavras Homônimas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

143- E Fala: Ó Mundo Atroz!

Bomani Aqui Não Chegou,

Porque A Urgência Lhe Chamou!

Porque A Guerra É Feroz!

 

144- Homem  Nascido Em Quilombo,

Cresceu Livre E Soberano,

Com Saberes Africanos,

De Ensino Profundo E Longo...!!!

 

145- Não Precisava Da Guerra,

Mas Querendo Um Mundo Novo;

Luta Em Nome Desta Terra:

Luta Em Nome De Seu Povo.

 

146- E Bomani Por Seu Lado,

Faz Regresso Aos Companheiros,

Com Anseios  É Aguardado ,

Entre Os Maiores Lanceiros.

 

147- Experimentado E Zeloso,

Abre Caminhos, Passagens,

Misturando-se Às Paisagens ,

Que O Regresso É Imperioso.

 

148- Tem Batalhas Pela Frente

Contra O Exército Do Mal

Porongos  Não É O Final

E Ogum Faz Chamado Urgente

 

149- E Então Despontam  Estrelas,

Vão Os Velhos Consternados:

Dandara E Gabão Ao  Lado,

Em Passeios  Nas  Ruelas.

 

150- E João Congo E Mãe Catita,

Os Levam De Choça Em Choça,

Casas De Taipas, Palhoças ,

Com Gente Livre E Bonita.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

151- A Noite Cai Com Sereno,

Sopra O Frescor De Uma Brisa,

Cordialidade Precisa,

Daqueles Corações Plenos.

 

152- No Chão Batido Uma Esteira,

Depois Deitam E Se Abandonam,

E Dormem O Primeiro Sono,*

Meia Noite:  Almas Inteiras.

 

153- No Céu  Clareia Uma Lua,

É Da Crescente  Pra Cheia,

Doces Murmúrios Na Aldeia,

Espíritos Livres Na Rua.

 

154- Entre Estrelas, Pirilampos,

Batuque, Balanço, Cantos,

Lamentos De Urutaus,

Tambores E Marimbaus:

 

155- Só Praquele Mundo Ouvir:

Compasso  Baixo  Em  Ribombos,

E Os Cânticos Por Porongos ,

Que Muitos Choram  A Sentir:

 

156- Depois Então De Cultuar,

O Segundo Sono* Há De Vir,

E Muitos Sonham A Dormir,

Até O Dia Raiar.

 

 **As Civilisações antigas, anterior ao industrialismo, ou longe dos grandes centros urbanos; dormiam o primeiro sono com as galinhas, isto é; cedo. Logo depois do anoitecer. Acordavam  pelas onze da noite, acendiam fogo, preparavam alimentos, comiam, depois trabalhavam á luz de lampiões em tarefas caseiras até cerca de  3 horas da madrugada, depois dormiam até o dia amanhecer: o segundo sono.Segundo pesquisadores   eeste costume existia  na Africa também...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

157- Um Menino Uma Menina,

Ternuras E Emoções,

Pulsares Nos Corações,

Que A Liberdade Destina,

 

158- E As Lembranças De Francisca,

E Mãe Andira Em Sua Mente ,

Dandara Linda E Crescente,

De Saudade Sempre À Vista.

 

159-  Que Acredita Que Um Dia,

Poderão  Se Encontrar,

Se Abraçar E Conversar,

Em Grande  E Terna Alegria.

 

160- Sua Pureza Encantada,

Trás Todos Pro Seu Redor,

E Do Mais Velho Ao Menor,

Querem Falar Com Dandara.

 

161- Com Irmãos Sempre Pertinho,

Tecer, Trançar  E Viver ,

Sonhar, Plantar, E Colher;

Feliz Preparo Do Ninho.

 

162- Um Ranchinho, Um Jardim,

Com As Petúnias  Nativas,

Orquídeas E Sempre Vivas

Manjericão E  Alecrins...

 

163- E O Barro Sovado À Mãos,

Secado À Sombra E Ao Vento,

Ganha Forma  Em  Fogo Lento,

Desde O Pote Ao Caldeirão.

 

164- E Outras Confecções:

Utensílios, Ferramentas...

E As Colheitas Pras Despensas,

Nas Propícias  Estações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

165- Os Tecidos Pra Agasalhos,

Plantadores, Construtores,

Coletores, Caçadores,

Artesões; Todo O Trabalho.

 

166- São As Sendas Do Quilombo:

Cada Um Dá Seu Pedaço:

O Auxilio De Todo Braço,

O Amparo De Todo Ombro.

 

167- O Feitio De Cada  Mão,

A Experiência Anciã,

O Preparo Do Amanhã,

E O Amor Naquele  Chão.

 

168- Danças De Rodas, Cantigas

Que O Orixá Aconselha

Que Em Transi A Mãe Velha Espelha

Sapiências De Gente Antiga

 

169- Os Dias Transcorrem Mansos,

Tudo Então Se Confirmou,

Qual  Mãe Andira Anunciou:

A Vida Ali É Um Remanso.

 

170- E Todos Fazem Juízos,

De Tudo Que Ali Transcorre:

Nem Um Exagero Ocorre,

E O Quilombo É Um Paraíso.

 

171- E Bomani...  Então Voltou,

Onde Se Deu A Peleia,

Com Prudência Lá Chegou,

Seguro De Si Apeia.

 

172- De Prevenção La Deixou,

Os Três Cavalos Atados,

Entre Arbustos Camuflados,

Desatou E Os Cabresteou.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

173- Os Encostas Juntos Aos Corpos,

Os Erguem Do Eterno Tombo,

Encruzado-os Sobre Os Lombos,

Para O Translado Dos Mortos,

 

174- Bomane Prossegue A Pé,

Com Seu Cavalo E Três Mais,

Cabresteando Os Animais,

Vai Abrindo Santa Fé.

 

175- Percorre Um Caminho Longo,

Os Quatro Corpos, Levando,

Bem Pra Longe Os Afastando,

Do Kilombo De João Kongo.

 

176- Deixa Bem Claro Os Rastros,

Pra Que Sejam Encontrados,

No Camaquã Do Outro Lado,

Boleia Os Corpos Nos Pastos.

 

177- Encena Peleia Braba,

Escaramuças De Cavalos,

Marcas De Esbarros, Resvalos,

Tal Qual Batalha Acirrada.

 

178- Depois Qual Um  Estilingue,

Esticando O Rastro Mestre,

Vai Descendo Rumo Ao Leste,

Busca Os Rastros De Muringue .

 

179- Leva Os Cavalos Consigo,

Deixando Marcas Quais Rombos,

Pega |O Rumo De Porongos.

Segue A Trilha Do Inimigo.

 

180- Mistura  As Suas Pegadas,

Às, Da Tropa Imperialista,

Qual Perseguisse Uma Pista,

Feito Um Guará  Em Caçada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

181- Pra  Se  Acaso Alguém Antento,

Vier Em Justiça Aos Jagunços,

Lembre O Campo Dos Pés-Juntos,

E Então Desista  Do Intento.

 

182- Pois São Centenas Os  Rastros,

De Cavalos Encilhados,

Com Cavaleiros Montados,

Deixando Trilhas Nos Pastos.

 

183-E Mesmo Com  Rastro Novo,

Qual Parte Da Grã-Pandilha,

Perseguindo A Mesma Trilha:

O Rastreador Teme  O Estorvo.

 

184- Tem Pressa; Vai Ao Chasqueiro,

Numa Missão Por Sua Terra,

Pra Buscar Fundos Pra Guerra,

Com Gavião E Os Lanceiros.

 

185- Mas Sempre Guiado Em Juízos,

Tem Um Cavalo Veloz,

Na Escaramuça É Feroz,

E Avança Porque É Preciso.

 

Quando Em Cruzada De Olhar

Ao Longe Vê Cavaleiros

São Oito Os Companheiros

E Não São De Se Confiar

 

Mas Bomane Segue Em Frente

E Não Sai Fora Do Trilho

Confia No Seu Tordilho

No Braço E Nas Ferramantas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Zangas

 

 

Capítulo XXV

 

 01- Falam  Abolicionistas,*

Republicanos Pensantes:

Que Houve Com O Comandante?

Somou-se Aos Imperialistas?

 

    * 1- Entre Os farrapos Republicanos, haviam abolicionistas de fatos, entre eles Amaral Ferrador, Mariano De Mattos e Teixeira Nunes (O Coronel Gavião). 2- Farrapos Republicanos que ainda mantinham escravos em suas fazendas,  entre eles Bento Gonçalves, Gomes Jardim, e o Carismático General Sousa Neto. Que Nunca Se Soube ao certo quem  realmente era em relação á  escravidão, mas mantinha boa relação com o povo negro. 3- E claro, havia  Farrapos Imperialistas escravocratas, que lutavam apenas por melhores impostos e maior autonomia para a província. E, no final lutavam por indenizações junto ao Império, e segundo historiadores, naquele momento, enxergavam os negros como  empecilhos para paz. Entre eles, o escravocrata Canabarro e o  racista  confesso Vicente Da Fontoura.

 

02-  “Farrapos-Imperialistas” *

E Escravocratas Se Irmanam:

Contra Os Abolicionistas

E Democratas Que Clamam:

 

03-  Verdades Que Todos Sentem

Que As Evidencias Apontam

Uns Vão Pondo Panos Quentes

Outros Os Indícios Profanam:

 

                                                                                                                               

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

*  Muito se discutem se os farrapos eram abolicionistas, ou escravagistas, como se o moovimento fosse um bloco fechado. Apesar da falta de documentos claros sobre o assunto, e de historiadores que se preocuparam mais com suas versões da história, do que nos lançarem cópias destes documentos de arquivos históricos.

 

      Com eles em mãos  poderíamos jogar com nossa própria subjetividade e construirmos  nossa própria interpretação dos fatos como leitores. Entende-se que, como em  toda sociedade,  através dos tempos - livres, ou subjugadas - havia  varias  representações: entre elas, a dos que desejavam que o movimento republicano se propagasse por todo o país.

      

       Havia aqueles com seu plano secreto, ou articulado de, se tornar um caudilho da nova república, mesmo que preciso recorrer à conspirações.  Vicente Da Fontoura articulou isto por muito tempo, mas quem melhor executou foi Canabarro.

 

       Haviam os que queriam uma República-rio-grandense, porém escravocrata. Outros queriam uma república abolicionista com liberdade para todos, inclusive articulando uma resolução abolicionista para a constituição farroupilha. Havia os que lutavam – como já dissemos - apenas por mais autonomia da província e menores taxas nos impostos e, os de corações Imperialistas que peleavam de olho em privilégios e recompensas.

 

      Com o passar do tempo o poder farroupilha foi cedendo espaço através de articulações internas e conspirações - principalmente  às tramadas por Da Fontoura – para as mãos dos republicanos escravagistas e daí para frente, cada vez mais para as mãos dos imperialistas internos, que lutavam apenas por uma maior autonomia da província  junto ao Império, liberdade para melhores negócios e impostos razoáveis. Tanto que, no final da guerra, a república estava quase que inteiramente nas mãos dos imperialistas escravocratas internos que, mantinham a república para forçar anistias, indenizações e a manutenção, ou recompensas profissionais e, uma possível estratégia de integridade  às suas próprias vidas.  E, claro, conseguiram. 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                    

                                                                      

 

 

 

 

 

 

 

04- O Que De Fato Aconteceu,

Se Os Relatos Que Se Tem*,

O Inimigo É Quem Nos Deu

Qual Quem Quer Manchar Alguém...???

  

05- Diziam Que: “-É Opinião...

Ressonâncias De Boatos,

Do Pau Mandado* Ao Barão,

E Suas Versões Dos Fatos”:

 

06-   Em Cada Linha Anotada,

Entre As Pelejas Finais,

Só Quem Não Queira Entrever,

O Escárnio Dos Dois Chacais*...!!!”

 

* Os Principais Relatos Deste Episódio São Feitos Pelos Imperialistas! E, Descrevem Canabarro Cavalgando Semi Nu, Em Fuga  Desesperada

*O Barão E Seu Imediato. Muringue.

*Muringue, Comandante da divisão Imperial que atacou Porongos. Tudo Isso somados à uma carta comprometedora.

 

07- Muitos Morrem Afirmando:

Comandante Traidor!

Negou-se A Ver O Valor

De Quem O Valeu Peleando!

 

08-  E Os Que Seguem Investigando

Servindo-se De Todo O Cunho,

Documentos, Testemunhos,

Algo Que Venha Assegurando:

 

09-  “Nos Traiu O Comandante???

Vendeu-se Para O Império...???

Ou Garanhão Azarado,

Preso Ao Conto Do Vigário...???

 

10- Outros O Chamam Vendilhão:

Ele Gostava De Dinheiro!

Traiu Infantes, Lanceiros...

Visando Compensação!

                                                       

                                                                                                                                                                           

 

 

 

 

 

 

 

11- Há Quem Cite Os Anseios

Teimosos Do Comandante:

- Sonhava  Assinar O Pacto,

Ter Os Feitos De Um Gigante!

 

12- Confirmar A Existência,

Da República Pra A História,

Arauto De Guerra E Paz,

Coroa De Heróis E Glórias!”

 

13- Prato Cheio Pro Barão,

Que No Fundo Em Seu Desdém,

Pouco Mais Era A República,

Que Uma Terra De Ninguém!

 

14- Muitos Falam: O Império:

Escravocrata Às Veras,

Ceifaria A Primavera,

De Negros Livres E Sérios!

 

15- Preferiram Um Cemitério,

Do Que Dar Vasão Ao Sonho,

De Tal Projeto Tamanho,*

De Separar-se Do Império. 

 

16- Mesmo Que Fosse Um Tratado,

Pra Unir-se Novamente,

Mas Sublimar A Negra Gente,

De Um Território Destroçado:

 

17- Seria Lançar Ao Futuro,

Uma Nova Revolução,

Ressurgiriam Em Razão,

Bem Mais Fortes E Seguros!

 

18- Pendentes Naquela Hora,

“Não Deixaram Pra Amanhã”,

Pilharam Antes Da Aurora,

Filhos De  Ogum E Inhansã!

 

 

                                                                                                                                                                                                      

 

 

 

                                        

 

 

 

 

19-  Foi Ilusão  Pra Tombar,

Aquele Povo Libertado!

Com Tudo Pra Atocaiar:

Quebraram  O Vil Tratado:

 

                                      20- E Muitos Pensavam Assim,

Comparando O Comandante:

-Iludido E  Vacilante,

Ingênuo Qual Curumim!

 

21-  Outros Tantos Em Defesa:

Negavam Tal Covardia,

Afirmavam Sua Coragem,

Ressaltavam A Valentia.

          

22- Para O Barão Ambicioso,

E Engenhoso Com Os Durões,

Casava Com Suas Razões

E Suas Argúcias De Tinhoso:

 

23- Servindo-se De Espiões

Semeadores De Discórdias

Vendendo Falsas Concórdias

Teatro De Canastrões

 

24- Foi Fácil Em Sua Malícia,

Naquele  Mundo Em Pedaços,

Lançar Ataque Cirúrgico,

No Exército Farrapo!

 

25- E Foi Dando Tempo Ao Tempo,

Na Negociação Mordaz,

Fez Cravelha Dos Lanceiros,

Qual Fosse Percalço À Paz.

 

26- E O Comandante No Meio,

Entranhou-se Aquele Drama,

Mancomunado, Ou Alheio,

Se Tornou O Pivô Da Trama!

 

 

     

 

 

 

 

 

 

 

27- Bento Sustentou Audaz

A Liberdade Dos Lanceiros,

Que Era O Impasse Primeiro,

Nas Negociações De  Paz.

 

28- Do Ponto De Vista Humano,

Não Havia Mal Algum,

Mas Pra Um Escravagista,

O Insano É Lugar Comum:

 

29- Seria Este O Enredo:

Atalho Para O Tratado:

Exterminar Todos Os Negros

Chegar Ao Alvo Sonhado???

 

30-  E O Alvo Era Os Lanceiros,

A Tropa Negra Inteira,

Os Infantes: A Trincheira:

Pois Os Mataram Primeiro

 

31-  Mas Pararam Nos Lanceiros

Qual Barreira Intransponível:

Resistiram Ao Impossível

Pra Dar Tempo Aos Companheiros: 

 

32-  Em Debandada Geral,

Em Meio A Noite Pampeana:

Fugir Da Sorte Tirana,

Das Mãos Sangrenta Imperial.

 

33-  Sabedores Com Certeza,

Que O Comando Lhes Tirou,

Justo No Dia Anterior,

Os Artifícios De Defesa.

 

34-  Lhes Deu A Ideia  Que Gera,

Angustia, Incerteza E Dor,

E Que Aponta O Comandante

Como O Grande Traidor.

 

                                                                                                                                               

                                                                                                                                      

                                                                          

 

 

 

 

 

 

 

35- Entre Oficiais Divergentes,

Com Este Estranho Desfecho,

De Uns Caíram O Queixo,

E Apontaram O Comandante.

 

36- Diz Bento Elucidando:

- Porongos Em Previlégios,

Tinha Vistas Pro Alentejo,

Se Assim Quisesse O Comando...!!!

 

37- Sousa Neto Frisa Além:

-O Mensageiro, Os Batedores:

Relatórios Em Penhores,

Recebidos Com Desdém.

 

38- Outros O Defendem À Risca:

Buscando Um Culpado Solo:

Atiram A Traição No Colo

Da Bela Musa Francisca:

 

39- “-O Encantou Na Madrugada:

 Traidora E Mercenária,

Adúltera E Ordinária,

Facilitando A Emboscada!”

 

40- Perigosa Feiticeira,

Implantada Pelo Império,

Cativou Um Homem Sério,

Devia Ir Pra Fogueira .

 

41- O Marido Um Charlatão,

Um Espião Dissimulado ,

Pelo Barão Implantado,

Ele É O Pivô Da Traição.

 

42-  Outros Em Contra Partida,

Os Defendem Ao Citá-los.

Em Legados E Regalos,

Que Os Descrevem Sem Guarida:

                                            

 

                 

                                                                                                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

43-   O Barão Veio Pra  Cá,

Já Estavam Na Guerra Há Tempos,

Viveram Duros Momentos,

Socorrendo A  Medicar...!!!

 

44-  E  Discordam  Injuriados:

-Quem Disse Que Isso É Blindagem

Pra Discórdia E Espionagem

De  Quem Chega Antecipado :

 

45- Não Tinham Índoles Sínicas

Tinham Livros Liberais

Se... Odiavam, Os Imperiais,

É Porque Amavam A República

 

46-  Deixa De Ser Inocente

Os Livros São Aparatos

Fazem Parte Do Teatro

Convence Até Os Experientes

 

47- - Nunca Foram De Aparências

Eram Livros Que Eram Lidos

E O Conteúdo Discutido

Em Toda A Sua Essência.

 

48-  Te Enganas: Claros  Anais

Que Demonstra Em Verdade

Aprofundada  Qualidade

De Espiões Profissionais:

 

49- -Não Houve Mulher De Médico

Nem Marido De Enfermeira

O Comandante Foi Esteira

Por Onde  Pisaram, Sádicos

 

50- Descordo! E A Teu Respeito:

Se Andas Em Pé No Mundo,

Os Dois Com Esforços Profundos,

Te Levantaram Do Leito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

51- E Agora Fortes Na Lida

Lanças Espírito Cético

Contra A Enfermeira E O Médico

Que Te Devolveram À Vida

 

52- Surge Outro Acusador

E Relembra O Comandante:

As  Evidências Flagrantes

De Que Ele É O Traidor:

 

53- Indícios Mais Importantes

Dos Que Os Já Testemunhados

Não Precisam Ser Achados

Pra Acusar O Comandante:

 

54- O General Sousa Neto

Testemunhou Em Penhores

Mensageiros, Batedores

Com Pareceres Concretos:

 

55-   De Onde Estavam Os Imperiais:

Direção, Itinerário

Mas Foram Feitos Otários,

Com Relatórios Banais

 

56-  O Comandante, Arrogante

Com Desapreço Os Calou

Deu As Costas E Os Deixou

Quais Muleques Comediantes

 

57-   O General Da Silveira,

Em Seu Esquadrão, Cioso,

Viu Chegar Todo Garboso,

O Comandante Em Sua Eira”:

 

58-   No Momento Da Emboscada

Com Bala Pra Todo Lado

Tinir De Aços Cruzados

Feridos Mãos Desarmadas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

59-   O Homem Sério E Correto,

Com Seus Soldados  Armados,

Quis Valer Os Emboscados,

E Ouviu Um Não Por Decreto”!!!

 

60- Discussões Em Divergências

Atravessaram Os Tempos

Aflorando Sentimentos

Com Opiniões E Ciências

 

61- Que Em Torno Do Comandante

Se Originou Mil Tratados

De Inocente Devotado

A Traidor Degradante:

 

62-Um Mosaico Em  Descrição:

Do Dadivoso, Ao Tirano

Do Devasso Ao Puritano

Do Honrado, Ao Vendilhão

 

63- Desde Prudente, A Sem Juízos

De Vulgar, A Homem Nobre

De Grandioso, A Alma Pobre

De Traidor A Homem  Sizo

 

64- De Covarde A Corajoso,

De  Perito, A Mangolão

De Cavalheiro A Bufão

De Cândido, A  Maculoso*

 

65-  Pintado Por Depoentes:

Diante Quadros Tão Distintos,

Que Formou-se Um Labirinto

Pra Entender O Comandante.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                           Rumo Ao Chasqueiro:                                         

 

66-  Entre Todos Os Depoentes,

Que Falavam Da Emboscada,

Há Quem Fala E Não Diz Nada,

Há Testemunhos Prudentes.

 

67-  Há Quem Gosta De Enfeitar:

E Os Puxadores De Brasas,

Porque O Assado É Da Casa,

E Tem Que Melhor Dourar.

 

68-    O Tendencioso Atrevido,

Dando Coices Que Nem Potro,

Para Um Lado, Ou Para Outro,

Pondo Na História O Partido:

 

69-   Os Que Interpretam  Os Fraseados,

Que Leu, Ouviu E Imaginou,

Segundo O Que Lhe Importou,

Pro Gosto De Interessados.

 

70- Dizem: Não Há  Documentos,

Um Escrito  Literal,

Lavrando Que Ordem Tal,

Decretou Desarmamento...!!!

 

71- Os Que Se Afirmam Conscientes,

Dizem: Tinham Munição,

Mas Ao Alcance Das Mãos,

Não Para Uma Ação Urgente.

 

72-  E Que Os Infantes  Contidos,

E Pra Paz Já Preparados,

Com Os Canos Descarregados

Dormiam Desprevenidos. 

 

73-       Diante Uma Violência Loca,

Que Não  Deu Tempo Pra Nada,

Foi Fuzil Contra Espingardas,

De Carregar Pela Boca:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

74-    Até Derramar A Pólvora,

Socar  Bucha Com A Vareta,

Chumbo, Mais Bucha,  Espoleta,

Diante A Tais  Feras Carnívoras,

 

75-  Balas E Golpes De Espadas,

E Toda A Lâmina De  Aço,

Se  Valeram A Coronhaços,

Pra Resistir A Emboscada

 

76-  Outro Diz: “ Que Ordem Precisa”:

Bastam Estar Descarregadas

Pra Não Servirem Pra Nada,

Aquelas Armas Primitivas.

 

77-  E Se..., Só Pra Carregar,

Era Preciso Cinco Etapas,

Foi Mesmo Que Desarmar,

E Dar Um Golpe De Inhapa,

 

78 -  E Mais O Convencimento,

Que O Momento Era De Paz:

Foi Entrega Contumaz,

Quer Querendo, Ou Não Querendo.

 

79- Por Pensar Estar Em Tréguas,

Todos  De Almas  Estiradas,

E O Algoz Encurtando Léguas,

Pro Emboscar Na Madrugada.

 

80- O Império  Chega  Arrasando:

 Muito Sangue Derramado ,

Se Acordaram Emboscados,

E Muitos Foram Tombando.

 

81- Então Pra Fazer Costado,

Em Socorro Aos Companheiros,

Num Raio  Surgem Os Lanceiros,

Pra Resistir Lado A Lado.

 

 

                                                                

 

 

 

 

 

 

 

 

82- Os Infantes E  Os  Lanceiros,

Caindo No Acampamento

Espadas, Fuzilamentos

Rumo A Um Cimo Derradeiro.

 

83-  O Mais Estranho De Tudo:

Nenhum  Sinal Sentinela,

Como Se As Duas Panelas

Cozessem  Um Só Conteúdo:

 

84-   E  Quase Todos Estanques...

Gato-Pingado  À Batalha...

 Mais Ninguém Moveu Uma Palha

Por Lanceiros E Infantes...!

 

85-  Paralisados De Medo,

Pela Repente Refrega....???

Ou Foi Um Teatro, A Trégua

Pra Nos Levar Ao Degredo...???

 

86- Foi Aí Que Gavião,

Ordenou A Retirada,

Resistir Daria Em Nada,

Seria A Total Extinção:

 

87-  Dar Vasão Ao Inimigo,

Junto Ao Seu Plano Macabro:

 Levar A  Matança A cabo,

Com  As Sobras Pra Escravidão...

 

*Rimas De Extremos.

 

88- Sobrevivos  Que Fugiram:

Vendo O Fim Na Emboscada

Guardando-se Em  Retirada:

Em Estratégia Partiram.

 

89- Há Quem Fale Que“O Império,

Em Porongos Quebra Os Dentes,

Armou Extinção Total,

E Deparou-se Com Valentes”!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

90- Emboscada  Em  Pleno Sono:

Levantam E Lutam Igual,

Com Valentia Em Caudal,

Sem Jamais Perder O Entono!!!

 

91-   As Proporções Desmedidas,

O Ataque Na Madrugada,

Infantes Mãos Desarmadas,

Resistem Com A Própria Vida”!!!

 

92-   Pelearam Com As Próprias Mãos,

Tomaram Armas Alheias,

O Mesmo Sangue Das Veias,

Dos Imperiais Foi Ao Chão”!!!

                                                                                                             

93- E Os Lanceiros Despertados,

Com O Horror Da Gritaria,

Ribombar,  Fuzilaria:

É O Aço Fazendo Estragos.

 

94- Em Socorro Aos Companheiros,

Deixaram Um Aviso Claro:

Mesmo No Sono Sai Caro,

Atocaiar Os Lanceiros.

 

95-  Então O Barão Matreiro,

Pra Dar Conta Do Recado,

Pegou O Seu Pau Mandado*

E O Fortaleceu Primeiro”

 

*Moringue. Sub Comandante Do Barão De Caxias.

Ninguém acredita que foi apenas dele a ideia de atacar Porongos em plena tratativas de paz: A ordem veio do Barão, ou conluio com Zé Martin.

 

96-  Convocou Os Seu Parceiros,

Preparou Todas As Tropas,

Deu Um Tempo Pra Galopa,

Pra “Reavaliar”  Os Lanceiros.”!!!

 

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

97- Sob A Maioria Dos Mortos,

Feridos E  Aprisionados,

Foram Infantes Desarmados,

Que Tombaram A Campo Aberto.

 

98- Restou Cerca De  Duzentos,

E Todos Lanceiros Negros,

Ogum Lhes Desce Em Unguentos 

E Lhes Ilumina Em Carregos.

 

99- Lhes Devolve A Segurança

Que Agora Sabem Da Trama,

E O Deus Da Guerra Lhes Clama

Vida Por Vida Em Vingança

 

100- Partilhando O Mesmo Prisma,

Vão Se Acordando Em Entono,

O Moral Volta A Ter Dono,

A Tal Ponto Em Força E Cisma.

 

101- Que O Povo Negro Levanta,

E Acendem Grandes Fogueiras,

Batucam  Canções Guerreiras,

Tambores, Cantigas, Danças:

                                                                                            

192- Guerreiros Renascem Em Transe:

A Visão Que Se Clareia,

A Justiça Que Os Norteia:

Que Jamais Cesse E Descanse.

 

103- Vão Baixando Os Orixás,

Numa Orientação Final:

Visam Um Combate Mortal,

Contra O Mal Que Ainda Virá.

 

104- E O Mundo Aiê* Vai  Girando,

A Transcender Os Sentidos,

E Em Transe Cantam Imbuídos:

Que  O Mundo Orum* Está  Esperando*

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

* Mundo Físico

*- Mundo espiritual..

* Os relatos da batalha do Chasqueiro; o derredeiro confronto a campo aberto entre iimperais e  (Lanceiros Negros), são feitos por imperialistas.

Muitos lanceiros sobreviveram, mas não há relatos por historiadores,  nem por jornalistas da época, sobre seus depoimentos do combate. No caso de Caldeiras; os relatos são direcionados para  a descrição da elite: os líderes  da campanha.

No Próximo Livro – Chasqueiro  -  Gavião E Os lanceiros Negros – Vamos, através de análises de  relatos e dados  deixados pelos vencedores,  mostrar através da poesia; as contradições, e que, a batalha não foi e, esteve bem distante da versão que,  os Imperialistas “vencedores” nos contaram.

 

 

          

 

 

 

 

 

 

                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Resgate

 

 

Capítulo XXVII

 

01-  Duarte Logo Retorna

Pra Buscar A Sua Amada,

E Retomar A Jornada,

Que Às Vezes A Sorte Entorna.

 

02-  Então Seguem  Pras Cacimbas:

A Pousada Dos Tropeiros;

Lugar Que Virou Povoeiro;

Vilarejo, Casas Lindas.

 

03-  Entre O Cerro Dos Cachorros

E A Cerra Das Asperezas;

 Relevos, Campos,  Belezas

Lagoa Negra E Os Morros.

 

04-  Sombras De Belas Figueiras

Pra Acampar E Descansar.

O Gancho Armado, A Fogueira

Pra Aquecer E  Cozinhar.

 

05-  Por Do Sol, Anoitecer;

É Quando Todos Acampam,

Pra Não Se Perder Na Pampa,

Em Busca Do Amanhecer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

06-  Então Francisca E Duarte

Com João Pontes; O Ferreiro,

 Zé Manoel; O Carpinteiro,

Argumentam Entre Apartes:

 

07-  Discussões Republicanas:

Sonhada Resolução,

Que Faria A Abolição:

Traída Por Gente Insana..

 

08-  Liberdade A Céu Aberto:

A Todo Aquele Escravizado:

Lanceiros Multiplicados

Em Lugar E Tempo Certo.

 

09-  Solução Com Os Critérios,

Que Venceriam A Guerra,

Libertando Povo E Terra,

Das Mãos Tirana Do Império.

 

10-  Imensurável Tesouro,

Defendendo A Liberdade:

Vendido Em  Legalidade,

Por Poucas Moedas De Ouro:

 

11-  Pra Quem Não Tem Empatia,

Em Seu Sentiments Bronco,

Não Vê Flagelos No Tronco;

Nem Na Senzala Agonias...!!!!

 

12-  Só Enxergam Diferenças

Quando Lhe Mexem Nas Rendas:

Baixando Estoque Em Dispensas:

Custos Em Gados, Fazendas:

 

13-  Todo O Resto Que Se Dane,

Seja Bicho, Ou  Seja Gente:

À Miséria  Indiferentes:

Mesquinhos Se Achando Grandes...!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14-  Nada Mais Tinha Importância:

Já Estava Morta A República

Os Ideais, As Metas Lúdicas

Sobrou Só Uma Grande Estância

 

15-  Aqueles Homens Mais Sérios:

Derrubados Um A Um,

Por Uma “Ideia  Comum,”

Que Imitaria O Império.

 

16-  E Outros Tantos Reunidos,

Cada Um Com Suas Memórias,

E Contam Lindas, Histórias.

Lhes Provocando Os Sentidos.

 

17-  Longos Causos Nas Paradas;

Desde As Antigas  Lendas,

Campos, Vales, Cerros, Fendas,

Luz Do Dia, Madrugadas:

 

18-  Mãe Dou Ouro - Boi Tatá,

O Canto Do Urutau,

Salamanca Do Jarau:

A Princesa Tainaguá.

 

19-  E O Medo De Assombração:

Taperas, Portões Rangendo,

Miragens,  Gente Gemendo,

Brigas De Adaga E Facão.

 

20-  E As Histórias De Sepé,

A Resisistência Missioneira,

Emboscadas Das Bandeiras,

A Lenda  De  M’Bororé .

 

21-  O Cavalo Asselvajado,

Que  Nunca Aceitou Arreios.

Negrinho Do Pastoreio,

Que Nele Passou Montado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

22-  Então Descansam Pro Jogo,

Até O Fim Da Madrugada,

E Acordam Pra Nova Estrada,

Atiçam De Novo O Fogo.

 

23-  Água Pronta, Amanhecer:

Nas Mãos A Cuia Riuna,

Amarga Erva Caúna*

E A Cana Oca  A Sorver.

 

*-Erva Muito amarga que nos tempos te escassez, é usada pura, ou misturada a erva mate.

 

24-  Levanta O Acampamento,

De Novo Seguem Viagem,

Num Doce Mundo Selvagem,

Liberdade E  Sentimentos.

 

25-  Reboleiras De Arvoredos,

Nos Caminhos De Passagem,

E Alguns Cavalos Selvagens,

Fugidios Junto Aos Lajedos .

 

26-  Coxilhas Que Aos Olhos Cabem,

 As Pedras Sara-Picadas,

Relevos, Vales, Canhadas,

E As Planuras Que Se Abrem.

 

27-  Bela Vista Pros Confins,

Veredas Em Caminhadas,

Sede Ao Frescor Das Aguadas:

Grandes Várzeas Da Mirim.

 

28-  As Planuras Que Se Estendem

E O Dia Vai Se Curvando

                                        O Sol No Arco Quedando

                                        Nuvens Em Chamas O Prendem

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

29-O Pampa De Ponta A Ponta

Luz Que Se Estende Aos Pastos

Mundo Grande, Trilho Vasto

Pássaros, Bichos, E Plantas

 

30- Se Embrenham  Nos Horizontes

Na Tarde Que A Noite Ronda

À Frente O Brilho Das Ondas

Atrás O Sol Cai Nos Montes

 

31- Mais Uma Noite Acampados

Estrelas No Céu Em Chamas

Que A Lua Cheia Se Inflama

Num Horizonte Incendiado

 

32- Encantos Que Céu Em Salvas

Espelha Belas E Nuas

A Oeste Brilhando A D’alva*

E A Leste Surgindo A Lua

 

*Entre Novembro e dezembro a estrela D’Alva surgi

no início da noite a oeste.

 

33- Revoam Nos Pensamentos

As Lembranças De Porongos

Bacuraus E Curiangos

Cantam Na Noite Em Lamentos

 

34- E A Alma Que À Noite Voa

Em Sonhos Nas Pradarias

Coxilhas E Serranias

Suspiros Que O Sono Entoa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Estrada

Duarte E Francisca



 

Capítulo XXVII


01- Francisca E Duarte Adiante,

Livres Das Obrigações,

Nos Confins De Um Mundo Errante ,

Sonham Com  Outros Rincões.

 

02- Outro Ponto De Partida,

 Talvez O Velho Endereço

Onde Se Encontra O Começo

E Lá Retomar  A Vida.

 

03- Lugar Que Seja Capaz,

De Conforto E Segurança,

E Possam Em Missão De Paz,

Louvar Sonhos, Esperanças...

 

04- As Imagens Vão Revoltas,

A Vida Dura Empregada,

A Luta Que Deu Em Nada,

Qual Folhas Aos Ventos, Soltas...

 

05- Ideias Esvoaçantes,

Giram Em Redemoinhos,

Juízos Julgam Caminhos,

Os Pensamentos Distantes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

06- Em Seus Corações Teatinos,

Qual Quem Se Perdeu Do Lombo,

E Se Levantou De Um Tombo,

Buscando Um Novo Destino:

 

07- Aquele Casal Valente:

Sonhadores, Visionários,

Na Luta Contra O Império,

Por Um Novo Continente:

 

08- Agora De Malas Prontas,

Se Preparam Pra Partida,

Por Mais Um Rumo Pra Vida,

Que O Novo Cenário Aponta.

 

09- Depois Da Guerra, A Estrada,

 Volantes Seres Humanos,

Naquele Mundo Pampiano,

Que Os Olhos Perdem Visadas.

 

10- A Pampa A Perder De Vista,

Se Une Ao Céu No Horizonte,

O Verde Com Azul Faz Ponte,

Pra Imensidão Infinita.

 

11- E Sarapintando Os Campos

As Florescências Nativas

Violetas E Sempre-Vivas,

Kelissas Fazendo Manto.

 

12- Dão Partida À Caminhada,

As Carretas Vão Rodando,

O Sol Nascente Buscando,

Muitos Na Mesma Estrada.

 

13- Vai À Frente A Carruagem,

Com Cavalos Puro Sangue,

Pisam Terras Do Rio Grande,

Fazendo A Linda Passagem.

 

                          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14- Desviam-se Por Um Triz

De Topar Com A Baronesa:*

A Tropa Da Realeza,

Dadas À Embocadas Vís*

 

*Alusão A Moringue, Oficial Do Barão.

 

15- Buscam  Mares De Águas Doces,

Gargantas Que Unem Mundos,

E Os Devaneios Fecundos,

Fosse O Futuro Que Fosse.

 

16- Chegam Ao Norte Da Mirim

Canoeiros A Esperá-los

Correntes Do São Gonçalo

A Aventura Busca Um Fim

 

17- Águas Que Cortam Caminhos,

Canoas Deslizam Ondas,

O Vento Que A Vela Ronda,

E A Proa Que Aponta O Ninho.

 

18- E Uma Balsa Passageira

Que Transpassa A Carruagem

Depois Cavalos, Bagagens

E Aquela Gente Guerreira

 

19- E As Carretas Mais Pesadas

Que Vão  Transportando A Changa

Com A Boiada Na Canga

Buscando Vão De Cruzada

 

20- E O Pássaro Companheiro

Que Segue Junto Na Andança

Que Ao Andejar Da Mudança

Vai No Ombro Tempo Inteiro

 

21- O Mascote Reata O Tonos

Penas Das Asas Cruzadas

No Ponto De Revoadas

Embora Atenção Dos Donos

                                                                                                                        

                                                                         

 

 

 

 

 

 

 

22- Mesmo Com Rumo Certo

Atenção Por Todo Lado

Foi Se Parando De Lado

Confiante Sempre Liberto

 

23- Eis Que Um Bando Em Revoada

Pousa Cantando Em Lirismo

Mexendo Com Atavismo

Daquela Alma Extraviada

 

24- Chama  A  Ave Cantadeira

E O Bando Ouvindo Pousado

Lhe Respondeu  O Chamado

Na Copa De Uma Figueira

 

25- E Voando  Lá Pousou

A Tagarelar Com Parentes

Contando A Vida Dolente

E Com O Bando Se Ensaiou

 

26- Livre Então Parte Voando

Sumiram No Horizonte

Se Foi Para Quem Sabe Onde

Francisca Aflita Olhando:

 

27- Se Confundindo Em Sentidos:

Tristeza E Felicidade:

Sorrindo Com A Liberdade

Chorando Ao Tê-lo Perdido

 

28- Melhor Não Olhar Pra Trás

Segue Adiante A Caravana

Terá Uma Vida Pampeana

Liberto Voando Em Paz

 

30- Tem Um  Veleiro No Porto,

Pra Zarpar Na Hora Marcada,

Com A Espera Embarcada,

Os Corações Leves, Soltos.

 

                                                                                                                                                                                             

                   

 

 

 

 

 

 

 

 

31- Junto Ao Cais No Ancorador

Os Cavalos E A Carruagem

São Vendidos De Passagem

Para Um Feliz Comprador

 

32- E Embarcam Naquela Nau

Junto A Muitos Companheiros

Que Vão Buscar Paradeiros

No Rumo Da Capital

 

33- Buscando Estrelas Ao Norte,

Noite E Brisas Velejadas,

Uma Lua Cheia Alçada,

Fazendo Conforto E Aporte.

 

34- Delírios Que Sessam Fráguas

Calmaria Faz Apoite

Estrelas Brilham Na Noite

E Se Refletem Nas Águas

 

35- Que Então Uma Brisa Suave

Vem Rondar A Madrugada

De Novo A Proa Apontada

Despacha O Belo Enclave

 

36- Outra Manhã Se Alvora

Sol Surgindo Soberano

Vem Chegando Do Oceano

Pela Linha D’Agua Fora

 

37- Miragens Se Tornam Fatos

Ondas Bravas, Ondas Mansas

Paisagens Que A Vista Alcança:

Nas Águas Grandes Dos Patos:

 

38- Nosso Doce Mar Do Leste:

Poetas Lavram : -“Lagoa...!”

Afirmam, Doutos: - “Laguna!”.

Coisas De Magos E Mestres...!

 

                                                                                                                                                                                                                                                   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

39- A Costa Toda Dourada

Estrela À Barra Do Véu

Que Inda Não Fez Retirada:

Contrasta Com O Azul Do Céu

 

40- Os Olhos Tateando Alçados

Apalpando Os Horizontes

Ao Longe Surgem Os  Montes

Que O Barco Busca Aproado

 

41- Vai O Sol Subindo A Pino

E Um Leve Vento Nas Velas

Visões Pra Pintura Em Telas

Lembranças Pra Compor Hinos

 

42- Nas Doces Águas Arriba

Orçando Deixam Aos  Ventos:

Lagoa Do Casamento,

Vão Pra Boca Do Guaíba

 

43- A Bombordo Barba Negra,

Itapuã Marca A Boreste,

Brisa Fresca Do Sudeste,

Aos Poucos O Barco Chega.

 

44- Vai A  Oeste O Sol Poente,

O Céu Com Nuvens Douradas,

A Tarde Querendo Entrada,

Em Multe Cores Brilhantes.

 

45- A Barra Do Céu Em Xeque

Cambiando Tons Nas Alturas,

Com Bordados E  Pinturas,

E Raios De Luz Em Leque.

 

46 - Na Colina Entre As Coxilhas,

O Cipreste, A Casa Branca,

De Onde Um Dia Se Levanta,

A Intentona Farroupilha.

 

                                                                                   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

47- Ilhas E Angras Valentes,

Cidades, Praias, Seus Mundos,

Remansos,  Canais Profundos,

Doce E Belo Mar Corrente:

 

48 - É O Velho Guaíba Em Brios,

Que Os Doutos Atestam: Lago,

Que Os Poetas Cantam: Rio,

Coisas De Mestres E Magos.

 

49- Chegam Então Na Capital,

Para Um Transpasse Barqueiro,

Dois Jovens Aventureiros,

Prontos, Há Um Tempo Local:

 

50- Uma Pousada No Porto,

O Barco Fica Ancorado,

Amanhece, O Sol Alçado,

Para Um Passeio Mais Solto.

 

51- É A Capital E Suas Portas,

Ruas, Ruelas, Passagens,

Carros De Bois, Carruagens,

Cavaleiros, Gente Em Volta.

 

52- Não Há Magoas Com A Cidade,

Há Um  Bom Tempo Pra Ficar,

Não Se Furtam De Chegar:

Portam Maleabilidades.

 

53- Pisam À Pedra Do Porto,

Sobem Às Escadarias,

Casario, Calçadas, Vias

Os Olhos Buscam Conforto.

 

54- Francisca Comenta Afagos:

Pelos Jardins De Passagem,

Elogia A Paisagem,

E A Resume Em Seu Amago:

 

 

                                                                      

                                                                                

 

 

 

 

 

 

 

55- É A Velha Capital,

Mui Leal E Valerosa,

Rosa Imperial Atenciosa,

Ao Mandamento Real.

 

56- Duarte Então Passa A Limpo:

Escravismo Intransigente:

Não Seria Diferente,

Com Os Últimos Farrapos .

 

57- Golpearam A Abolição,

Numa Trama Obscura,

Corromperam As Escrituras,

Feriram A Constituição.

 

58- Este É O Ressentimento:

Surge Francisca A Dizer:

Muito Há O Que Se Fazer,

E As Buscas Por Novos Tempos...!!!

 

59- Mansas Águas, Pedra E Cais,

Depois Do Translado Às Tralhas,

Visita A Rua Da Praia,

E Suas Casas Comerciais.

 

60- Sobem A Rua Da Ladeira,

Até O Alto Da Matriz,

Agradecem  A “Madroeira,”

Pelo Dia Azul E Feliz.

 

*Antiga Matriz, demolida para a construção da atual.

 

61- Vão A Casa Do Ouvidor,

Buscando Aconselhamento,

Pra Anistia E Documentos,

Com Registros De Valor.

 

62- Fazer As Compras Formais,

Ligadas A Farmacêutica,

Pras Incursões Terapêuticas:

Prevenções Profissionais.

                                                                                                                                                                                                     

 

 

 

 

 

 

 

 

63- E As Lembranças Da Cidade,

Sua Marca Imperialista,

A Resistência À Conquista,

A Férrea Fidelidade.

64- Duarte Não Perde A Deixa,

E Lembra O Ruim Passado,

O Triste E Amargo Legado,

E Recita Suas Queixas:

 

65- Se A Cidade Resistiu,

Reagiu Se Conservou,

Com Os Imperiais Se Prostrou,

Por Certo Não Nos Traiu:

 

66- Gente Da Nossa Gente,

Aqui Fizeram Roubos, Danos,

E Outros Feitos Desumanos,

Com Mortes A Inocentes.

 

67-  Entre A Tropa Farroupilha

Houve Índoles Assassinas

Que Até Curraram Meninas:

O Povo Fez O Que Podia).

 

68-  Francisca Faz Contra Ponto:

Foram Injusto Com Esta  Gente:

Sem Grandezas Frente A Frente

Nunca Sessou O Confronto:

 

69- Houve As Condenações,

Mas A dor Não Se Acorberta,

Ficou Feridas Abertas,

E Buscaram Mais Sanções.

 

70-  Mas Logo Mergulham Fundo

E O Que Seria Formal

Vai Se Tornando Casual

Em Visita Àquele Mundo.

 

 

                                                                                                                                                                     

 

 

 

 

 

 

 

 

71- O Velho Largo Da Quitanda,

Em Barracas E No Chão,

Produtos De Mão Em Mão,

Ambulantes E Muambas:

 

72- Em Lugar Mais Apropriado,

Que Uma Visita É Preciso ,

No Largo Do Paraíso,

Então Praça Do Mercado:*

 

*- Primeiro Mercado Público De Porto Alegre: Fundação 1842. Inaugurado em 1844, Vai Até 1870,  quando acontece a  inauguração do Mercado Público atual.

 

73- Que Recém Inaugurado,

Tenta Agrupar Os Feirantes,

Mas  Ainda Há Resistentes ,

Dispersados, Contrariados.*

 

* O Primeiro Mercado, De saída já não comportou a demanda de mercadores de ruas.

 

74- Bancas, Quitandas, Cantinas,

Conversas Pelos Balcões,

Borbulhantes Caldeirões,

Mocotós Das Negas Minas.

 

75- Pinga Pura, Peixe Seco,

Quebra Queixo, Rapadura,

Queijo, Mel E Erva Mate,

Frutas, Legumes, Verduras...

 

76- Melado, Pé De Moleque ,

Canjica, Amendoim Torrado,

Com Farinha De Cachorro,

Puxa-Puxa Com Salgados.

 

77- Gamelas, Moringas, Vidros,

Torresmos, “Toicins” E Fiambres.

Charques, Linguiças, Salames,

Pelos Varais Estendidos.

 

                                                                                                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

78- Abóbora E Figo Em Caldas,

Caramelos , Marmeladas,

Doces Com Cravo E Canela,

Merengues E Goiabadas

 

79- Com Populares Alegres,

Beberrões E Cafetinas.

Gente De Nariz Torcido:

Casca Grossa, Cola Fina.*

 

*O Primeiro Mercado Público De Porto Alegre, Nem Bem Fora Inaugurado E Já Era Malvisto Por Policiais

E As Classes Abastadas Da Cidade.

 

80- E A Doçura Das Meninas, *

De Aventais Em Suas Quitandas,

Peles Negras De Aruandas,

Com Quindins E Papas-Finas.

 

*Lindas “Escravas De Ganhos” Vendendo Doces em Tabuleiros (gerando lucros para as patroas).

 

81- Então As Compras Formais,

Ligadas A Farmacêutica,

Pras Incursões Terapêuticas:

Prevenções Profissionais.

 

82- E Deixam A Capital

Chegando A Hora  Precisa:

Que O Apito Da Barca  Avisa,

Mas  Não, Sem Ler O Jornal.

 

83- E Retornam Para O Porto

Embarcam Se Acomodam

As Folhas Do Jornal Rodam

Em Seus Olhos Absortos

 

84- Leem Noticias Da Guerra

Entre Mentiras, Verdades;

A Dor Da Sinceridade

Que Nos Anúncios Se Encerra:

 

                                

 

 

 

 

 

 

 

 

85- Seres Humanos À Venda

Como Fazem Com  Animais:

Mercadorias Casuais

Talhadas Pra Toda A Senda.

 

86- Então Recobram Os Sentidos

À Luz De Toda A  Consciência,

Daquela  Amarga Experiência

De Um Lindo Sonho Perdido.

 

87- E Francisca Por Sua Vez

Falando Sobre A República

E Suas Ações  Orgânicas:

Defende  Com Altivez:

 

88- Concepções;  Liberdades,

Consagrações Em Anais

Rezando Fraternidades,

Que Todos Sejam Iguais:

 

89- Dá-se Com A Constituição,

Ao Abrir Do Regimento:

Com  O  Claro Entendimento,

Condenando A Escravidão.

 

90- Do Contrário, Tudo Igual;

Por Boa Intenção E Sérios,

Não A Diferem Do Império:

É Uma República  Do Mal.

 

91- Duarte  Faz Contrapontos:

Nunca Tivemos  Descanso...???

Sempre Em Guerra E Por Tanto,

Com Razões Em Desencontros

 

92- A Guerra Rude E Tirana,

Barra A  Consolidação:

Meio Estável Pra Razão,

Vir A Ser Republicana..

 

 

 

 

 

 

 

 

 

93- Nunca Houve Um Tempo Estável

Pra Administrar O Estado:

Cidades, Campos E Gados

Com Regime Ponderável.

 

94- Houve Uma Campanha Pública,

Em Nome Da Abolição,

Em Honra  À Constituição,

Glorificando A República.

 

 95 - Lavraram A Resolução:

Mariante; Foi  Redator,

Com  Gavião E Ferrador,

Condenando A Escravidão.

 

96-  No Pleito À  Resolução...

Muitos Dos Velhos Amigos,

Se Tornaram Inimigos,

E Traíram A Abolição:

 

97-  Que Decidiria A Guerra:

Milhares De  Negros Bravos,

Livres De Ferros E Cravos,

Defenderiam Esta Terra.

 

98-  Diz Francisca:  Escuso  Mal:

Ocultou  Os  Traidores:

Vulgachos De  Vis  Valores

Servis À Casa Real.

 

99- Nunca Tivemos Certezas

De Tais Almas Em Tais Corpos:

Demos Pérolas Aos Porcos

Crendo Cultivar Grandezas.

 

100- Duarte Retoma A Prosa

Relembrando Os Mandatários

E Seus Ideais Primários

Pruma República Airosa:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

101- De Início Em Convergência

Todos Em Uma Opinião

Exigiam Mais Atenção

Pra Relegada Província

 

102- E O Horizonte Se Abriu

E Veio A Luz Da Consciência

As Modernas Experiências

Que Um Mundo Novo Pariu:

 

103- A Revolução Francesa,

Liberdade Americana,

E Contra A Exploração Tirana:

Simon Bolivar: A Alteza. 

 

104- Zambecari; O Carbonaro

Que Com Bento Na Prisão

Discutiram A Solução

Prum Mundo Mais Livre E Claro

 

105- E Outros; Um Passo À Frente,

 Com Liberdade Pra Todos

E Igualdade Em Denodos

 Por Justiça A Toda Gente.

 

106- E Os Ocultos Na Esfera

Com Suas Garras Retrateis

Minando Nas Horas Frágeis

Pra Atacarem Feito Feras!!!

 

107- Francisca Então Dá A Deixa:

Nunca Lembrei Entre Nós

De Lançar A  Isto: Vós,

Que Fosse Análise, Ou Queixas

 

108- Também Pudera, Duarte!

Todo Tempo A Nos Sobrar,

Foi Pra Acudir E Curar,

Nunca Buscamos Apartes!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

109- E Quando Era Diferente,

Eram Viagens Pra Cidade,

Com Rigor E Assiduidade,

Pra Atender A Toda A Gente.

 

110- O Sentimento De  Tragédia,

Pairava Em Minha Consciência,

Mas Sem Decantar Em Ciência,

Pra Que Eu Tomasse As Rédeas.

 

111- Duarte Diz Com Ternura:

Não Me Foi  Despercebido,

Senti Com Dor E Contido,

Que Perdia A Guerra Dura.

 

112- Mas Sabe...; Os Sonhos Da Vida...!!!

O Jogador Que Se Engana,

Porque Ainda Tem Ganas,

E Quer Vencer A Partida...!!!

 

113- Francisca Diz: É Qual Doma...!!!

De Um Pégaso Que A Voar,

Jamais Se Deixa Montar,

E Nem Se Prende À Redomas.

 

114-  Qual Lenda De Histórias Lindas:

Que O Domador Quer Montá-lo,

Sabendo Jamais Pegá-lo,

Em Uma Empreitada Infinda.

 

115- Em Fim.., Sobem O Taquari,

Numa Barcaça A Vapor,*

Doçura, Ternura, Amor.

Planos, Trabalho E Porvir.

 

*A Navegação a vapor foi inaugurada no Rio Grande do Sul em 1832 – Porto Alegre –Taquarí..

 

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                            

 

 

 

 

 

 

 

 

116- À Sombras Das Embaúbas

Capivaras  Nas Barrancas

Curicacas, Garças Brancas...

Nas Margens, Nas Timbaúvas

 

117- Bem-te-vis e Pombas-Rolas

Gralhas Azuis E Graúnas

Saracuras, Garças Mouras

Maguarís, E Guaraúnas

 

118- Cisnes-De-Pescoço-Preto,

 E Gansos Capororocas,

Seriemas,  Maçaricos

Quero-Queros, Maritacas. 

 

119- Lontras, Iraras, Quatís

Cervos, Pororós, Virás

E Gatos Maracajás,

Mouriscos-Jaguarundis

 

120- Cedro Rosa, Angico Branco

Cabriúvas, Maricás

Ipês-Rochos, Amarelos

Huvás -Vermelhos,  Ingás

 

121- Tarumãs E Canjeranas

Canelas Pretas, Tapiás

Aroeiras, Indaiás

Maracujás, Cramuxamas*

 

123- Ramadas Sobre Remansos

Os Frutos Maduros Caem

E Os Peixes Que Saltam D’Água

Sentindo  O Cheiro Que Atraem

 

124- Águas De Acarás Azuis,

Traíras E Grumatãs,

Dourados, Pintados, Brancas ,

Violas, Piavas,  Birús.

 

                                                                      

 

 

 

 

               

 

 

 

 

125- Casas Grandes E Senzalas

Gadarias E Campeiros

 Lavouras E Plantadores

Pescadores, Canoeiros... 

 

126- Os Casebres Ribeirinhos,

Afluentes, Mananciais,

Mulheres Lavando Roupas,

Coradouros E Varais.

 

127-Chegam Então A Velha Terra,

Que Um Dia Se Enamoraram,

E Então Felizes Viveram,

De Onde Partiram Pra Guerra.

                                                       

128- Reconstrução Da Morada,

Pomar, Canteiros, Cercados,

Velhos Amigos Deixados,

Por Crença, Razão E Estrada.

 

129- Perdão Com Sinceridade:

Profunda Amizade Emana,

Amor  Incondicional,

Em Linda Odisseia Humana.

 

130- No Vale Do Taquari

Entre Amigos Nas Ramadas:

Rodas De Causos, Chegadas,

Prazer De Estar E Existir.

 

131- E Refizeram O Jardim,

E Replantaram As Roseiras,

Os Pêssegos E As Videiras,

As Camélias, Os Jasmins.   

 

132- O Verde Gramado À Frente

A Varanda Pras Mateadas,

Com Vista Ampla Pra Estrada

Onde |Passa Toda Gente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

133- E A Pequena Biblioteca

Pras Reflexões Sociais,

Políticas E Culturais

Com Gente Culta E Discreta

 

134- Clássicos, E Semanários

E Os Livros De Medicina

Pra Cumprir A Nobre Sina

De Análise E Receituário

 

135- E Um Rousseau Como Relíquia,

Qual O Livro Sem Igual:

O Contrato Social:

Pra Inspirar À República

 

136- As Vezes Com Os Amigos,

Velhas Histórias, Relatos,

Discussões Sobre Um Artigo

Um Bom  Vinho, Um Bom Prato

 

137- Em Outras Vezes, O Abrigo

Pra Quem Lhes Chega Enfermo

Sem Cobrar, Nem Impor Termos,

Sem Ver Se É Joio Ou Se É Trigo    

 

138- Semeando Curas E Paz,

O Tempo Planando Atalhos:

Leves, Mansos Quais Orvalhos,

Pra Quem Gosta Do Que faz.

 

139- Duarte Zeloso, Sabido:         

Dá-se Ao Oficio Com Ciência.

Francisca Com Experiências

Segue As Noções Dos Sentidos.

 

140- E Se Dedicam Um Pro Outro

Em Carinhos E Penhores:

Se Entregam Apaixonados

Em Longas Sendas De Amores:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

141- E Amigos Em Serenatas:

Conversar, Beber, Cantar:

Alegrias Em Sonatas

Fazendo O Dia Raiar.

 

142- E Seguiram Lado A Lado,

Cada Um Com Sua Lida,

Reunidos Nas Urgências,

Confundindo-se Com A Vida .

 

143- O Médico Em Seu Destino:

Cirurgião E Farmacêutico,

Receitando Faz Remédios,

Em Ensaios Terapêuticos. 

 

144- E Francisca..., Sempre Alerta,

Dia Abrasador, Ou Frio

Choças A Beira Do Rio

Ranchos Em Várzeas Abertas

 

145- Às Madrugadas Despertas

Faz O Que Sabe Fazer:

Socorros Nas Horas Certas,

Com Zelos E Bem Querer.

 

146- Conhecedora De Curas,

De Todo Modo Que Havia.

Estende As Mãos Com Candura,

Contra Dores E Agonias...!!!

 

147- E Vive  Em Alma Crescente

Socorrendo Os Precisados

Confortando Toda A Gente

Em Um Sonho Obstinado

 

148- Chegando A Hora Certeira,

Mulheres A Esperam Ávidas,

Em Seus Ventres Estão Grávidas,

Querem Suas Mãos Parteiras.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

149- São Os  Filhos Do Atelier

De Seus Anseios Profundos

Os Adotou Em Seu Mundo

Para O Que Der E Vier

 

150- E Os Segue Em Suas Vidas,

Com Seus Cuidados Metódicos,

Em Seus Passeios Periódicos,

Fazem Parte Da Sua Lida.

 

151- Parece Nunca Dormir

Parece Nunca Cansar

Com Magias A Sorrir

Sempre Alerta A Confortar

 

152- E As Lembranças De Dandara

Coisa Mais Doce De Ter.

Podem Nunca Mais Se Ver:

Francisca Conta Se Dera:

 

153- Vivendo No Mesmo Chão,

Em Saudades Convergentes,

Mas Em Mundos Divergentes,

Uma Em Cada Dimensão:

 

154- Quais Carinhos  De Seu Pássaro,

Que Livre Partiu Voando,

Seu Amor Pra Trás Deixando:

Qual Um Belo E Meigo-Bárbaro. 

 

155-Riso Largo, Olhos Tristes

Pra Encantar Reis E Peões

Magia Pura Que Insiste

Conquistando Corações.

 

156- Qual Borboleta Voando:

As Casas Escancaradas,

Quais Flores Desabrochadas,

Com Alegria A Esperando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

157- As Vezes Volta Aos Campos

Com Sentidos De  Criança

Em Atavismos E Heranças

Seus Olhos Colhendo Encantos:

 

158- Lantanas, E Açucenas

Lírios Brancos E Escalônias

Bem Me Queres E Velames

Tulipas E Angelônias....

 

159- Nunca Soube Por Que É Linda

Não Sabe E Nem Saberá

É Linda Porque É Linda

É Um Sonho A Revoar...!!!

 

160- Não Pisa: Paira No Ar

Não Anda: Plana Sonhando:

Em Socorros Levitando,

Veio Ao Mundo Pra Curar.

 

161- Em Seus Matinais Asseios

Confunde  Encantos, Belezas

Refletindo A  Natureza

Em Seus Olhos No Espelho:

 

162- Se Vê Em Luzis De Auroras,

Em  Nuvens Ao Sol Se Por,

Águas, Brisas, Bichos, Pássaros...

Campos, Matas, Mundo Em Flor...,

 

163- Se Vê Em Chuvas De Estrelas

Planetas, Constelações

Em Halos E Arco-íris

Se Transcendendo Em Paixões

 

164- E Esconde-se Qual Um Céu:

Que Se Vê, Mas  Naõ Existe.

Revela-se Qual A Brisa:

Que Existe, Mas Não Se Vê.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

165- E Se Chega Qual Fragrância,

Que Envolvem Sem As Licenças,

E Encanta Com Sua Presença.

Qual Magias Na Infância.

 

166- Faz Visitas De Surpresas,

Promove Felicidades,

Serenatas Com Amigos,

Pelos Campos, Na Cidade...

 

167- Em Uma Noite, Altas Horas:

Lembrança, Silêncio Longo,

Duarte Indaga Francisca,

Sobre A  Emboscada Em Porongos:

 

168- Francisca,  A Sério, Me Diga,

Sem Meter-me Em Tua Vida;

Zé Martim Fugiu Da Briga,

Sem Destino E Sem Guaridas...???

 

169- Diz Francisca: Estava Escuro,

Me Acordei Com O Griteiro,

Tiros, Tinidos De Aços,

E Ele Saindo Em Desespero...!!!

 

170- Então Duarte Considera:

- Há Perguntas E Opiniões,

Taxam Ele E De Oliveira:

De Traidores, Vendilhões...!!!

 

171- Há Uma Carta Circulando,

Propagada Pelo Império,

Qual Um Danoso  Inventário,

Acusando Os ‘Querumanos’.

 

172- As Conversações Pra Paz...

A Ilusão Da Liberdade...

Cativando Os Lanceiros...

Dissimulando A Verdade...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

173- Traidor É Assim Mesmo

Nos Abraça,, Beija O Rosto...

Mas É Difícil Acreditar,

Porque É Imenso O Desgosto...!!!

 

174- Não Há Réguas Pra Medir

A Maldade De Tal Ato:

É Além De Matar A Fome

E Depois Cuspir No Prato:

 

175- Pior Que O Fazem Com  Bois:

Que Sofrem  Anos Na  Canga,

Depois De Velhos Cansados,

No Palanque O Dono Sangra.

 

176- Me Compadeço, Ternura

Foste  Triste Em Teu  Romance...!!!

Francisca Não Perde O Lance

E Lhe Responde À Altura:

 

177-  Também Puderas,  Amor,

Eu Sofrendo Em Pleno Estio,

Me Deixaste A Ver Navios,

Foste Regar Outra Flor!

 

178- Em Nosso Mundo Abstrato,

Todos Nós Temos Tesouros,

Brilhando A Diamante E  Ouro,

Que Machucam Se Mostrados.

 

179- E Cada Ente Tem Contido;

Menor, Ou Maior Degredo:

Revelados Tais Segredos:

Divertem Os Inimigos.

 

180- Duarte: - Dura Experiência:

Quem De Mulher Linda E Quente,

Que Esteja Sempre  Presente,

Pra Não Perdê-la Na Ausência...!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

181-Muitos De Encontro Ao Embate

Dilaceram Suas Memórias

E Avaliando Suas Histórias

Preferem Viver No Empate

 

182- Há Risos Entre O Casal

Que Se Entendem Se Olhando

E Continuam Investigando

Pra Um Argumento Cabal:

 

183- Voltando A Falar Da Guerra:

Não Há Primeira Intensão:

Tudo É Forja Pra Ilusão,

Conquistando Povo E Terra...

 

184- Diz  Francisca: A Carta É Vaza

Da Malévola Ciência,

De Arquitetar Divergências,

Em Meio A Terra Arrasada..!!!

 

185- Ou Até Mesmo Apontar,

Os Comparsas Da Traição,

Pagar Com  Difamação:

Tudo Vale Pra Guerrear.

 

186- Se Foi Ele Um Traidor,

Foi  Dobrada A Ironia:

Se Aterrou Com O Agressor

E Com Própria Covardia

 

187- Mas Se Ele Não Foi Culpado,

Sabemos  Quem É Capaz:

De Matar Gente Dormindo,

Qual  Filho De Satanás.

 

188- Tem Uma Nuvem Pairando

Entre A Mentira E A Verdade:

Quem Ganha Com Tudo Isso...???

E Qual A Finalidade...???

 

 

 

 

 

 

 

 

 

189- É Pra Viver Indagando...!!!

E Agora A Outra Versão:

Quem Perde Com Tal Ação...???

Qual  Alvo Do Memorando...???

 

190-  Duarte Buscando Alçadas

Com Calma Encontra  O Juízo

Então Responde Preciso

Descrevendo A Emboscada:

 

191- Porongos É Um Novoeiro,

De Assassinas Brancas Sombras:

Negro Que Não Foge; Tomba,

Ou Regressa Ao Cativeiro.

 

192- Acertos De Aristocratas

Com Garras E Olhos De Corvos...???

Servem-se Na Hora Ingrata,

Depois Os Fazem De  Estorvos...???

 

193- Francisca Atenta Responde

Em Observações Finais:

Farrapos E Imperiais

Se Igualaram No Fronte

 

194- Negócios E Exigências;

Acertos De Igual Pra Igual:

Contraste Ao Campo Oficial,

Das Revoltas Da Regência:

 

195- Líderes Malês,  Cabanos,

Balaios,  Sabinos Mortos /

Farrapos Em Altos Postos.

Galgam O Império Tirano:

 

196- As Elites E O Tratado:

Indenizações E  Apartes:

Privilégios..., E O Descarte,

Dos Guerreiros Estropeados

 

 

 

                                                              

 

 

 

 

 

 

 

197- Duarte: - Teatro Montado,

E Uma Cortina Final,

Faz Sombra À  Prova Cabal...!!!

Confunde O Ato Encenado.

 

198- Logo Adormecem Cansados,

Pra Levantarem Na Aurora,

Cheiro De Café Aflora,

Com Pão De Trigo Sovado.

 

199- Na Estrebaria La Fora

Bom Cavalo Bem Cuidado

Dono De Um Trotar Dobrado

Pra Urgência A Qualquer Hora

 

200- E Um Coche Já Preparado:

Seguro E Leve Qual Pluma,

Que A  Enfermeira Assenta E Ruma

Fascinando Os Precisados.

 

201- E Segue Maria Francisca,

Do Alto De Seus Trinta Anos,

Cultivando Nas Paisagens,

O Que Há De Mais Belo E Humano.

 

202- Perpassa Semeando Encantos,

Por Toda A Comunidade:

Qual Um Luminoso Manto

 Inspirando  Fraternidade.

 

203- No Outono, As Tardes Mornas,

Os Olhos Clareando O Dia,

Tão Bela Quanto As Auroras,

Incendiando As Fantasias.

 

204- No Inverno, A Brisa Em Apelos,

O Barrete,  O Cachecol....,

Gosto E Gestos Requintados,

Brilhando Qual  Luz Do Sol. 

 

 

 

 

 

 

 

 

205- Nas Manhãs De Primavera,

As Receitas, Os Conselhos

Gardênia Em Flor Nos Cabelos .. ... ...!!!

De Toda A  Mulher..., O Espelho... ... ...!

 

206- Nos Verões, Ombros À Mostra*,

Levando Alento Ao Rebanho

Nobre E Linda, Linda, Linda...!!!

De Todo O Homem..., O Sonho...!!! 

 

*- Periodo Vitoriano: As Mulheres usavam degotes que, deixavam ombros, parte dos seios e das costas à mostra.

 

 

 

    

                      Fim

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Notas Finais


Durante A Guerra


   1ª-  Entre As Poucas informações que ficaram sobre a vida de Maria Francisca depois da guerra, há um registro interessante. Segundo a historiadora Helma S'antana, sobre Maria Francisca e seu esposo, o médico Duarte, que a historiadora o classifica  como: Buticário e Cirurgião.

 

 Trechos de seu depoimento registrado por taquígrafos  sobre a personagem: 

 

Elma Sant'ana: - "Ela existiu, não é uma ficção. O que sabemos dela? Passou para a história como uma personagem  ridícula num mundo de homens. O que sabemos do seu sofrimento, das suas angústias?"

 

Elma Sant'ana: -O que representou Davi Canabarro para a Maria Francisca Duarte, apelidada de Chica Papagaia porque seu marido era o boticário da tropa e carregava uma gaiola com um papagaio.

 

Elma Sant'ana: Maria Francisca nasceu em Santo Antônio da Patrulha e havia conhecido David Canabarro na juventude, durante uma licença militar em que ele foi para Taquari. Ela é descrita como uma pessoa muito interessante, uma morena que era muito bonita e sensual. 

 

Elma Sant'ana: -     Muitos anos depois – em 1844 –, o general reencontrou-a acompanhando as tropas com seu marido, que era um boticário transformado em cirurgião. Esse homem também existiu. Sei que se chamava Duarte, porque tenho a certidão de quando os dois morreram em Taquari. Ele era carioca; veio para cá e casou-se com Maria Francisca. 

 

Elma Sant'ana   -  Considero Maria Francisca a personagem mais polêmica e mais desafortunada de toda a história da nossa guerra. Consta dos livros que Canabarro, quando suas tropas foram atacadas, estava na barraca com a papagaia, que estava entretendo o general – essa é a expressão que utilizam.


Elma Sant'ana   -         Conforme o que está escrito, quando foram atacados o general  fugiu de ceroulas, batendo com a bainha nas suas indecentes roupas.

 

Elma Sant'ana: - Depois, então, ficam esses 300 prisioneiros, sendo que Duarte e Maria Francisca, sua mulher, são encontrados e também feitos prisioneiros. Quando Moringue toma conhecimento de que se trata do cirurgião de Canabarro, decide soltá-la, para que vá cuidar dos seus feridos.

 

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA Painel sobre a Revolução Farroupilha Assunto: Historiografia da guerra farrapa Porto Alegre - 15-09-2008 32 Duarte. 

 

 

 

 

 

 

 

Depois Da Guerra

 

  2ª-      Na verdade, depois da guerra, passou-se mais 50 anos sem se saber de Maria Francisca Duarte, até sua morte. Então, em 04 de outubro de 1894, quando o jornal de Taquari noticia seu falecimento aos 81 anos. Segundo A Historiadora Helma S'antana;  assim como na guerra, continuou com seu marido Duarte medicando e cuidando de feridos e doentes.

 

Elma Sant'ana -   "O casal não teve filhos, e as pessoas ignoram que, junto com o marido, ela cuidou muito dos feridos". 

 

Elma Sant'ana -  "Quando ela morreu, teve esse obtuário enviado para o escritor (ininteligível). José Maciel Júnior, na página 2 de uma das edições do jornal O Taquariense, fala dessa carta".


Elma Sant'ana - "O falecimento de Maria Francisca foi registrado no jornal de Taquari".

..."com suavíssima agonia, que só os limpos de coração na hora extrema do passamento, adormeceu no seio do Senhor em 4 de outubro –, tendo em vista que se tratava de uma pessoa extremamente importante para a comunidade".


 Elma Sant'ana -
 "Ela foi caridosa e cuidou de velhos e crianças. Quando morreu, colocaram, em seu túmulo, a inscrição: Passou fazendo o bem.  Ela Passou uma vida cuidando destas pessoas na comunidade. e foi bastante estimada". 

 



Elma Sant'ana -
"Maria Francisca Duarte faleceu em 4 de outubro de 1894, aos 81 ano. Existe esse documento enviado por um professor de bastante renome". 

 

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA Painel sobre a Revolução Farroupilha Assunto: Historiografia da guerra farrapa Porto Alegre - 15-09-2008 32 Duarte

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Notas Do Autor

 

3ª)- O Capitulo XI ( Noite Das Lobas ), é Feito Inteiramente em homenagem a os Povos Indígenas que colaboraram com a guerra dos Farrapos. Segundo alguns historiadores, a maioria dos guerreiros indígenas levavam suas mulheres para a guerra e, entre eles, o sexo era encarado como coisa muito natural: Como comer quando tem fome, como beber quando tem sede. E Não havia muito problema quando o guerreiro voltasse a sua tenda, e sua mulher estivesse fazendo sexo com um amigo seu...! O máximo que ocorria, quando a coisa estava demais, precisamente era alguma coisa do tipo: - “Pô, tô afim de entrar descansar, fazer amor contigo, e este Guapo não desgruda!!! Manda ele ver se tu não está  lá atrás da linha do horizonte”!!! E Alinha Do Horizonte no Pampa é longe!

 .    

 

         Nota Final Do Autor: - É Provável que, não tenha acontecido nada de mais entre Francisca e o comandante. É possível que ela tenha sido convocada a entrar algumas vezes na barraca de Canabarro - que deveria ser portentosa e espaçosa por ele ser o Supremo oficial - para tratar à ordem do dia, ou coisa parecida. O que bastou para um mundo vitoriano cheio de preconceitos e mesquinharias  desabar sobre ela. Se o sexo aconteceu na ausência do médico seu marido, é provável que o dilema não tenha sido muito diferente do que aqui é escrito. Pois muitos testemunhos acusam a paixão de Canabarro por Maria Francisca, e alguns chegam a dizer que, se não fosse a atenção exagerada que Canabarro dispensava a ela, o massacre não teria acontecido. Historiadores e comentaristas posteriores a guerra (que não estiveram presente), dizem que o romance foi uma desculpa de Canabarristas para mascarar a traição! 

           No Ápice da revolução, ou guerra (segundo a visão de cada autor),  haviam centenas de mulheres acompanhando as tropas. Era um mundo errante, com sua cultura própria, com muitos  casais, com  suas festas comemorativas às vitórias, com muitas mulheres, etnias diferentes que os oficiais separavam ao acampar, mas que se relacionavam em profusão com  jogos, treinamentos para confrontos, músicas, comercio de sexo, saques ao inimigo e tudo mais e, que nos dois últimos anos vivia sob tensão máxima acossados por Imperiais por todos os lados. ...!!! 

 

 

 

                                        Fim

 

                       

                              23/03/2022

 

 

 

 

 

 

 , * Notas Do Autor II:  - Barão De Caxias - Veio com a missão de implantar semeadores de discórdia e espiões entre o exercito farroupilha e acabar com a guerra a qualquer custo.

Para este sujeito que, escravos negros não passavam de animais de carga, não é difícil imaginar ele usando os desejos de paz de Canabarro e Lucas de oliveira, e por conta disso, exigir desarmamento como prova de fidelidade a o plano para o tratado.

Isto, para pega-los despreparados e extinguir os lanceiros negros que, para o Império escravocrata, a condição de liberdade destes escravos, imposta pelos Farrapos,  era o único empecilho para paz porque lhes impunha medo de uma rebelião geral.

No entanto, entre Caxias e Canabarro – desde uma carta  de guerra  “secreta” - que estranhamente vagueou de mãos em mãos - ao desarmamento dos farrapos, tudo é suspeito.

 * Notas Do Autor: - É Preciso Lembrar que, assim como Canabarro ansiava pela grandiosidade de um tratado de paz entre a federação e a república (a qual para o Barão nunca existiu), legitimando com isso, a existência da Republica Rio-grandense - pelo menos por quase uma década - e claro, pela glória de assiná-lo -  o Barão por sua vez como imperialista, ansiava por maiores poderes e graduações hierárquicas: (Brigadeiro logo após a vitória contra as revoltas liberais em São Paulo), postos políticos (Senador e Governador de Província logo após a vitória contra os Farrapos),   títulos nobiliárquicos  maiores junto ao Rei, como no caso, Barão (logo após suas primeiras vitórias no Nordeste), Conde, Marquês e Duque, (que finalmente conquistou logo após a Vitória contra o Paraguai).

  Se aceitasse assinar a liberdade dos lanceiros, não sairia tão vitorioso assim do Rio Grande, coisa que era contra seus interesses pessoais de prestígio  junto a Corte. Quem Conhece como historiador, a ambição humana, de gente escravagista e de cunho totalitarista monárquico, acostumados ao glamour na corte recebendo títulos junto a família real, sabe que, com o Barão, não seria diferente.

       Com Canabarro, há acusações  de incapacidades em algumas batalhas, além da incógnita carta falsa e ao mesmo tempo verdadeira; ficam acusações que: gostava de dinheiro, gosto que levantou suspeita de  vendilhão e, a suspeita de conivência com o Barão na mentira que a  paz tinha chegado, para pegar os farrapos desprevenidos  e desferir o Massacre de Porongos e, ter impedido o General Da Silveira de socorrer os Lanceiros em Porongos, e o mais grave: ter enviado os sobreviventes Lanceiros Negros a uma                                                                        missão altamente temerária onde a tropa acabou por ser extinta completamente pelos imperiais. Sua Missão na República, estava longe de ser republicana e abolicionista; era escravista e imperialista e mantinha a guerra com interesses pecuniários, e claro, exibir resistência em busca de um final , pelo menos de igual para igual, porque do contrário, os lideres sofreriam pena capital, como aconteceu

com todas as rebeliões naquela época do Brasil Império. Realmente, houve um final honroso, tanto que, foram  anistiados e (o império não os perdoariam e, os levariam à forca, ou  ao fuzilamento como fez com todas as lideres de rebeliões da época),    o império acabou no final ressarcindo os gastos e dívidas de guerra da elite farroupilha e os integrou ao exercito imperial,  mantendo suas patentes: o que não foi o bastante para livrá-lo da acusação de traidor.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

 

  

 
                                                      25/06/2020 - Eldorado - RS

 

 

 E-mail Do LerioIvkussler@gmail.com

 

 Meu E-mail: Otacilio.meirelles@gmail.com

 

 

 







 

 

 

 

 

Músicas clássicas para estudar, trabalhar, ler, descontrair e relaxar!

https://www.youtube.com/watch?v=ot2hqe_iYkQ

 

 

The Best of Mozart

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Notas III

 É preciso que se diga que, o (E) em começo de verso, o qual é abominado por alguns poetas, aqui se faz uso com naturalidade. isto porque, é imprescindível em dados momentos, como ênfase, e entendimento do que está sendo proposto, ou se passando. Exemplo: o caso da ligação da quadra 20 com a 21 do Pre Poema (Taquarí 1829). Sem o (E), não se sabe se é o soldado, ou a menina quem “Vai Pra Casa A Pensar”. poderia Ter Usado (Volta Pra Casa A pensar) Ou (Segue Pra Casa A Pensar), Ou,  (Retorna À Casa A Pensar), Ou,  ( Regressa À Casa A Pensar), Foge, Corre, Anda, Voa, Plana..., para mascarar o (E), mas senti que perde a força expressiva em muitos casos!!! Não troco a possibilidade de garimpar psicologia, e pinturas descritivas e suas temperaturas sugestivas, por  exibições de malabarismos com as palavras em cumprimento rígido à forma, a não ser que, o malabarismo seja a derradeira instância necessária para descrever o objetivo poético quando, onde, e como se deseja. Do contrário minha fidelidade estará sempre com o conteúdo em busca do alcance  da estética desejada.